Testemunha do caso Daniel pede à Justiça para não ver assassino
Solicitação foi enviada à Justiça do Paraná nesta quinta-feira (31) pelo advogado do jovem que foi o primeiro a revelar detalhes do crime à polícia
Futebol|Cesar Sacheto, do R7
O advogado Jacob Filho, que representa a principal testemunha da morte do jogador Daniel Corrêa (ex-São Paulo), ocorrida em outubro do ano passado, no Paraná, solicitou à Justiça que o jovem não seja colocado frente a frente com o assassino confesso na primeira audiência do processo judicial. A solicitação, que visa evitar constrangimento e risco de intimidações por parte do réu, foi protocolada nesta quinta-feira (31).
Veja mais:Caso Daniel: 'Mexeu com mulher de bandido e vai morrer'
Os depoimentos dos sete réus e da testemunha foram marcados pela juíza Luciani Regina Martins de Paula para o dia 27 de fevereiro e serão realizados na 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais, município onde o crime foi cometido.
Leia também
Facada no pescoço foi a causa da morte de Daniel, diz laudo do IML
Promotor fala em barbárie e diz que perícia vai esclarecer caso Daniel
Caso Daniel: Imagens em shopping flagram Brittes com testemunhas
Suspeito de crime teria telefonado para dar pêsames à mãe de Daniel
Moto usada por Edison Brittes pertence a traficante, diz polícia
"O advogado dele [Brittes] estará no depoimento e poderá fazer perguntas. Então, ele estará bem assistido", argumentou Jacob Filho, que se baseou no Artigo 217 do Código de Processo Penal brasileiro para fazer a solicitação sem que possa haver prejuízo da defesa.
"O artigo diz que, 'se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu'. É o que vou requerer", afirmou.
Testemunha abalada
O rapaz, de 23 anos, foi incluído no programa de proteção à testemunha da polícia paranaense após ter recebido várias ameaças de morte — que também foram feitas à mãe dele — e vive agora em outro Estado. Mas o advogado garantiu que a testemunha vai comparecer ao depoimento, mesmo não tendo sido ainda oficialmente intimada.
"Porque temos um compromisso com a Justiça e para evitar que a defesa diga que ele está com medo de dizer a verdade, que vai fugir. Ele não tem nada a ter. É testemunha", enfatizou o advogado.
Veja mais: Traição, sexo e assassinato: 2 meses depois, veja como está o Caso Daniel
Jacob Filho lembrou que o estudante universitário — primeiro a revelar à polícia detalhes do brutal assassinato de Daniel — teve que abandonar a faculdade, a família e os amigos. Por isso, foi diagnosticado com transtorno pós-traumático e depressão profunda. "Não há uma noite que não durma com essa imagem na cabeça", relatou o jovem.
Expectativa pelo julgamento
Os parentes de Daniel, que completaria 25 anos no dia 22 deste mês, estão ansiosos pelo desfecho do caso e esperam por uma sentença que faça justiça à memória do jogador. O advogado Nilton Ribeiro demonstrou confiança em um resultado que conforte a família. "Estamos próximos da condenação te todos os envolvidos", destacou.
Relembre quem são os réus e quais as condutas criminosas de cada um na denúncia apresentada pelo Ministério Público do Paraná e aceita pela Justiça:
Edison Brittes — homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menor e coação no curso do processo;
Cristiana Brittes — homicídio qualificado por motivo torpe, coação do curso de processo, fraude processual e corrupção de menor;
Allana Brittes — coação no curso do processo, fraude processual e corrupção de menor;
Eduardo da Silva — homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;
Ygor King — homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor;
David Willian da Silva — homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menor e denunciação caluniosa;
Evellyn Brisola Perusso — denunciação caluniosa, fraude processual, corrupção de menor e falso testemunho.
Situação dos réus
Dos envolvidos no crime, apenas Evellyn Brisola aguarda os trâmites do processo em liberdade. Os demais continuam presos.
Anteriormente, o R7 havia informado que Eduardo Purkote era um dos réus. O jovem chegou a ser investigado depois do crime. Porém, o Ministério Público do Paraná entendeu que ele não tinha qualquer ligação com o caso. Por isso, Purkote não foi denunciado e não se tornou réu. A reportagem foi corrigida às 9h50.
Relembre fatos sobre o assassinato do jogador Daniel em 20 imagens: