Chega de utopia no Cruzeiro! Depois da frustrante passagem de Diniz, chega um técnico para tornar as estrelas, como Gabigol, competitivas
Time de estrelas, bancado pelo bilionário Pedro Lourenço, faz uma necessária mudança de rumo. O clube trocou a longa espera por uma equipe competitiva com Diniz, alertada pelo blog, pela eficiência ‘pé no chão’ do português Leonardo Jardim. Aposta mais segura
Cosme Rímoli|Do R7

O aprendizado foi duro.
O executivo Alexandre Mattos apostou todas as fichas em Fernando Diniz.
Era setembro de 2024, o Cruzeiro estava na semifinal da Copa Sul-Americana.
Como o blog havia avisado, o ex-técnico da Seleção e do Fluminense é o profissional da elite do futebol brasileiro que gasta mais tempo para montar times.
Levou um ano e meio para alinhar suas ideias, muitas delas utópicas, nas Laranjeiras.
Quando elas encaixaram, veio o título mais importante de sua vida, a Libertadores de 2023.
A CBF ficou empolgada e lhe ofereceu o cargo de técnico interino da Seleção.
Mas Diniz ficou preso a suas ideias, forma de trabalhar.
Fracassou na Seleção.
E atrelado a um grupo envelhecido, jogando da mesma maneira, foi demitido, chorando, do Fluminense.
No Cruzeiro, com sede de renascer e montar uma equipe de estrelas, o fracasso era mais que previsível.
Não havia tempo para estruturar um time com força para brigar com o rival Atlético.
De nada adiantou gastar mais de R$ 280 milhões em reforços.
Estrelas do calibre de Gabigol e Dudu.
A expectativa da torcida virou frustração.
O perigo de demissão
Ainda mais com os gênios fortes de Pedro Lourenço e Diniz.
Os choques vieram, com a demissão sumária, após 20 partidas, muitas vaias, com futebol confuso, sem rumo.
O primeiro nome que Alexandre Mattos buscou foi também português.
Luiz Castro, que fez ótimo trabalho no Botafogo.
Foram dias de tentativa de convencimento.
Mas ele pretende seguir na Europa.
Só que já foi perceptível a mudança de filosofia.
Sem utopia, mas busca de preenchimento de espaço, intensidade na marcação, volúpia sem a bola.
Todas as características que faltam a equipes de Diniz.

Foi então que surgiu a possibilidade de Leonardo Jardim.
O treinador teve o aval do próprio Luiz Castro.
Ele tem dupla nacionalidade: venezuelana e portuguesa.
Nasceu de pais portugueses em Barcelona, cidade da Venezuela, e logo foi viver na Ilha da Madeira.
Sua trajetória como treinador é marcante.
Fez um trabalho histórico no Monaco.
Conseguiu o título francês e levou a equipe à semifinal da Champions League.
E tinha estrelas como Mbappé, Bernardo Silva, Falcão Garcia, Lemar.
Conseguiu unir os egos a favor do time.
Foi muito bem no Sporting.
Ganhou um Campeonato Grego e a Copa da Grécia com o Olympiacos.
Depois, decidiu ganhar dinheiro no mundo árabe.
No Al-Hilal venceu a Liga dos Campeões da Ásia.
No Shabab Al-Ahli o campeonato nacional dos Emirados Árabes.
Estava no Al-Ain, também dos Emirados, quando foi convencido por Mattos a trabalhar no Cruzeiro.
Exigiu dois anos de contrato e uma multa muito alta, porque sabe a rotina do futebol brasileiro, de demissões de técnicos.
Ele quer sempre equipes impositivas, de marcação fortíssima nas intermediárias.
Triangulações, com jogadores velozes pelos lados do campo.
E ritmo rápido na troca de bola para os atacantes.
Seus times são extremamente competitivos.
E consegue fazer com que as estrelas trabalhem pelo time.

Não foi por acaso que Corinthians, São Paulo, Fluminense, Atlético Mineiro, Santos já tentaram sua contratação.
Abel Ferreira o considera um dos melhores treinadores portugueses da atualidade.
A contratação pelo Cruzeiro repercutiu nos veículos de comunicação de Lisboa.
A aposta é mais do que válida.
Muito mais ‘pé no chão’ do que a feita pelo clube mineiro em Diniz.
Só vale um aviso.
Leonardo Jardim tem a personalidade forte.
Não aceita interferência no seu trabalho, críticas públicas da direção.
Algo que já aconteceu com Pedro Lourenço.
Tudo indica que desta vez Mattos fez uma escolha muito mais realista...
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