Insatisfação de Vítor Pereira não foi desabafo. Se não vierem reforços, não ficará no Corinthians em 2023
O treinador não disfarçou. Está desgastado pelas improvisações, por apelar para garotos, por falta de elenco. O trabalho está difícil demais. Ele não está nada satisfeito com as cobranças, que deveriam ser direcionadas à diretoria
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Vítor Pereira sabe muito bem o que aconteceu com Sylvinho, que foi fiel até a beira da ingenuidade com a direção corintiana.
Desde o fim da temporada de 2021, o treinador, mesmo com os reforços de Willian, Paulinho, Renato Augusto, Giuliano e Róger Guedes, sabia. O elenco era muito limitado. Precisava de jogadores de reposição. Pedia, de maneira polida, tranquila, à diretoria.
Ouvia que não havia dinheiro, a prioridade era resolver a dívida de centenas de milhões de reais, de dinheiro público, com o estádio. Questão que já tem mais de dez anos.
O ex-treinador disfarçava, enrolava nas coletivas. Usava estratégia que havia aprendido com Tite, na seleção, de falar de uma maneira hermética, complicada, para ninguém entender o que dizia. Não se comprometer.
Não adiantou.
Sylvinho acabou sendo demitido depois de três partidas em 2022. Também por não ter opções para montar esquemas diferentes, ou manter a equipe com o mesmo potencial. Já que, das cinco estrelas contratadas, quatro eram veteranas. Mais Gil, Fábio Santos, Fagner, jogadores fundamentais, que também passaram dos 30 anos, muito mais sujeitos a contusões.
Vítor Pereira já foi avisado do cenário ao assumir. Ele é agenciado por Kia Joorabchian, ex-presidente da MSI, e amigo íntimo, de dividir Gatorade, do ex-presidente Andrés Sanchez, mentor do grupo que domina politicamente o clube há 15 anos.
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E com personalidade muito forte, e mais definida que a de Sylvinho, ele suportou quanto pôde. Já comandou o importante Porto, trabalhou na Arábia, Grécia, Turquia e China. São vinte anos de carreira como treinador. E nove como "nômade", ou seja, trocando de país para comandar clubes importantes.
Seu compromisso é com seu trabalho, não em defender diretoria alguma.
Tanto que, depois de quatro meses, ele se cansou. Percebeu que o rodízio que fazia para tentar manter a força da equipe estava sendo interpretado como insegurança, como falta de visão. Ele passou a ser visto como inimigo do entrosamento.
Daí o desabafo forte, e público, ontem, após a vitória contra o Goiás. E que expôs diretamente a diretoria, principalmente o presidente, Duilio Monteiro Alves, e o diretor de futebol, Roberto de Andrade, que não conseguem reforçar o time. Pior, até o deixaram mais fraco, rescindindo o contrato de Jô.
"Quem vem com essa conversa de achar uma equipe para jogar todos os jogos está brincando comigo, está brincando com meu trabalho, não está vendo o que está acontecendo. Se a gente não tivesse os garotos, o Corinthians estaria brigando contra o rebaixamento, mas as pessoas não querem ver a verdade."
"Não estão na realidade, no clube, nos treinos, não analisam os jogos e vêm com essa conversa. Isso é brincar com meu trabalho. Como vou estar satisfeito hoje, sendo que tenho que olhar para o próximo jogo e quase não tenho gente? Temos que ser honestos, porque depois a torcida cobra."
Vítor Pereira não citou nominalmente o Palmeiras. Mas deixou claro quanto ficou incomodado em perder os dois jogos que fez contra o clube do seu compatriota, o também português Abel Ferreira. Ele sabe que o elenco rival é muito mais recheado, e que oferece muito mais opções ao adversário.
"Eu olho para algumas equipes, e as armas são diferentes. Não podemos comparar com ninguém, porque eles têm mais soluções do que nós. Eu tenho feito o que posso. O clube tem feito o que pode, mas não é obrigado. Não podemos ficar exigindo quando a realidade nos diz outra coisa. A verdade é que eu, hoje, para fazer substituição, não tenho ponta-esquerda. Tenho que colocar o Piton. Não dá para ficar de blá-blá-blá, iludindo as pessoas."
"O Róger Guedes tomou o terceiro cartão amarelo. Quem vai ser o atacante na próxima rodada do Brasileiro? Quem?", perguntava, irritado.
As cobranças públicas logicamente chegaram à diretoria. Duilio e Roberto de Andrade sabem que, pelo planejamento corintiano, o sonho é a chegada, no mínimo, à semifinal da Libertadores e também da Copa do Brasil. Por conta de premiações e arrecadação. E garantir a classificação entre os primeiros no Brasileiro, para disputar a Libertadores de 2023.

E os dirigentes já acionaram empresários amigos. A busca é por pelo menos mais quatro jogadores. Um atacante definidor, um velocista pelos lados do campo, outro meia e mais um zagueiro. O defensor pode ser o uruguaio Bruno Méndez, que pertence ao clube, e pelo qual o Internacional não aceitou pagar 6 milhões de dólares, cerca de R$ 30 milhões. As negociações estão praticamente encerradas. O atleta atuou apenas seis vezes pelo clube gaúcho no Brasileiro. Pode defender o Corinthians no torneio nacional.
Dentro do cenário atual, com o elenco limitado, a campanha é excelente. Com o clube classificado para as oitavas tanto na Libertadores quanto na Copa do Brasil. E empatado, com os mesmos 25 pontos, com o Palmeiras, na primeira colocação do Brasileiro, com um jogo a mais.
Mas Vítor Pereira sabe que terá início, daqui a dois dias, uma sequência pesadíssima para o Corinthians. Nas três competições. A começar pela Copa do Brasil, o clássico contra o Santos, em Itaquera, com o clube sendo obrigado a vencer para decidir a sobrevivência, mais tranquilo, na Vila Belmiro. Depois, o mesmo Santos, na mesma arena corintiana, no sábado, pelo Brasileiro.
E, para complicar ainda mais esses oito dias, o Boca Juniors, pela Libertadores, também com a obrigação de conseguir vantagem, na primeira partida pelas oitavas, outra vez em Itaquera.
A cobrança será enorme, com essas três partidas em casa.
Vítor Pereira tem contrato até o fim do ano.
Foi um acordo entre ele e o Corinthians. Por desconfiança mútua. Um queria conhecer o outro. O técnico de 53 anos não tem ligação umbilical alguma com o Parque São Jorge. Sabe que tem mercado internacional aberto.

Ele deixou bem claro o que pensa para os dirigentes corintianos.
Ou tem condições de trabalho, ou seja, elenco para brigar pelos títulos, sem precisar apelar para garotos inexperientes, ou não seguirá no Parque São Jorge em 2023.
Simples e honesto.
Sem enrolação, de forma direta.
Duilio e Roberto de Andrade entenderam o recado...
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