Com Neymar, o Brasil de Tite é outro. 2 a 0 na Croácia
Alívio para a Seleção. Neymar está recuperado da fratura. Depois do sufoco no primeiro tempo, bastou o atacante do PSG entrar. E a partida foi resolvida
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Ficou mais do que evidente em Liverpool.
O Brasil sem Neymar é uma equipe competitiva.
Muito bem organizada, com intensidade, moderna.
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Mas previsível.
O Brasil com Neymar, a Seleção é outra.
Há o brilho do improviso, do talento, da confiança.
Os três meses que o atacante levou para entrar em campo de novo, depois de sua fratura no quinto metatarso do pé direito, não foram suficientes para travar seu futebol.
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O camisa dez de Tite ficou guardado para a segunda etapa, de um amistoso complicado, travado contra a Croácia. O Brasil sofreu para segurar o 0 a 0, com a equipe europeia muito melhor.
Mas bastou Neymar saiu do banco, no lugar de Fernandinho, que houve várias mudanças. A primeira foi tática. A Seleção deixava seu 4-3-3, com três volantes, para o domínio das intermediárias, no 4-4-2. Com o jogador do PSG voltou a confiança para as tabelas, triangulações e marcarção sob pressão na saída de bola dos croatas.
O respeito triplicou.
E havia motivo para isso.
Depois de 23 minutos em campo, Neymar recebeu passe de Willan. Girou o corpo e fez uma típica jogada dos seus tempos de futebol de salão. Com dribles curtos, secos, rápidos, humilhou Vrsaljko e Caleta-Car. Os dois nem perceberam como o brasileiro conseguiu passar pelos dois.
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E depois, para provar que sua fratura está mais do que consolidada, foi com o pé direito que saiu a bomba. O chute com raiva. O goleiro Subasic nem conseguiu enxergar a bola. 1 a 0, Brasil.
Com o gol, os croatas não tiveram força e nem futebol para reagir.
E no final, a justiça, diante da superioridade brasilereira.
Roberto Firmino, ídolo no Liverpool, mostrou oportunismo e sangue frio.
Com um toque, encobriu o desesperado Subasic.
2 a 0.
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Vitória mais do que merecida, pelo segundo tempo.
E que deixa várias lições a duas semanas da estreia na Copa da Rússia.
A principal delas é óbvia.
O caminho no Mundial depende de Neymar...
Tite escolheu a Croácia para o primeiro amistoso a duas semanas antes da Copa. Ele tinha em mente a Sérvia, equipe bastante perigosa que a Seleção terá pela frente no seu grupo no Mundial. Os croatas dividiam com os rivais históricos a ex-Iugoslávia. Uma guerra sangrenta formou os dois países. Mas as características como jogadores de futebol seguiram muito parecidas.
A Croácia do técnico Dalic é um time com excelente preparo físico, com bom toque de bola, ousado. E que atua de forma compacta. Altamente competitivo. Seu maior talento é Modric, o onipresente meio campista do Real Madrid. Mas ele é exceção. Seus companheiros ficam abaixo na habilidade, na visão de jogo.
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Os croatas formam uma equipe dura, mas absolutamente física. As divididas são para valer. E mesmo em um amistoso a apenas duas semanas do Mundial, seus jogadores não tiravam o pé na hora de disputar bola e espaço com os brasileiros. Até com certa maldade.
O esquema dos croatas variava do 3-5-2, que deu tanto trabalho com a Inglaterra, até o 4-5-1, passando pelo corajoso 4-3-3. Foi um excelente teste para o Brasil. Pelas dificuldades que criou.
Tite foi muito inteligente. Ele percebeu que Neymar, depois de três meses parado, apenas suportaria 45 minutos em campo. Deixá-lo para o segundo tempo seria melhor. O atacante enfrentaria os croatas mais cansados, desgastados com os 25 graus de Liverpool. Assim como o Brasil, o time de Dalic ainda está longe de seu melhor momento físico.
Com a decisão de resguardar Neymar para a segunda etapa, Tite tratou de colocar a equipe com a qual pretende enfrentar adversários mais fortes. Que tenham a proposta de atuar atacando o Brasil, sem medo. Com a França, a Alemanha, a Espanha, a Argentina, por exemplo.
Contra eles, Casemiro, Fernandinho e Paulinho poderiam travar o meio de campo e ainda ajudar na articulação de contragolpes mortais, com Willian aberto pela direita, Philippe Coutinho na esquerda e Gabriel Jesus pelo meio.
Só que isso não aconteceu no primeiro tempo. Por um motivo muito simples. A Croácia não se abriu. Fazia questão de concentrar seus jogadores na intermediária. Nunca menos do que cinco. O desejo era evitar a saída em velocidade, o toque de bola brasileiro. E ainda vigiar Danilo e Marcelo.
O plano croata deu resultado.
Por alguns detalhes que valem a pena se tornarem explícitos.
Danilo deixou saudade de Daniel Alves. O lateral do Manchester City se intimidou. Não desceu para o ataque. Não foi o homem capaz de fazer triangulações com Willian, abrir a fechada defesa croata. Casemiro e Fernandinho são excelentes na marcação, mas jogadores de passes curtos, nenhum drible. Com eles não há supresas. Bem marcados, deixaram o ritmo da Seleção muito lento.
Paulinho ficou sobrecarregado tentando organizar jogadas ofensivas.
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Philipppe Coutinho rende muito menos atuando na esquerda. Seu lugar é no meio ou pela direita. Tite sabe disso, mas precisava de alguém talentoso na esquerda, já que não tinha Neymar e nem Douglas Costa, contundido. Com Coutinho mal, Marcelo acabou sendo o grande prejudicado. Não havia com quem tabelar, trocar de posição.
Gabriel Jesus ficou mais isolado do que Lula na superintendência da Polícia Federal em Curitiba. A bola não chegava ao lépido atacante do Manchester City.
A Croácia com, com sua vontade, truculência, foi melhor do que o Brasil em todo o primeiro tempo. A bola rondou a área de Alisson. Tudo não ficou pior porque Thiago Silva, que ganhou a posição de Marquinhos, teve ótima atuação. Melhor até do que seu companheiro de zaga, Miranda.
O 0 a 0 do primeiro tempo foi decepcionante.
Mas havia Neymar. Tite foi cirúrgico. E mudou toda a estrutura tática brasileira. Não teve medo. Tirou Fernandinho e colocou o grande talento brasileiro.
Adiantou de vez a marcação na saída de bola croata. A ordem era sufocar, buscar a vitória. A entrada do camisa 10, confiante, e praticando um futebol solidário, a favor do time e não para dar show particular, foi fundamental.
Mudou o panorama do jogo.
Os croatas trataram de se defender. Passaram a tentar travar o Brasil apelando para o 4-5-1. Só que nada que dribles e movimentação constantes do meio de campo para a frente não pudessem resolver.
A entrada de Neymar melhorou, deu mais confiança e espaço para o restante da equipe.
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Os gols foram questão de tempo.
Aos 24 minutos, Neymar marcou um golaço. Na jogada que mesclou coragem, talento e atrevimento.
O lance provou sua recuperação, o que traz enorme alívio para a Copa.
Os croatas acabaram se submetendo ao talento brasileiro.
A troca de passe era mais eficiente por parte do time de Tite.
As linhas mais próximas.
O futebol de Marcelo cresceu enormente.
O sufoco seguiu até que aos 47 minutos, Firmino fez 2 a 0.
O jogo foi muito representativo.
A vitória, marcante.
Trouxe confiança.
E, principalmente, alívio.
O Brasil terá Neymar pronto, sem restrições para a Copa.
Com ele, a Seleção de Tite é muito diferente...
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