Estava escrito: não haveria Liverpool que pudesse conter o Real Madrid.
O infortúnio do atacante Salah, dois prodígios de Bale e duas barbeiragens do arqueiro Karius protagonizaram a decisão da Champions de 2018
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Real Madrid 3 X 1 Liverpool, o 13º título dos espanhóis, e um legítimo tri. Mais: Zinedine Zidane, o treinador dos “Merengues”, primeiro tri de um comandante em toda a antologia da competição. E também o seu craque CR7, Cristiano Ronaldo, conquistou o tri que já tinham Gento, Alfredo Di Stefano e Zarraga. Na sua pugna de número 153 pela CL, o português ainda se tornou o único astro do Real a disputar todos os minutos de todas as partidas da sua equipe. Derrotados pelos “Reds” na final de 1981, 0 X 1 em Paris, os “Merengues”, daí, com esta, levaram as últimas sete edições em que atingiram uma decisão.
Atingia a marca dos 25’ o cronômetro de Mirolad Mazic, o sérvio que apitou a final desta 63ª Champions League, versão 2018, quando um incidente bizarro começou a modificar, tristemente, o destino da contenda. Numa trivial disputa de pelota, Sérgio Ramos puxou Mohammed Salah por um braço e o adversário desabou no gramado, desajeitadamente. Claro que o capitão dos “Merengues não pretendia lesionar o avante dos “Reds”. Salah, porém, caiu pesadamente sobre o ombro esquerdo e, logo depois, aos prantos, pediu substituição. Pior, ele está fora da próxima Copa do Mundo da Rússia.
Tratava-se, apenas, do astro maior do elenco de Juergen Klopp, um artilheiro capaz de registrar o recorde de 32 tentos em 38 pugnas na Premier League da Inglaterra, e de permitir ao treinador a montagem de um sistema bem ofensivo, praticamente o velho 4-3-3. Um atacante tão importante que, até então, preocupado com as tramas de Salah, o brasileiro Roberto Firmino e o senegalês Mané, o Real Madrid se concentrava na marcação e o Liverpool mandava nas ações. Klopp recorreu a Lallana, da seleção da Inglaterra mas retornado de uma contusão. Os “Reds”, no entanto, acusaram o golpe, refluíram. Os “Merengues” evoluíram. E as ações se equilibraram.
Foi, aliás, curiosamente afortunado, para o Real, e muito azarado, para o Liverpool, o prélio realizado neste dia 25 de Maio, no estádio SC Olympiyskiy de Kiev, Ucrânia, lotado em seus 70.050 lugares. Um dos “Merengues”, o lateral Carvajal, também se machucou, aos 35’. Nacho, que ocupou o seu lugar, não comprometeu, enquanto que Lallana sequer aparecia nas narrações. Daí, aos 51’, Loris Karius, o irregularíssimo arqueiro alemão dos “Reds”, em uma devolução patética, com as mãos, arremessou a bola justamente num pé de Benzema, que nem sequer chutou. Fliperama. A pelota sumaria e mansamente se dirigiu à meta escancarada, 1 X 0.
Com dignidade, o Liverpool galopou atrás do prejuízo e, logo aos 55’, depois de um escanteio, Lovren cabeceou e o esperto Mané, quase de bico, desviou de Taylor Navas, 1 X 1. Estava escrito, porém, que os deuses do Futebol mais protegeriam o Real. Aos 64’, da esquerda, Marcelo cruzou e Gareth Bale realizou o tento mais bonito de toda a sua carreira, apenas o segundo nesta CL: uma bicicleta espetacular que atravessou o ângulo do arco de Karius. E o pobre Karius ainda falharia aos 83’, tiro despretensioso do mesmo Bale, cerca de 30m, as penas do avestruz por entre os braços do germânico.
Esta CL se iniciou em 27 de Junho com 79 equipes de 54 nações, e se desdobrou, então, em três etapas de desafios pré-eliminatórios, uma fase de playoffs, mais uma de oito grupos de quatro times, mata-matas até as semis. Enfim, depois 219 combates presenciados por 9,40 milhões de pessoas, depois de 639 tentos anotados, fecha com as médias respectivas de 2,92 gols e 42.922 pessoas por pugna. Números, convenhamos, além de invejáveis.
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