NFL Combine: como assim existe uma peneira de futebol americano profissional?
Liga organiza megaevento para testar atletas que saem do esporte universitário em busca de chance entre os melhores
A NFL realizou, ao longo da última semana, o NFL Combine — o primeiro evento oficial da liga após a vitória do Philadelphia Eagles sobre o Kansas City Chiefs no Super Bowl 59. Para os fãs, que estavam órfãos sem nenhum jogo para assistir, foi um prato cheio.
Agora, se você viu a grande final, se apaixonou pelo futebol americano e nem sabia da existência do NFL Combine, fica tranquilo que o Jarda por Jarda vai explicar para você do que se trata este evento e o quão importante (ou não) ele pode ser para uma jovem estrela do esporte.
O que é o NFL Combine?
Quem nunca ouviu falar de um amigo ou conhecido que participou de uma peneira de time de futebol? Esta é a forma mais simplista de explicar a ideia do NFL Combine. Neste evento, as 32 franquias da liga vão até Indianápolis para ver de perto os principais jogadores que estão saindo da universidade e desejam atuar profissionalmente na NFL.
Cerca de 300 atletas são convidados pela liga conforme a importância e desempenho que tiveram durante os anos que defenderam as cores de suas universidades. Para se ter noção de como essa peneira é restrita, a plataforma NCSA College Recruiting estima que mais de 75 mil atletas joguem futebol americano ao nível universitário com chancela da NCAA (Associação Atlética Universitária Nacional, em tradução livre).
O evento, organizado pela primeira vez em 1977, acontece anualmente sempre após o término da temporada profissional e universitária e antecede o Draft da NFL, momento no qual as franquias vão recrutar estes atletas para o passo seguinte.
É claro, nem todos os atletas convidados decidem ir ao NFL Combine. Imagine, por exemplo, que você é bem cotado para uma promoção na empresa em que trabalha. Para alcançar esta nova vaga, você não precisa fazer prova alguma de desempenho, mas te oferecem uma chance de testar seu talento em uma avaliação. Por que se arriscar?
Por outro lado, o NFL Combine é uma ótima oportunidade para o colega de empresa que nunca foi notado pelos chefes mostrar que deve ter uma atenção maior do pessoal que assina o cheque no final do mês.
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Drills e avaliações do NFL Combine
Explicado o conceito do NFL Combine, é preciso destrinchar como funciona essa peneira. É aí que entram os famosos — e polêmicos — drills (exercícios, em tradução livre) na história. Basicamente, são uma gama de atividades que vão testar velocidade, impulsão, força, agilidade e técnica dos candidatos.
O drill mais conhecido é a corrida de 40 jardas que, como o nome já deixa claro, visa aferir o quão rápido um atleta pode percorrer as 40 jardas. Outro exercício bastante famoso é o supino, no qual os jogadores precisam empurrar a barra com 102 kg.
É óbvio que um jogador de 130 kg que joga na linha ofensiva não vai correr as 40 jardas mais rápido que um running back, assim como um RB não vai fazer mais supinos que um OL. No entanto, décadas de realização do evento já mostraram para as franquias o que pode ser uma boa média nos exercícios para cada posição.
Além das atividades físicas, os jogadores também passam por medições físicas, como altura e peso, avaliações de saúde e, claro, entrevistas com as equipes para que cada time entenda melhor os prospectos que os interessam.
É claro que uma equipe chega para a semana do Combine com alguns alvos em mente e não necessariamente a peneira fará eles mudarem de ideia sobre os novos talentos, mas ainda assim é uma boa chance para se apaixonar por um jovem jogador.
Recordes do NFL Combine
A marca mais conhecida do NFL Combine é o recorde da corrida de 40 jardas, batido pelo wide receiver Xavier Worthy, dos Chiefs, na peneira de 2024.
O salto em distância tem como recordista o cornerback Byron Jones, que em 2015 pulou 3,73 m. Já no salto vertical, a maior marca é do safety Gerald Sensabaugh, em 2005, 1,16 m.
Voltando para os exercícios de agilidade, o cornerback Jodan Thomas percorreu o desafio dos três cones em 6,28 segundos, em 2018. Na corrida de ida e vir de 20 jardas, o cornerback Dunta Robinson estabeleceu o recorde de 3,75 segundos em 2004.
Os detentores destes recordes tiveram carreiras longevas na liga, e Worthy, em seu primeiro ano, foi o destaque do ataque dos Chiefs, em 2024. No entanto, existe um recordista que nunca pisou em campo por uma franquia da NFL: Justin Ernest.
Em 1999, o defensive tackle conseguiu fazer 51 supinos com 102 kg, sendo o recorde do NFL Combine até hoje. O segundo colocado, o também DT Stephen Paea, fez 49 repetições em 2011, enquanto em terceiro estão Leif Larsen, Mike Kudla e Mitch Petrus, empatados com 45 execuções.
Este é um dos motivos pelo qual alguns especialistas criticam o NFL Combine. Para muitos, os exercícios aplicados na peneira não necessariamente representam ações em campo dos atletas durante uma partida de futebol americano, impossibilitando uma avaliação mais precisa.
Por mais que existam diversas métricas e modelos de avaliação no NFL Combine, é possível que um grande talento não seja valorizado. Como exemplo, Tom Brady teve um relatório de peneira ruim, foi selecionado após 198 jogadores no Draft de 2000 e hoje é reconhecido como o melhor da história.
Quando falamos em esporte universitário no Brasil, pensamos em torneios amadores nos quais os alunos-atletas estão muito mais interessados em farrear do que jogar. Nos Estados Unidos, o esporte universitário também é amador, mas a estrutura é maior do que das grandes equipes do futebol profissional brasileiro. Nesta galeria, o Jarda por Jarda mostra a real dimensão do futebol americano universitário
Reprodução Site/Go Ducks/Eric Evans