Doha, Catar
Quando o blog revelou que a postura insistente de Dudu, de renovar o contrato antecipadamente, que vence em dezembro de 2023, destoou, estragou o clima da festa de comemoração do título brasileiro do Palmeiras, não era por acaso.
Por mais que a presidente Leila Pereira posasse para fotos abraçada, sorrindo com o jogador, a dirigente não estava contente com a postura do atacante.
Dudu fará 31 anos no dia 7 de janeiro.
Sabe que Tite virou as costas para ele no auge de sua carreira. Foi a maior injustiça do técnico na Copa de 2018. Dudu sabia que a vida poderia ter mudado com a ida para a Rússia. Embora sempre desvie do assunto, o atacante nunca perdoou o ex-treinador da Seleção.
Seguiu jogando muito bem mas jamais chegaram as sonhadas propostas de um grande clube europeu. Se negou a ir para a China, Japão, Arábia Saudita, ganhando bem.
Até que surgiu uma excelente oportunidade. Jogar no Al-Duhail, que é um clube muito bem estruturado, daqui de Doha. Atuou em 2020 e 2021. Dudu também estava com problemas pessoais, com a ex-esposa. O plano era atuar por um tempo e se naturalizar, para disputar a Copa do Mundo pelo Catar.
Só que, por falta de sorte, assim que chegou no país mulçumano, a Fifa colocou em prática a legislação aprovada em 2008, que um jogador teria de morar há cinco anos no país que quisesse se naturalizar. Ou seja, Dudu ganhou muito dinheiro aqui em Doha, mas havia perdido a razão de estar tão longe do Brasil, em um país com a vida social restrita.
O blog antecipou que ele não ficaria, não seria comprado pelo Al-Duhail, em 2021. Perdeu muito dinheiro com a desistência. Voltou ao Palmeiras com excelente contrato até 2023. Sabia que não viria para a Copa de 2022, porque Tite seguia como técnico da Seleção e não estar na mesma forma de 2018.
Foi quando decidiu no meio deste ano que a saída para ganhar tanto dinheiro, como se fosse vendido, seria antecipar a renovação de contrato do Palmeiras. Com direito a luvas e aumento de salário.
Mesmo tendo um ano de contrato.
Ele avisou o gerente Anderson Barros, que avisou a presidente Leila Pereira.
A saída de Gustavo Scarpa, cujo contrato venceu este ano, e não quis renovar, indo sem render um centavo ao Nottingham Forest, pesou no julgamento da presidente.
E ela aceitou a renovação.
Até 2025, com prorrogação assegurada até 2026. Mas desde que Dudu participe pelo menos de 50% dos jogos.
Leila foi aconselhada a ser firme em relação a porcentagem que o atleta precise atuar. Para não cair em situação como a de Guerra, que o Palmeiras contratou, ele não conseguiu se impor como titular e teve de ficar três anos recebendo.
Ela conhece bem o caso, porque emprestou o dinheiro para a compra. Foram 3,7 milhões de dólares, R$ 19,6 milhões. Mais três anos recebendo 85 mil dólares por mês, R$ 450 mil. O último ano recebeu sem entrar em campo, só treinando e se recusando a rescindir contrato.
Leila jurou que essa situação não aconteceria com ela presidente.
Dudu aceitou o aumento salarial.
Terá mais ainda mais dinheiro até os 34 anos.
Mas quer diminuir a exigência para a renovação antecipada para garantir estar no Palmeiras com 35. Em vez de ter de entrar em campo 50% das vezes, quer 15%.
Ou seja, Leila percebeu que poderia pagar salário altíssimo para um reserva.
E, depois de dois meses de negociação, nada foi assinado.
Leila fez questão de vir a público e afirmar que não mudará sua postura.
Não cederá.
Não viverá outra situação parecida com o que aconteceu com Guerra.
Tem Dudu por mais um ano sob contrato.
O atacante viajou com a nova esposa.
Sabe que sua multa rescisória, de 60 milhões de euros, R$ 318 milhões, é inviável. Para o mercado internacional e nacional.
Ou seja, ficará o ano todo, se o Palmeiras quiser.
Com a possibilidade de assinar um pré-contrato a partir de junho, com a equipe que desejar. E jogar em 2024 fora do Palestra Itália, sem render um centavo. Como Gustavo Scarpa.
Leila decidiu apostar para ver.
Porque a presidente entendeu que a negociação está acontecendo em público.
Ou seja, com os detalhes escancarados.
Se ela ceder para Dudu, outros jogadores podem exigir o mesmo.
Leila é alta executiva sabe que o efeito poderá ser cascata.
Ela garantiu a conselheiros muito próximos que não vai ceder.
Se Dudu quiser renovar, a proposta está feita.
O jogador apostava que a o opinião pública pressionasse Leila.
Afinal, o Palmeiras acabou de ser campeão brasileiro.
E ele teve ótima participação.
Mas não errou.
Leila percebeu o que estava acontecendo e mostrou firmeza.
Dudu sabe: tem duas opções: ou muito dinheiro garantido e idolatria até 2025.
São longos três anos.
O quarto vai depender do que fizer no terceiro.
Ou segue recebendo o maior salário do Palmeiras até dezembro de 2023.
E em janeiro vai para outro clube.
Podendo ganhar luvas e salários maiores ou menores, dependendo do que fizer no Palestra no próximo ano.
A aposta que Leila iria se dobrar, Dudu perdeu...