Delegação de atletas especiais faz 'vaquinha' para disputar Olimpíada
Brasileiros fazem ação na internet para arrecadar fundos e esperam liberação de verba de lei do incentivo para ir à Abu Dhabi, em Olimpíada Especial
Especiais|Carla Canteras, do R7
Pela primeira vez em 16 anos a delegação do Brasil pode ficar fora das Olimpíadas Especiais de Verão, competição que acontece a cada quatro anos para atletas com deficiência intelectual. A viagem para as 100 pessoas da equipe brasileira tem um custo de R$ 1 milhão. Parte deste valor (R$ 480 mil) seria conseguido por meio de patrocínio com Lei de Incentivo ao Esporte. Para financiar o restante a organização Special Olympics Brasil criou uma vaquinha virtual.
A campanha de financiamento pela internet está no ar há duas semanas e vai até o dia 8 de março. Essa data é limite, já que em 2019, as Olimpíadas acontecem de 14 a 21 de março, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Os atletas precisam chegar ao país árabe até o dia 9. A vaquinha está hospedada no site kickante.com.br e até agora só arrecadou pouco mais de R$ 10 mil.
A organização enfrenta um problema ainda mais sério para conseguir comprar as passagens dos brasileiros, a falta de liberação de R$ 480 mil. De acordo com George Millardi, presidente da Special Olympics Brasil, a empresa Furnas se interessou em patrocinar o projeto por meio de Lei de Incentivo do Esporte, mas devido à mudança no Ministério dos Esportes o processo não foi concluído.
"Nós vivemos uma situação muito delicada e corremos risco de não participarmos mesmo. Com o rebaixamento do status de Ministério dos Esportes para Secretaria dos Esportes processos internos e reuniões da Comissão Técnica da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) foram suspensos para reavaliação dos projetos", explicou George.
De acordo com o Ministério da Cidadania, que absorveu a pasta de Esportes, a Special Olympics não pleiteou o apoio via Lei de Incentivo ao Esporte com tempo suficiente para realização do projeto.
Procurada pelo R7, a empresa Furnas respondeu que tinha intenção de patrocinar as Olimpíadas Especiais, mas a entidade apresentou pendências de parecer junto à Lei de Incentivo ao Esporte, o que inviabilizou que cumprisse em tempo hábil o trâmite interno do patrocínio.
Na última quarta-feira, George Millardi fez uma reunião com o ministro da Cidadania Osmar Terra para resolver o impasse. Na reunião a Secretaria Especial do Esporte se comprometeu em ajudar a instituição a viabilizar parcerias e garantir a participação dos atletas na competição.
Delegação do Brasil
O Brasil pretende participar das Olimpíadas em dez modalidades: atletismo, basquete, bocha, futebol, judô, ginástica rítmica, natação, tênis de mesa, tênis e vôlei de praia.
A delegação é composta por 100 pessoas, 57 atletas com deficiência; 17 sem deficiência, que compõem os times de esportes coletivos; 21 treinadores; três coordenadores; um médico e um assessor de imprensa.
Como os Jogos acontecem entre pessoas com e sem deficiência o objetivo das Olímpiadas é promover a integração de todos. "É uma competição de inclusão, os parceiros em campo ou em quadra levam a parceria e a amizade para fora. E também uma oportunidade de a pessoa com deficiência mostrar que tem valor. Não é um coitadinho", afirmou o presidente da Special Olympics Brasil.
Os treinadores são os responsáveis pelos atletas, que só podem circular nas cidades onde acontecem as competições acompanhados de seus técnicos. Para o técnico de futsal da delegação brasileira Ivan Santos, a participação nas Olimpíadas é fundamental para o desenvolvimento dos atletas.
"Competir permite que eles consigam mostrar que não são limitados. Além de terem a possibilidade de viver situações de troca de conhecimentos impensável para muitos deles", disse Ivan Santos.
Última participação
A última edição das Olimpíadas Especiais de Verão aconteceu em 2015, na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. O Brasil conquistou 38 medalhas, sendo 15 de ouro, 12 de prata e 11 de bronze.
Para continuar a história vencedora, os organizadores brasileiros correm contra o tempo para conseguirem comprar as passagens da delegação brasileira.
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