College Football 25 não é um Madden com roupagem universitária
Após uma década de hiato, jogo da EA Sports acertou em cheio na construção da atmosfera do futebol americano universitário
A EA Sports lançou nesta sexta-feira (19) o EA Sports™ College Football 25, jogo baseado na primeira divisão do futebol americano universitário dos Estados Unidos. A desenvolvedora levou mais de uma década para lançar o game, que anteriormente foi publicado anualmente entre 1993 e 2013. Após este longo hiato, podemos dizer: College Football 25 não é um Madden — jogo da NFL — com roupagem universitária.
Apesar do game ter sido lançado oficialmente nesta sexta, a EA Sports liberou o acesso ao jogo dias antes para quem comprou versões especiais de pré-venda. Aproveitando esta brecha, o Jarda por Jarda passou os últimos dias testando o modo carreira do College Football 25 — chamado Road to Glory (Estrada para a Glória, em tradução livre).
Como um fã irritado do Madden — também desenvolvido pela EA Sports —, que ano após ano vê o modo carreira do jogo ficar cada vez mais simples e menos personalizável, o College Football 25 chega como um sopro de esperança para novos tempos. Confira abaixo minha experiência de uma temporada completa no modo Road to Glory do jogo.
Vamos, minha ASU!
Assim como a maioria dos modos carreira de qualquer jogo de esportes, o primeiro passo é você construir o personagem a sua semelhança. Altura e peso, por exemplo, são alguns itens que podem afetar as habilidades do seu personagem, como velocidade ou força, por exemplo.
Um ponto interessante é a escolha que você faz da cidade e estado natal do atleta. Isto porque ao longo do seu processo de recrutamento é perguntado ao jogador se ele prefere permanecer perto da família ou buscar uma universidade com a área esportiva consolidada, um programa que projete bons NILs (sigla para Nome, Imagem e Aparência, em tradução livre), etc.
Vale comentar sobre o NIL porque foi, ao longo dos anos, um assunto muito debatido na vida dos atletas universitários, os quais movimentam milhões de dólares todas as temporadas, mas sequer podiam fazer propaganda ou ganhar dinheiro por atuar nas universidades. Mesmo com a imagem sendo usada pelas instituições, nem um centavo parava no bolso do atleta, mas isso mudou e o College Football 25 explora bastante este tema.
Bom, vamos ao recrutamento. O jogo disponibiliza quatro níveis de atleta para iniciar a carreira, que vão desde uma estrela pronta para ser titular em um grande programa até um atleta fraco, que certamente será reserva nos primeiros anos na universidade.
Decidi iniciar minha carreira no segundo nível dos quatro possíveis, o que me fez receber uma grande quantidade de bolsas de estudo, sendo sua maioria de programas intermediários ou fracos. Escolhi jogar por Arizona State University, os Sun Devils, onde comecei minha caminhada como quarterback calouro sendo reserva do reserva.
Vida de aluno-atleta não é fácil
Uma das grandes experiências de uma universidade norte-americana é morar no campus. E obviamente, o College Football 25 não deixa isso passar batido. Uma das primeiras interações que tive no jogo foi com um dos QBs de ASU, que pediu para que eu acordasse ele. Logo, foi me dada a escolha de sabotar ou não meu concorrente, mas acordei o jovem rapaz como um bom samaritano faria.
Como calouro, a mim foi dada a responsabilidade de carregar os equipamentos dos meus colegas veteranos. Eu poderia recusar este pedido, mas perderia pontos de liderança junto ao time, então preferi respeitar a hierarquia tão presente no esporte.
Um ponto bem interessante do Road to Glory é a agenda da semana. Por lá, você seleciona como deseja gastar sua energia ao longo daqueles dias: estudar, treinar, construir conexões com a equipe ou, até mesmo, se estabelecer como um herói local. Cada escolha te proporciona benefícios, como notas melhores ou maior recuperação física. É preciso viver com sabedoria!
Como comecei sendo o terceiro quarterback da linha sucessória, todo treino disponível eu tentava mostrar para o treinador que poderia entrar em campo e defender os Sun Devils. Apenas desta forma pude subir para segundo QB e, posteriormente, para titular. Para alcançar esse patamar, tive que derrotar meus concorrentes em duelos mano a mano que envolviam desafios técnicos de melhor de três.
Talvez seja melhor estudar...
Assumi a titularidade dos Sun Devils na sexta semana da temporada, com a universidade vencendo três dos seus cinco primeiros confrontos. Meu primeiro desafio foi contra Kansas, ranqueada em 20ª no país naquele momento. O resultado não foi bom, amarguei três interceptações e um fumble: ASU 3 x 21 Kansas.
A primeira gameplay foi muito interessante, pois descobri que não posso escolher as jogadas e tenho um número limitado de vezes as quais posso pedir mais opções para o treinador. É preciso estabelecer confiança com o head coach para ter mais liberdade, assim como na vida real.
Outro ponto que houve muito investimento da EA Sports no jogo é a ambientação, que está perfeita. O Mountain America Stadium, casa dos Sun Devils, foi retratado nos mínimos detalhes, incluindo a estátua para o ex-jogador Pat Tillman, o mascote de ASU e até o tradicional sinal feito com as mãos pelos torcedores, que lembra a letra W.
Após a estreia, a maré continuou ruim. 44 a 3 contra Utah, que também estava ranqueada. Mas nada, absolutamente nada, me preparou para meu primeiro jogo fora de casa, contra Cincinnati. Apesar de não ser a torcida mais barulhenta do College Football 25, foi o suficiente para em momentos de ataque eu não conseguir me comunicar com os meus companheiros, impedindo que eu mudasse a rota dos recebedores.
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Depois de perder para os Bearcats em Cincinnati, amarguei mais uma derrota contra os Cowboys no campus de Oklahoma State. Nesta partida senti muita falta de poder escolher as minhas jogadas.
Apesar da sequência negativa, os torcedores dos Sun Devils ainda lotaram o estádio para a partida contra UCF, ranqueada em quarto no país. Entregamos o empate na última posse e perdemos na prorrogação. O jogo seguinte foi uma lavada fora de casa contra Kansas State, o que fez o Mountain America Stadium estar vazio no confronto seguinte, contra BYU.
Para fechar a temporada, enfrentei o maior rival de ASU, o Arizona Wildcats. O primeiro tempo foi uma lavada, onde os Sun Devils não tomaram conhecimento do adversário, colocando um 21 a 0 no placar fora de casa. Mas como nada vem fácil no Road to Glory, uma série de erros do “quarterback” que vos fala tornou o jogo parelho, mas a vitória no Territorial Cup veio — e fora de casa: 24 a 21.
Conclusões (do jogo e da temporada)
Apesar do meu péssimo desempenho comandando o ataque dos Sun Devils, em nenhum momento minha titularidade foi questionada. Quem assiste futebol americano universitário sabe que os treinadores não têm paciência com erros e não titubeiam na hora de tirar um quarterback trapalhão do time. Acredito que o College Football 25 deveria pesar mais a mão nessas questões, ainda mais em um programa conhecido nacionalmente como o de ASU.
Na virada de uma temporada para a outra, pude entrar no portal de transferências e procurar outra universidade, mas decidi continuar em Arizona State (para o azar dos outros estudantes e fãs). O head coach dos Sun Devils, Antonio Ruta, não teve a mesma sorte e foi mandado embora.
No geral, curti bastante a imersão no Road to Glory. A campanha não se torna cansativa e sempre quis jogar aquela partidinha a mais. Valeu a pena esperar essa década para poder jogar o College Football de novo. Espero que o Madden 25 venha com as boas novidades que o game universitário trouxe, como as lesões localizadas nas regiões atingidas durante os tackles e o modo carreira mais completo.
O EA Sports™ College Football 25 está disponível para PlayStation 5 e Xbox Series X/S.
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