Deu orgulho do Corinthians. Com coração, organização, e sorte, derruba o Bahia de Ceni. Quebra tabu e diz adeus à zona do rebaixamento
Ramón Díaz acertou ao tirar Wesley do time e montar o Corinthians com três zagueiros e seis nas intermediárias. Travou o Bahia, marcou um gol no contragolpe, na única bola chutada ao gol de Marcos Felipe. E depois suportou o bombardeio desesperado do time de Ceni
Deu orgulho do Corinthians, hoje, em Salvador.
Com a Fonte Nova lotada, com público recorde neste Brasileiro, o time de Ramón Díaz conseguiu uma vitória tem tudo para servir como marco neste Brasileiro.
Com um lindíssimo gol de Romero, ganhou do Bahia por 1 a 0.
Conseguiu três pontos importantíssimos, obteve a primeira vitória fora de Itaquera nos 18 jogos que a equipe já disputou no Campeonato Nacional.
Resultado que tirou o clube da tormentosa zona do rebaixamento.
Deu confiança aos atletas.
Mostrou a eles, à diretoria, à imprensa e à torcida o que organização tática e reforços podem fazer.
E, principalmente, a importância de um treinador com visão clara das circunstâncias, do elenco que tem nas mãos.
Além da principal força e da pronunciada fragilidade do adversário.
Ramón Díaz leu com astúcia o Bahia de Rogério Ceni, time com excelentes jogadores do meio para a frente.
Mas com elenco mal montado do meio para trás, aberto aos contragolpes, como são as equipes do principal ídolo da história do São Paulo, desde que começou sua trajetória como técnico, em 2016.
Díaz tratou de montar o Corinthians com três zagueiros: Cacá, Félix Torres e André Ramalho, que fez impressionante estreia.
Deixou Alex Santana e Ryan vigilantes, à frente da defesa.
Segurou Matheuzinho e Hugo.
Fez de Garro e, principalmente, Romero dois meias que atuavam primeiro preenchendo espaços, travando laterais do Bahia.
E, nos contragolpes, surgindo de surpresa na área rival.
Yuri Alberto, que vive péssima fase técnica, compensou com entrega, se sujeitando a atuar como pivô, parede, recebendo as bolas esticadas, os chutões do goleiro Hugo e dos zagueiros, de costas para a zaga e procurando quem vinha de frente do Corinthians.
Foi uma partida de sacrifício, de coração, do Corinthians.
O Bahia, sem espaço, com seus ótimos meias Everton Ribeiro, Cauly travados e Jean Lucas sem espaço para explodir com a bola dominada, ficou trocando bolas de lado a lado, sem encontrar caminhos.
Díaz conseguiu impor o ritmo modorrento à partida que favorecia o Corinthians.
E transformava o ânimo da incendiária torcida do Bahia em pura pressão contra o próprio time.
Santiago Arias e Luciano Juba não tinham como fazer triangulações, ajudar ao ataque.
Estavam também sem espaço.
Díaz sabia que o Bahia atacaria em bloco, buscaria marcar sob pressão, adiantando seu meio-campo e defesa.
O ponto fraco estava nas bolas esticadas por trás da última linha de marcação.
E foi assim que o Corinthians, que marcava com eficiência, conseguiu seu gol.
Aos 36 minutos, Alex Santana tomou a bola de Everton Ribeiro e enxergou todo o time nordestino adiantado.
Esticou a bola para Yuri Alberto.
Com toda a dificuldade que ele está vivendo para domínios simples, desta vez foi perfeito.
Recebeu na esquerda e percebeu Romero correndo como um bólido pela direita.
Ele deu um corte desconcertante em Juba e acertou chute cruzado, no alto, sem a menor chance de defesa para Marcos Felipe.
Gol lindíssimo.
E fundamental ao Corinthians.
1 a 0.
Perdendo, o Bahia ficou ainda mais desnorteado.
Foi assim até os 30 minutos do segundo tempo, quando Ramón Díaz sabia o quanto precisava da segunda vitória consecutiva.
Valia escapar da zona do rebaixamento.
Recuou ainda mais as linhas corintianas.
Os jogadores pareciam soldados em trincheiras, lutando com todas as forças para evitar o gol de empate.
E Rogério Ceni fez tudo para tentar escapar da segunda derrota consecutiva em casa.
Já havia caído diante do Cuiabá.
O técnico escancarou de vez seu time e, sem espaço embaixo, tratou de dar uma blitz de bolas aéreas.
E arremates desesperados, de fora da área.
Houve, na frieza da análise, dois lances reais de perigo contra o time paulista.
Caio Alexandre esticou seu pé direito no alto e desviou a bola, que tocou o travessão de Hugo, aos 45 minutos do segundo tempo.
Aos 51 minutos, Rezende conseguiu se livrar dos zagueiros e cabeceou em cheio no travessão do Corinthians.
Aí, entrou a sorte.
Vitória corintiana, ao final desta guerra.
Com o Bahia tendo 17 arremates contra apenas cinco do time de Ramón Díaz.
Mas foram suficientes para a segunda vitória seguida no Brasileiro, algo que não acontecia desde 2022.
E escapar da zona do rebaixamento, trazendo alívio ao conturbado Parque São Jorge.
Já o decepcionante Bahia ficou travado na quinta colocação no Brasileiro.
Rogério Ceni precisa rever seus conceitos.
Para atacar é preciso ter um consistente sistema defensivo.
É uma lição básica que, em seis anos, ele ainda não aprendeu...