Crianças no campo: R$ 10 mil. Pirataria. Copa América é uma farra
R$ 10 mil para cada criança entrar no gramado com as seleções do Brasil e do Peru. Camisas falsificadas a R$ 30,00. Cambistas à vontade e desiludidos
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Itaquerão
"Vai levar, moço?
Eram 11 horas da manhã deste sábado.
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"Tem ingresso para todo bolso. Desde R$ 200,00 até R$ 1.000,00", me oferece um dos cerca de dez homens que esperam as pessoas desceram dos vagões do metrô, estação Corinthians Itaquera.
Mostro interesse e "Renato" tira do bolso estufado um bolo de ingressos.
Pergunto como ele conseguiu.
A resposta é seca.
"Por aí, mas pode comprar que são verdadeiros. Eu vou ficar aqui até as quatro da tarde. Você leva, se não entrar, te dou o dinheiro em dobro."
Renato diz que é cambista há dez anos. E não teve dificuldade nenhuma em conseguir ingressos para a Copa América.
Pelo contrário, ele até reclama.
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"A venda está uma porcaria. Nos jogos do Corinthians, o lucro é garantido. Nesta Copa América. Tudo é caro para c... Os homens estão loucos. Aqui é Brasil. Está todo mundo desempregado."
Quando aviso que não vou comprar, ele faz sua última oferta.
"Leva o mais barato, o de R$ 150,00", oferece o popular que custa R$ 120,00.
Enquanto me despeço dele, vejo alguns dos seus 'companheiros' ofertando a um grupo de japoneses assustados.
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Chego à saída da estação.
E vejo camisas da Seleção Brasileira espalhadas pelo chão.
A Nike cobra R$ 449,90 o modelo branco usado nesta Copa América.
"Eu sou mais modesto, chará. Aqui, cobro trintão. Sim, R$ 30,00. E tem de todas as cores: branca, amarela, azul, preta. Pode levar o material é bom", me diz "Zeca".
O 'material bom' é um pano sintético da pior espécie. De poliéster. Mas de longe engana.
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"De onde eu compro para revender? Do Brás. A concorrência é grande. Tem um monte de gente que está investindo dinheiro nesta camisetas alternativa. Piratas, nunca", diz e solta uma gargalhada.
Zeca vende na saída da rua principal da estação de metrô Corinthianas- Itaquera.
"A Polícia vê e não faz nada. Sabe está todo mundo duro. Estou trabalhando", destaca Zeca.
Quando chegou ao estádio, vejo um carro caro importado parar. Dele descem pai, mãe e um garoto de cerca de oito anos. Muito bem vestidos. Até demais para uma partida de futebol.
"Onde é que ficam os meninos que vão entrar com os times?", consigo ouvir. Uma funcionário da Conmebol aponta um portão que não tenho acesso. E vejo o trio sair animado.
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Têm todo o perfil da 'promoção' da Mastercard.
Por R$ 10 mil, a empresa vendeu o direito de meninos entrarem com a Seleção Brasileira e Peruana. Além da criança entrar no gramado do Itaquerão, dois adultos teriam direito a entradas vips no comarote do estádio corintiano.
Bolos de ingressos com cambistas.
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Camisas piratas a R$ 30,00.
E R$ 10.000 para crianças entrarem com os jogadores no gramado.
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