Cuca responde para abalar Abel Ferreira. Os dois brigam para suceder Tite na seleção brasileira. O duelo já começou
Cuca devolveu três dias depois a provocação do técnico português, que expôs como colocaria seu time para vencer um adversário com dois a menos. O que Cuca não conseguiu contra o Palmeiras. Ambos são candidatos à seleção
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Quando você está vencendo, tudo o que você faz é perfeito, é bonito, é maravilhoso. Se você sai para o vestiário na hora dos pênaltis, escuta música e ganha, vira moda."
"E se perdesse?"
“Quando você cai seis vezes no mesmo canto e ganha, é legal. Vocês lembram do Muralha, que caiu seis vezes e perdeu? O que aconteceu?"
"Quando você tem dois jogadores expulsos, não passa nada, porque a cabeça é fria. Mas não foram cabeça fria. Poderiam ter quebrado um jogador nosso."
“Se a derrota vem para eles nesse jogo, vocês [jornalistas] estavam cobrando as duas expulsões, as seis caídas do goleiro no mesmo canto, o treinador que não ficou para os pênaltis etc. Mas, quando se ganha, tudo é perfeito."
"Parabéns para o Abel, parabéns para o Palmeiras."
"Boa sorte. Pronto."
As declarações de Cuca, ontem, após a sofrida vitória do Atlético Mineiro diante do Coritiba, chegaram ao Palmeiras com ironia. E que vai muito além da mera resposta a Abel Ferreira, dada ainda na madrugada de quinta-feira, mostrando como Cuca deveria ter agido taticamente para aproveitar a vantagem de ter dois jogadores a mais. Não fez, e o Atlético Mineiro perdeu a vaga na semifinal da Libertadores.
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A resposta, dada três dias depois, para membros importantes da diretoria de Leila Pereira, não está somente ligada à eliminação.
É muito mais profunda.
Cuca é assumidamente candidato à sucessão de Tite.
Não há entre os treinadores, nascidos no país, ninguém que teria mais chances do que ele. Campeão da Libertadores de 2013, dois Campeonatos Brasileiros, uma Copa do Brasil, cinco Estaduais.
Ele é o atual campeão brasileiro e da Copa do Brasil.
Mas, se o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, decidir deixar a xenofobia de lado e contratar um estrangeiro, as chances de Abel Ferreira crescem muito. Ele é o atual bicampeão da Libertadores, paulista, além de ter vencido a Copa do Brasil de 2020 e a Recopa Sul-Americana.
Cuca sabe muito bem que o português se tornou um grande rival pela vaga.
Questionado se deseja treinar a seleção brasileira, Abel Ferreira mostrou orgulho pela indagação no programa Roda Viva, da TV Cultura. Fugiu da resposta direta, mas deixou claro que, se surgir o convite, ele está inclinado a aceitá-lo.
"Eu vivo o agora. Não faço planos. A pergunta é pertinente [por conta dos títulos, do momento importante do Palmeiras]. Mas já treino um clube verde. Prefiro viver o agora."
Direto como é, se não quisesse trabalhar no cargo, ele já teria cortado a ideia na raiz.
O que acontece é que sua caminhada no Palmeiras está ficando grande demais e terá peso na escolha do substituto de Tite, que não ficará no comando da seleção brasileira após a Copa do Mundo.
Tite já se posicionou claramente.
Não quer um treinador do exterior assumindo a seleção.
Ele acredita que é um privilégio dos brasileiros.
Falou ao jornal espanhol Marca.
Foi questionado se defenderia um brasileiro no comando da seleção.
"Não tenho esse direito [de escolher o sucessor]. Mas sim. Embora eu respeite a todos."
Abel Ferreira venceu Cuca na final da Libertadores de 2020. Na semifinal da Libertadores de 2021. E nas quartas da Libertadores de 2022.
Cuca havia abandonado o Atlético Mineiro no fim do ano passado. Tinha problemas familiares, que foram resolvidos. E estava pronto para trabalhar. Seu empresário, Eduardo Uram, recebeu propostas do Corinthians, Fluminense, Grêmio, Internacional e para dirigentes desses clubes deixou claro que ele pretendia não trabalhar em 2022.
Seria até importante para se resguardar na luta para assumir seu sonho, a seleção brasileira.
Mas não resistiu a uma excelente proposta financeira e à chance de comandar o Atlético Mineiro.
E apostou alto demais.
Que ganharia a Libertadores e seria imbatível na preferência como substituto de Tite.
Perdeu.
E agora só tem o Brasileiro, com o time em sétimo lugar, a 13 pontos de distância do líder, o time dirigido por Abel Ferreira.
A resposta de Cuca foi vista por dirigentes palmeirenses como mera preocupação por ter um grande rival na disputa do lugar de Tite.
E que só tem um defeito.
Na visão de homens importantes que sustentam Ednaldo Rodrigues no comando da CBF.
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