Galvão Bueno comete erros primários em Brasil e Gana. Começo de sua despedida foi constrangedor. Globo não deu retaguarda
O narrador de 72 anos errou nome de árbitro, deu gol de Richarlison para Thiago Silva, chamou Gana de México. A lentidão da equipe da Globo em 'proteger' Galvão foi imperdoável
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Aos 72 anos, Galvão Bueno está sendo poupado, ao máximo, pela Globo.
A emissora carioca quer que ele termine sua passagem como narrador da melhor forma possível.
Não tem trabalhado nas transmissões importantes, nas quais seu nome seria obrigatório.
Por exemplo, não estará nas finais da Copa do Brasil, nos jogos entre Flamengo e Corinthians, os clubes com maiores torcidas no país.
A ordem da direção é que ele se preparasse o melhor possível para se despedir no Catar.
Se submeteu a exames profundos no hospital Einstein, em São Paulo. Neles, ficou constatada uma fissura na coluna, que exigiu a operação imediata. Em 2019, no Peru, teve um infarto e não pôde narrar a final da Libertadores, entre Flamengo e River Plate.
Muito inteligente, ele já vinha se poupando há anos. Sabendo que não atingia mais o potencial incrível de sua voz, nos anos 90 e no início dos anos 2000, há tempos, ele disfarça comentando, conversando, mais do que acompanhando a bola.
A sua volta, hoje, narrando Brasil e Gana, na reta final da sua carreira como narrador de futebol na Globo era muito aguardada pela direção da emissora.
Mas ele mostrou fragilidade e erros primários.
Galvão Bueno tentou ironizar situações bizarras na transmissão e que seriam punidas com rigor no Jardim Botânico, sede da Globo, no Rio.
Do nada, sem motivo algum, ele confundiu Gana com México.
Sim, com o México.
Depois, evidentemente irritado, por ter sido mal orientado.
Narrou um jogador de Gana que não estava em campo.
Errou o nome do árbitro!
Willy Delajod substituiu, na última hora, Mikäel Lesage. Mas ninguém o avisou. Ele soube no meio da partida, quando já havia até criticado o juiz que não estava no comando do jogo. Galvão ficou completamente sem graça com mais esse erro, que não dependeu dele.
Não poderia adivinhar.
No entanto, dois enganos o aguardariam durante o jogo.
O pior deles veio aos 39 minutos do primeiro tempo.
Neymar cobrou falta e Richalison se antecipou e cabeceou para as redes.
Lance claro.
Que Galvão Bueno conseguiu errar e narrou gol de Thiago Silva!
Júnior e Ana Thaís Matos, comentaristas, tentaram brincar com a situação, o que deixou ainda pior. Não estavam orientados, não sabiam o que fazer diante do grave erro.
Aos 11 minutos do segundo tempo, mais constrangimento.
André Ayew cabeceou um escanteio no travessão do Brasil e a bola foi para a fora.
Pois Galvão Bueno gritou que foi uma excelente defesa de Alisson, que mostrou reflexo.
Depois, na repetição, mais calma, o narrador viu, com requintes de crueldade, o quanto havia se enganado.
É uma pena.
Narrador é o melhor narrador da história da televisão brasileira.
Só que, se já não bastasse a perda de potencial na voz, agora erros primários, que não combinam com sua trajetória.
Ele ainda ficará com os jogos do Brasil na Copa do Catar.
Partidas que marcarão sua despedida da emissora carioca.
Que ele seja melhor protegido.
Ter muito melhor, e mais ágil, retaguarda.
Hoje, Galvão Bueno passou pelo que não merecia.
Acabou exposto ao massacre nas redes sociais.
Sua despedida precisa ser digna.
Não é um problema dele, aos 72 anos.
É da Globo, emissora que encarnou por 41 anos...
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