Libertadores do Flamengo. Tite ganhou um rival de verdade: Jesus
Feldman, o secretário-geral da CBF, chefiou a delegação flamenguista. E se encantou com o excepcional trabalho de Jesus. Caboclo já foi avisado
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O grande derrotado na final da Libertadores não foi o River Plate.
Aliás, não foi um clube, mas uma pessoa.
Tite.
Desde que assumiu, em 2016, o treinador foi aclamado pela recuperação da Seleção nas Elimatórias da Copa da Rússia, que parecia perdidas nas mãos de Dunga.
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"Ele não passa de um encantador de serpentes", disse o ídolo uruguaio do São Paulo, Lugano, ao ironizar os discursos de Tite que iludiram a impresa, que não analisou a fragilidade dos adversários sul-americanos. Lugano deixou que quando viessem os adversários fortes, europeus, na Copa do Mundo, o 'verdadeiro Brasil de Tite' viria à tona.
E veio.
Foi um vexame.
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Time medroso taticamente, com proposta estática, sem movimentação, intensidade, com Neymar tendo todos os privilégios dentro e fora do campo.
O recém-eleito Rogério Caboclo e seu mentor Walter Feldman testemunharam o fracasso na Rússia.
Mas por pura falta de concorrência no mercado brasileiro, Caboclo resolveu manter Tite para 2022. Mas ficou profundamente decepcionado como que viu.
Enquanto isso, a Seleção Feminina disputou a Copa do Mundo, na França. Com a maior cobertura da história, o Brasil poderia ter ido mais longe se não tivesse o treinador Vadão, sem conexão alguma com as meninas.
No cenário nacional não havia ninguém confiável para Caboclo.
Foi quando ele. aconselhado por Feldman, decidiu enfrentar a xenofobia, a ignorância.
E deu o comando à quem merecia, independente de onde a pessoa havia nascido.
A sueca Pia Sundhage assumiu e o mundo não acabou.
Muito pelo contrário.
As meninas estão orgulhosas e contentes. Respeitam a comandante. Sabem que o Brasil tem um rumo. Está passando a jogar de forma organizada, moderna, compacta, intensa. Se adequando a 2019. Acabou a simplicidade brejeira, inconsistente para quem quer se impor no mundo, não na pobre América Latina.
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A pior coisa que poderia ter acontecido para Tite não foi a conquista da Libertadores pelo Flamengo.
O que não poderia aconter foi o poderoso secretário-geral da CBF, Walter Feldman , ter sido o chefe da delegação rubro negra na partida decisiva da Libertadores.
Ele acompanhou cada treinamento de Jorge Jesus. Viu o domínio que ele tem sobre seus jogadores. Sem ceder a estrelismo de ninguém.
Fez todos se adaptarem às suas ideias táticas. Não como Tite que sofre para tentar montar o time de acordo com a instabilidade de uma geração mimada, egocêntrica, ressentida, sem personalidade. E que tem como o 'líder' Neymar, a quem tudo é permitido.
No Flamengo, não.
Em seis meses, os jogadores sabem que o 'mister' é o comandante. E se submetem aos gritos, às repetições, as duras, na frente de quem for. Sabem que a cobrança tem um motivo e ele se reflete em campo.
Cada adversário é analisado com profundidade. Com suas variações táticas.
Mas Jorge Jesus escolhe o seu time. E faz com ele se adapte, cresca, ganhe confiança. Não fica apelando para trocas e mais trocas, espalhando insegurança, rancor entre os atletas.
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Jorge Jesus também tem a idolatria da torcida e da imprensa nacional que, envergonhada, tenta entender o que está acontecendo. Também dentro e fora de campo.
Dentro, com a intensidade, a pressão, a troca de bola objetiva, o desenvolvimento individual de cada jogador flamenguista. Bruno Henrique, Gabigol, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Gerson, Rodrigo Caio, Pablo Marí todos nunca atuaram tão bem, tão conscientes.
Fora com a personalidade para se impor diante de um elenco recheado de jogadores vividos, vencedores como Rafinha, Filipe Luís.
E domar uma diretoria eufórica, afobada, carente de títulos.
Feldman é os olhos e ouvidos de Caboclo no futebol deste país. E ele ainda tem ligação profunda com Marco Polo del Nero, presidente banido pela Fifa.
Há um descontentamento profundo com Tite.
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A rejeição à sua seleção, a indefinição no elenco, a forçada permanência da base fracassada na Copa da Rússia. Jogadores envelhecidos, sem força física ainda ocupam posições chaves com o técnico.
E todos os privilégios sem sentido a Neymar, péssima influência ao grupo.
Não só a maneira com que o Flamengo venceu o River Plate, mas a preparação e, principalmente, a comemoração objetiva, com os pés no chão de Jorge Jesus, impressionou demais Feldman.
Assim como Caboclo que participou da entrega da taça de campeão da Libertadores aos jogadores do Flamengo.
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É exatamente essa mistura de trabalho moderno e, ambiente dominado por um comandante, que ele quer na Seleção.
Pela primeira vez desde 2016, Tite tem um rival de verdade.
Ele que revolucione a Seleção nas Eliminatórias. Monte um time corajoso, moderno,coerente. E que tenha a coragem de enfrentar as mordomias de Neymar.
Porque o parâmetro subiu imensamente.
Tudo o que fizer será comparado ao Flamengo.
E, principalmente, a Jorge Jesus.
Cresce cada vez mais o número de admiradores influentes do português.
Walter Feldman é um deles.
E é bom Tite perceber.
Feldman é extremamente perigoso.
Suas opiniões mexem com Caboclo.
E com Marco Polo del Nero.
Tite foi o grande derrotado com o Flamengo campeão da Libertadores.
E ele sabe disso.
Por esta razão, não se dignou a dar um mero 'parabéns' ao português pela conquista.
O que foi notado no Flamengo.
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O técnico da Seleção descobriu.
Surgiu o maior rival ao seu cargo.
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