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Cosme Rimoli Copa 2018

É este Neymar que todo o Brasil quer ver. Sem rancor

Acabou a greve de silêncio. Neymar entendeu as críticas. Mostrou contra o México que é um jogador excepcional. Pensando no time e não nele

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Neymar jogando para o time é espetacular. Assim, o hexa é bem possível
Neymar jogando para o time é espetacular. Assim, o hexa é bem possível

Samara, Rússia

"Não quero que seja a Copa do Neymar, quero que seja a Copa do Brasil. O coletivo é mais importante. Fico feliz por fazer parte desse grupo. Certeza de que esse time pode chegar muito longe."

Neymar quebrou a greve de silêncio que mantinha desde a estreia da Seleção na Copa do Mundo da Rússia. Ele fez um bem para ele mesmo e para o ambiente do time de Tite. O treinador e os jogadores estavam constrangidos com o comportamento do principal talento brasileiro.

"Vim de meses sofridos. Batalhei muito para chegar a esse estágio. Estou muito feliz pelo que fizemos contrar o México. Por mim e pelos meus companheiros. Estou muito emocionado por disputar essa Copa do Mundo", confirmou após o jogo, sem comprar mais briga com ninguém.


O siilêncio foi sua reação diante das fortes críticas que recebeu por seu individualismo, egoísmo mostrados no primeiro jogo. O camisa 10 brasileiro foi merecidamente repreendido pela imprensa. Mas ele não aceitou a cobrança. E reagiu de uma maneira rancorosa, desproporcional.

"Não falei nos dois jogos para não criar polêmica. Vim aqui para jogar futebol."


Ele estava tão errado que teve quatro conversas fundamentais para sua mudança de atitude na Copa. A primeira foi com Tite. O treinador fez questão de mostrar seus erros diante dos suíços. Que atrapalhou o time prendendo a bola e ainda se sujeitou a dez pontapés desnecessários. Se tocasse a bola, não sofreria tanto.

Depois, foi Thiago Silva. Seu companheiro do PSG ficou profundamente chocado por ter sido xingado por Neymar, diante da Costa Rica. E cobrou maturidade do jogador. Neymar admitiu seu erro, pediu perdão. E os dois selaram a paz.


Mas também teve de ouvir Marcelo. O lateral que não admitiu a cena de choro, ajoelhado no meio de campo, contra os mesmos costarriquenhos. O lateral viu outra vez a possibilidade de a imprensa taxar o time como descontrolado emocionalmente, incapaz de dominar as lágrimas, como aconteceu em 2014.

Naturalmente os holofotes vão procurar Neymar. Ele é muito talentoso
Naturalmente os holofotes vão procurar Neymar. Ele é muito talentoso

A quarta e definitiva conversa veio com Daniel Alves. Quando ele almoçou com a delegação antes do jogo contra a Sérvia. E ouviu do jogador que mais confia. Precisava atuar para o time. Não havia razão para insistir no individualismo.

Neymar mudou da água para o vinho. Passou a tabelar, tocar bola de primeira, abrir espaço para os companheiros. Com sua atitude coletiva, o Brasil ficou muito mais forte. Eliminou a Sérvia sem correr riscos.

A ascensão continuou. 

O que fez aqui em Samara foi sensacional. Liderou tecnicamente o Brasil diante dos mexicanos, que o haviam provocado. Avisado à arbitragem de sua insistente mania de simular faltas.

Neymar se vingou como deveria.

Jogando futebol. 

Seus dribles não foram 'de circo'. Mas objetivos. Faziam o Brasil se aproximar, rasgar a área mexicana. E tomou pontapés. Foi pisado deslealmente, não tão violentamente quanto quis demonstrar. Mas desequilibrou o jogo e o estado emocional dos adversários. Como tem que ser.

"(Excesso de faltas sofridas) isso é complicado, não é uma coisa que cabe a mim. Só sofro a dor. Tomei um pisão desleal, da minha parte acho que fora da jogada, fora do campo. Acho que não pode. Mas é isso, eles falaram demais antes da partida e foram embora para casa", desabafou em entrevista à Fifa, após a partida.

Os rivais só conseguem parar Neymar com pontapés. Tite o convenceu a jogar pelo time
Os rivais só conseguem parar Neymar com pontapés. Tite o convenceu a jogar pelo time

Falou como o melhor da partida.

Quebrou o jejum de três jogos calado.

E fez o que se espera dele.

No fundo, sabe que a chance de ser o melhor do mundo é quase nula.

Pelos critérios da Fifa, o peso da Champions League é maior do que o da própria Copa. Além do que, sua temporada foi travada por três meses, contundido.

Cristiano Ronaldo tem tudo para ganhar pela sexta vez.

Se o Brasil ganhar a Copa, Neymar tem chances reais de ser o segundo, ultrapassar Messi.

Mas se ele estiver falando sério e estiver disposto a jogar pelo Brasil, com foco na conquista da Copa do Mundo e não apenas de um troféu, será a evolução que todos esperam.

Neymar já não é uma criança.

Tem 26 anos.

E, se, de uma vez por todas seguir pensando antes no time de Tite e depois nos seus shows particulares, o Brasil deu um passo imenso para brigar de verdade pelo hexacampeonato mundial.

Talento, Neymar tem de sobra...

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