Sucesso da NFL pode ter uma ameaça: ela mesma
Ao proteger os quarterbacks de contatos duros de maneira exacerbada, liga perde uma das partes essenciais do futebol americano: a fisicalidade

O quarterback é o personagem principal de um time de futebol americano. Em quase todas as jogadas ofensivas da equipe, ele tocará na bola e, antes mesmo do center dar o snap, o QB tem como trabalho ler a defesa e fazer os devidos ajustes para que o time obtenha sucesso.
Sem o quarterback titular em campo, as chances da equipe vencer são muito menores. Pensando nisso e na beleza do espetáculo, ao longo dos anos, a NFL passou a proteger estes jogadores de contatos ríspidos, se assim podemos dizer.
Por exemplo, em 1983, em uma partida televisionada nacionalmente, o defensor Keith Gary, do Pittsburgh Steelers, agarrou a máscara do capacete do quarterback Ken Anderson, do Cincinnati Bengals, e girou o rosto do adversário em uma das imagens mais aterrorizantes da história da liga.
October 10, 1983#Steelers defensive end Keith Gary infamously, viciously rips #Bengals quarterback Ken Anderson to the ground by the facemask early in a 24-14 Pittsburgh win at Riverfront on Monday Night Football.
— Kevin Gallagher (@KevG163) October 10, 2025
The gritty veteran Anderson would miss the next three games;… pic.twitter.com/DeK77Z0xAH
À época, Gary recebeu uma falta de 15 jardas e foi posteriormente multado, enquanto Anderson deixou a partida e ficou de fora dos três jogos seguintes dos Bengals com uma lesão no pescoço. Por sorte, o QB de Cincinnati conseguiu se recuperar plenamente do lance e continuou a carreira.
Por coincidência, mais um lance em uma partida entre Bengals e Steelers mudaria a história dos quarterbacks da liga. Em 2006, o defensor de Pittsburgh Kimo von Oelhoffen derrubou o QB de Cincinnati Carson Palmer com um golpe abaixo da linha do joelho, rompendo múltiplos ligamentos de Palmer, que precisou passar por cirurgia para reconstrução ligamentar.
Em ambos os casos, a NFL realizou ajustes nas regras. Após o lance de Anderson, se intensificaram as discussões sobre as faltas de face mask, que passaram a ser passíveis de expulsão da partida, a depender da intensidade do contato. Palmer, por sua vez, foi o último QB a ser atingido abaixo do joelho sem que o defensor seja punido com 15 jardas.
De fato, é importante você proteger o quarterback, uma vez que ele é a alma de um time de futebol americano. Porém, nos últimos anos a NFL tem passado dos limites nessa questão, em especial com QBs destaque na liga.
No último domingo, o defensive end Dallas Turner, do Minnesota Vikings, escapou da linha ofensiva e conseguiu derrubar o quarterback Lamar Jackson, no que seria um sack normal até anos atrás… Mas, agora, não. O jogador da defesa foi punido com uma falta de roughing the passer, marcada, normalmente, quando um QB é derrubado por um adversário após ter efetuado o passe, o que não era o caso.
Vikings flagged for roughing the passer on this sack to Lamar pic.twitter.com/qqrYAJlIJT
— Rate the Refs (@Rate_the_Refs) November 9, 2025
Atualmente, os árbitros da NFL tem um entendimento de que se o defensor derruba o quarterback e não alivia o próprio peso do corpo sobre o adversário, esta ação se torna uma falta de roughing the passer, mesmo que o QB esteja com a bola na mão.
Sou uma pessoa que odeia essas comparações do que era raiz ou não, até porque na maioria das vezes, este argumento é utilizado por pessoas atrasadas que não aceitam o progresso. Porém, neste caso, o que Turner poderia fazer de diferente no lance?
O futebol americano é apaixonante para todos nós, pois envolve estratégia, atleticismo e fisicalidade. Se você tira uma destas peças da equação, este esporte perde uma parte vital da própria estrutura.
A NFL não para de crescer, cada vez mais pessoas estão interessadas em aprender sobre o futebol americano. Mas, se a proteção aos quarterbacks continuar assim, com interpretações subjetivas do que é uma falta, a liga estará cavando a própria cova e alimentando o único inimigo que pode interromper este sucesso: ela mesma.
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