Pequenos voluntários falam da emoção de estar na Copa das Confederações
Entrar em campo, carregar bandeiras e repor bolas são funções exercidas por 586 'brasileirinhos'
Copa das Confederações 2013|Do Portal da Copa
O que você quer ser quando crescer? Jogador de futebol. No Brasil esse é o sonho comum de muitos meninos e meninas, que desde cedo carregam a paixão pelo esporte mais popular do planeta. Alguns deles puderam sentir o “gostinho” de ser uma estrela dos gramados durante a Copa das Confederações.
— Nunca vivi nada parecido, às vezes os jogadores falam: ‘entrei em campo, vi a torcida e fiquei arrepiado’. Isso não é história. Eu estava no túnel e depois entrei e vi 70 mil pessoas gritando. Foi espetacular - conta Rafael Moura, 17 anos, que carregou a bandeira da FIFA no Maracanã, antes do inicio da partida entre Itália e México.
No mesmo jogo estavam os colegas de sala Gabrielly Sebastião e Lohan Ladeia, os dois com dez anos. Na escola, eles foram motivo de orgulho das outras crianças, que pela televisão as viram entrar em campo de mãos dadas com os atletas italianos.
— Eles ficaram felizes por mim. ‘Gabrielly você estava bonita’, falaram um monte de coisas.
Quando os jogadores da Itália formaram a fila no túnel, momentos antes de ir para o jogo, ela percebeu que acompanharia ninguém menos que Andrea Pirlo.
— A gente formou para entrar, aí chegaram os times e ficaram na fila e eu fiquei sabendo que ia entrar com ele. Eu sabia quem era o Pirlo, mas nunca tinha ouvido falar direito dele.
O desejo de entrar com a Itália foi realizado.
— Eu fiquei feliz, porque queria entrar com a Itália. Eu gosto do futebol deles, do jeito que jogam.
Mas ficou uma pontinha de frustração, porque o ídolo dela é outro.
— Eu gosto do Balotelli, porque ele joga bem e é bonito, falou meio envergonhada, para depois revelar.
— Ele deu um tchauzinho para mim. Meu coração começou a bater mais forte.
Já Lohan não sabia que estava entrando com o meio campista De Rossi.
— Eu nem sabia qual era o nome do jogador. Tentei ler o nome nas costas dele, mas não consegui.
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Ele soube quando chegou à arquibancada para ver a partida.
— Meu pai conseguiu ler.
E por pouco o camisa 16 da Itália "não ficou sem lugar" na equipe.
— Deu vontade de entrar e jogar no lugar dele - confessou.
A oportunidade de participar do jogo surgiu porque Lohan e Gabrielly ganharam um concurso de desenho promovido por um dos patrocinadores da Copa das Confederações.
— Eu tinha que caprichar. Fiz o desenho para demonstrar a paixão pelo futebol. Eu me desenhei dando a mão para o jogador, mas acho que ganhei porque fiz a plateia, uma parte amarela, outra verde e outra azul - lembra Lohan.
A emoção, aliás, ficará guardada na mente de Gabrielly.
— Fiquei muito feliz, eu sempre vou recordar.
Em campo
Outra chance para as crianças e jovens participarem dos jogos é repondo as bolas que saem de campo. Beatriz Garrido, 15 anos, foi gandula do duelo entre Espanha e Taiti, também no Maracanã, mas pouco participou da partida.
— O jogo foi movimentado, mas eu não fiz nada, porque só repus uma bola. A Espanha não deixa a bola sair! - comentou, arrancando risos da plateia de jornalistas que acompanhou a apresentação do Programa de Jovens da Fifa, no Rio de Janeiro.
Jogadora sub 17 do Vasco da Gama, Beatriz revelou a sua preferência.
— Eu gandulei o jogo da maior seleção do mundo e pude ver meus ídolos de perto.
Mesmo querendo dar uma força para a Fúria, ela obedeceu as regras.
— Passamos por um treinamento no campo do Divino, em Jacarepaguá, com um juiz que deu instruções para a gente. Não pode ficar encostado nas placas, não pode brincar com a bola, bater embaixadinhas como a gente gosta, na hora de repor tem que ser rápido para os dois times, sem favorecer ninguém. Então eu tinha que ser imparcial, mesmo gostando da Espanha.
Ela ganhou a oportunidade de ser gandula após vencer um torneio de futebol com a sua equipe. A competição também foi promovida por um dos patrocinadores da Copa das Confederações e selecionou 138 jovens entre 14 e 16 anos. O diretor do Departamento de Estratégia e Gestão de Marca da Fifa, Ralph Strauss, explica que para exercer a função é importante que a pessoa tenha noções sobre as regras do jogo.
— É importante que entendam de futebol, saibam as regras, para ajudar a partida a transcorrer normalmente. Eles têm que estar em contato visual com os jogadores, estão sempre interagindo.
Para carregar as bandeiras da FIFA, do Fair Play e dos dois países que irão disputar a partida, foram escolhidos 96 jovens de 12 a 17 anos. Para entrar de mãos dadas com os jogadores, foram selecionadas 352 crianças entre seis e dez anos. Na Copa das Confederações participaram apenas brasileiros, diferente do que ocorre na Copa do Mundo, quando também atuam pessoas de outros países.