Casemiro, o onipresente homem de confiança de Tite, decidiu. Deu a vitória que o Brasil precisava na Copa. Sem Neymar
O volante percebia a dificuldade que a seleção tinha, sem Neymar. E com a Suíça marcando muito forte. Foi para o ataque com convicção. Marcou o gol fundamental. Foi além de sua missão
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Doha, Catar
"Antes de começar a competição sabíamos que o grupo era difícil. A Sérvia tem um jogo chato, sabe jogar. Hoje sabíamos, outra vez, que seria muito difícil. Então, primeiro objetivo, classificar, importantíssimo, principalmente em um grupo tão difícil.
"Suportamos bem, tivemos paciência. Eles têm um jogo chato, sabem jogar o jogo de detalhe. Sabíamos que teríamos a bola para fazer o gol. Graças a Deus conseguimos."
"O primeiro foi no travessão (contra a Sérvia), hoje tive a felicidade de fazer o gol para ajudar a equipe, que é o mais importante."
As palavras foram de Casemiro, o onipresente jogador de Tite. O volante capaz de proteger com muita eficiência a zaga teve de ir para o ataque. E marcar um gol, aos 37 minutos do segundo tempo, quando tudo o que Brasil não tinha mais era paciência.
A Suíça abdicou de jogar futebol para tentar apenas marcar. Sonhando com o 0 a 0, chegou a colocar nove atletas da sua intermediária para trás. Apenas Embolo lutava contra todo o sistema defensivo brasileiro.
Casemiro, embora não seja o capitão, é o homem de confiança de Tite para animar os jogadores, cobrá-los, incentivá-los no campo.
Foi o que ele mais fez, hoje, aqui em Doha.
Sem Neymar como referência e com o meio-campo defensivo, com Fred ao seu lado e Paquetá preso, e com os suíços com medo de perder, ele teve a liberdade de surgir na intermediária e na grande área europeia.
"É lógico que tem de escolher o melhor em campo. Mas o que vale é o grupo. Tem de valorizar a seleção. É isso que importa. A vitória é de todos."
Aos 30 anos, Casemiro exala confiança na seleção. Situação muito diferente da do Manchester United, para onde foi vendido pelo Real Madrid, por R$ 365 milhões, e onde, ainda em processo de adaptação, é reserva.
"Eu me sinto muito bem na seleção brasileira. Sei como as coisas funcionam. E há muito tempo."
O jogador é convocado desde 2009. Defendeu as seleções brasileiras sub-17, sub-20. E desde 2011 é chamado. A primeira chamada veio de Mano Menezes, para jogar o SuperClássico com a Argentina.
Ou seja, são 13 anos defendendo as cores brasileiras.
Ao lado de Daniel Alves, Marquinhos e Thiago Silva são os que mais apoiam psicologicamente para tentar se recuperar do rompimento dos ligamentos.
Tite costuma ser muito firme com seus jogadores. Exigir, principalmente aos que formam o sistema defensivo, que não se exponham, não busquem se aventurar no ataque.
Mas não foi o que aconteceu com Casemiro hoje.
Ele acabou sendo o "homem-surpresa" de Tite.
Antes de marcar o gol importantíssimo.
O volante deu um passe milimétrico para Vinícius Junior marcar.
Mas o impedimento de Richarlison anulou o lance, pelo VAR.
No final da partida, Casemiro era o jogador mais feliz, mais abraçado, por ter marcado o gol que classificou antecipadamente o Brasil para as oitavas da Copa do Mundo.
Casemiro sabia não só que a partida seria "chata".
Mas decisiva para esse grupo com 16 novatos em Copa do Mundo.
E que Neymar serve como referência.
A vitória tem um peso muito especial para o Brasil na sua caminhada no Catar.
Principalmente no segundo tempo, quando Tite autorizou o time a atacar.
A seleção tem muito potencial.
E pode sonhar.
Até sem Neymar...
Sete cenas do golaço de Casemiro para o Brasil contra a Suíça
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