Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Promotor fala em barbárie e diz que perícia vai esclarecer caso Daniel

João Milton Salles diz que espera pela conclusão inquérito e o laudo pericial para individualizar condutas no crime e oferecer denúncia à justiça

Futebol|Cesar Sacheto, do R7

Daniel em treino do São Paulo
Daniel em treino do São Paulo Daniel em treino do São Paulo

O promotor João Milton Salles, do Ministério Público Estadual do Paraná, que acompanha a investigação da morte do jogador de futebol Daniel Corrêa, de 24 anos, revelou na última quinta-feira (8) que precisa aguardar a conclusão do inquérito policial e especialmente o laudo pericial para individualizar as condutas dos suspeitos e denunciá-los à justiça.

Sexo, traição e vingança: por que o jogador Daniel foi assassinado

Em entrevista exclusiva ao R7, ele disse que o trabalho dos peritos será fundamental para eliminar as contradições contidas nos depoimentos do empresário e esclarecer o crime que classificou como barbárie.

"Os peritos conseguem conversar com as coisas que não falam: os móveis, o corpo da vítima, o local. Isso tudo vai ser confrontado para ver qual dessas versões que ele apresenta serviu para tentar esconder fatos", enfatizou o promotor.

Publicidade

Leia também

João Milton Salles acredita que a perícia deverá esclarecer quantas pessoas efetivamente participaram dos "atos bárbaros" contra Daniel, além de identificar as ações praticadas dentro da casa e na mata.

"Documentar a distância, o tempo que percorreram [da casa até o local onde o corpo foi desovado]. Porque eles teriam tempo para decidir o que fariam. Não foi uma coisa inconsciente, de momento", complementou.

Publicidade

Crueldade

A violência empregada pelos assassinos contra a vítima — o jogador foi espancado, torturado, teve o pescoço praticamente arrancado e a genitária cortada — chamou a atenção do promotor. João Milton Salles considerou o crime hediondo e injustificável.

Publicidade

Veja mais: Suspeito de crime teria telefonado para dar pêsames à mãe de Daniel

"Tenho 20 anos de prática na área criminal e poucos casos me causaram tanta indignação pela crueldade. O que essas pessoas descarregaram de violência foi absurda. Elas chafurdaram em cima desse rapaz. É um crime de hediondo. E qualquer tentativa de justificá-lo é impossível. Tentar atribuir isso a qualquer emoção foge à razoabilidade".

Denúncia

O promotor espera que o inquérito seja relatado pela polícia até meados da próxima semana. Só então ele poderá iniciar o relatório da denúncia que será entregue à justiça com a individualização das condutas criminosas.

"Tenho que fazer um retrato da situação e colocar no papel. Para isso, tenho que descrever a conduta de cada um deles na dinâmica dos fatos. Pode ser que pessoas tenham praticado alguma conduta, mas não a conduta de matar. Somente com a redação [do inquérito] poderei ter a conceituação de qual a conduta e o crime que cada um vai responder", explicou.

Veja mais: Jogadores e clubes lamentam morte do meia Daniel nas redes sociais

Confira outros pontos da entrevista do promotor João Milton Salles ao R7:

Possível flerte entre Cristiana e Daniel

"O que sei é que estava todo mundo embriagado. A Cristiana possivelmente também estava. O quarto era contínuo ao local onde eles estavam. Tem depoimento de uma pessoa que viu Daniel entrando [no quarto] porque estava usando a suíte. Todo mundo estava circulando e muita gente se pegando. Era uma proposta que fazia parte da dinâmica. Acho que atribuir qualquer conduta nesse aspecto a ele ou a ela é querer deslocar essas pessoas daquela circunstância para um bingo de igreja. Não é a questão de querer sexo ou não. Era uma situação na qual estavam todos próximos e os pudores eram diferentes. São compatíveis com aquela situação. Aí, em um determinado momento se perdeu o controle com uma agressividade gratuita".

Edison, Allana e Cristiana Brittes juntos em boate
Edison, Allana e Cristiana Brittes juntos em boate Edison, Allana e Cristiana Brittes juntos em boate

Sexo a três

"Vi isso [hipótese de Edison pedir para Daniel fazer sexo com Cristiana]. Entrei em contato com o delegado. A repercussão da mídia sobre o fato está muito grande. Nessa hora, aparece de tudo. Esse tipo de coisa tem que ser vista com muita parcimônia. [O depoimento] Não é de ninguém que foi ouvido. As pessoas que estavam na festa foram presas ou foram ouvidas. A gente tem que tomar cuidado para não tumultuar o curso do processo"

A casa e a festa

"Você tem impressão que é um lugar meio grande, mas é uma edícula. Tudo aquilo aconteceu muito próximo. Todos interagiam em todas as circunstâncias. Testemunhas disseram que não ouviram gritos [de Cristiana]. Seria humanamente impossível não ouvir, assim como fazer qualquer coisa ali dentro [sem ser notado]. Já tinha casais no quarto. Era um tremendo de um fim de festa. O teor alcoólico dele raramente você vê em uma pessoa. Não teria a menor condição física (de estuprar). Era um teor fora da curva".

Veja mais: Novas mensagens reforçam que Allana conhecia família de Daniel

Daniel na boate Shed, em Curitiba
Daniel na boate Shed, em Curitiba Daniel na boate Shed, em Curitiba

Contradições nos depoimentos do suspeito

"Mudaram muitos detalhes. Por exemplo, a questão do arrombamento da porta, a forma como ele teria entrado no quarto. Ele disse que pegou a vítima com a esposa na cama. Na questão da dinâmica, de como os fatos aconteceram. É muito difícil manter uma coerência mesmo. Porque, só a temos em um fato real. [O crime] Foi uma circunstância muito complexa. Cada vez que surge um fato novo, ele precisa construir outra versão. Demonstra que não falou a verdade". Que ele mudou depoimento e declarações está demonstrado nas gravações dos depoimentos".

Veja mais: Testemunhas desmentem versão de suspeitos de matar Daniel

Perícia

"Você já tem uma experiencia que já sabe o que a perícia vai falar. É uma prova que a contestação fica quase impossível, porque é científica. O que a perícia vai confirmar: os depoimentos de testemunhas, dos réus. Ela é importante até mais para o curso do processo. Porque é ali que o juiz vai formar a convicção dele".

Reconstituição

"Acho que, nesse momento, fazer uma reconstituição seria mais midiático do que necessário para a demonstração do fato, que é muito claro. O importante é a prova técnica pericial".

Desova do corpo

"Era um lugar extremamente ermo, dentro de uma região rural. Mas uma região bem habitada. Eles procuraram o local perfeito para cometerem o crime. Não havia como escutar gritos, não havia movimento de transeuntes naquele momento. Esse percurso foi feito durante o dia. À noite, poderiam dizer que todos os gatos são pardos. Mas fizeram durante o dia, andaram em rodovia movimentada. Eles estavam em condições de dirigir. Senão, teriam batido o carro. Tiveram todo o tempo do mundo para pensar e repensar o que estavam fazendo. Há relatos de testemunhas dizendo que o próprio Daniel pedia para não matá-lo. Várias pessoas da casa estavam na festinha e não participaram da barbárie. A quantidade de sangue que jorrou dessa rapaz no local onde ele foi morto é indicativo que ele teria que estar vivo quando chegou neste local. Ele chegou lá com vida. Não posso afirmar o nível de consciência dele. Mas ele chegou com vida".

Do Cruzeiro ao São Bento: Relembre a trajetória do meia Daniel

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.