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Perto de ficar bilionário, Neymar já é dez vezes mais rico que Pelé

A comparação entre Pelé e Neymar é injusta. Aos 78 anos, o melhor de todos os tempos acumula um décimo do que Neymar já conseguiu...

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Pelé foi enganado duas vezes por seus sócios. Daí seus traumas com dinheiro
Pelé foi enganado duas vezes por seus sócios. Daí seus traumas com dinheiro

São Paulo, Brasil

José Carlos Peres tem a certeza de que, se convencer Pelé a participar do projeto de reformulação da Vila Belmiro, a Bolton Coin, empresa especializada em criptomoedas, virão R$ 150 milhões de Dubai.

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Só que Pelé já mandou avisar que não cederá sua imagem 'de graça'. Quer saber como será sua participação comercialmente.

Pessoas muito próximas do maior jogador de todos os tempos entendem sua frieza ao falar sobre dinheiro. 


Mesmo aos 78 anos, ele jamais superou três traumas na vida.

O primeiro, na infância pobre. Ele ouvia encantado os relatos sobre o enorme talento que seu pai Dondinho tinha para jogar futebol. 


Atacante habilidoso, de grande explosão muscular e exímio cabeceador. Dondinho faria sua estreia pelo Atlético Mineiro contra o São Cristóvão.

O dia, 7 de agosto de 1940.


Ele já havia marcado um gol, quando sofreu uma entrada violenta do zagueiro Augusto da Costa. Rompeu os ligamentos do joelho direito. Sua carreira, promissora, naufragou.

Sua esposa Celeste estava grávida de três meses, de Pelé.

Dondinho teve que se tornar entregador de lenha e leite. 

De carroça.

Pelé chegou a passar fome em Bauru, para onde a família se mudou, depois de Pelé nascer em Três Corações. Ainda menino foi trabalhar como vendedor de amendoim e engraxate de sapatos.

Pelé e o empresário Pepe Gordo
Pelé e o empresário Pepe Gordo

Em uma noite ao ver sua mãe chorando, desesperada, por não ter o que oferecer como jantar, prometeu que seria rico e ofereceria para a família tudo o que seu pai não teve a sorte de oferecer.

Foi com essa missão que encarou a carreira de jogador. 

Mas veio o segundo trauma ao se mostrar excepcional no que fazia. Aconselhado pelo companheiro e grande amigo Zito, Pelé resolveu investir 40% do que ganhava em salários e publicidade, com um empresário chamado José Ozores Gonzales. Seu apelido, Pepe Gordo.

Foram mais de 20 anos, nas décadas de 60 e 70, perdendo dinheiro. Investindo em negócios que não tinha a menor ideia de como seriam geridos. 

A Sanitária Santista vendia material de construção, a Fiolax produzia fios de látex, a Sotel transportava combustível, a Assessoria Aduaneira atuava no setor de importação e exportação, a Incorporadora Neptuno construía prédios em Santos, e a Pelé Fisioterapia fazia tratamento de lesões. 

Pelé faliu de forma assustadora. Os registros da época garantem que Pepe Gordo teria desviado o dinheiro das empresas.

Quem se aproveitou das dívidas do maior jogador de todos os tempos foi João Havelange. Ele ofereceu dinheiro para que Pelé fosse seu cabo eleitoral na disputa da presidência da Fifa. Havelange também fez com que o camisa 10 da Seleção fosse simpático aos presidentes generais, que o cultuavam, e que o usaram para torná-los mais populares.

Havelange ajudou financeiramente Pelé. Exigiu proximidade com governo militar
Havelange ajudou financeiramente Pelé. Exigiu proximidade com governo militar

Pelé, tem de ser registrado, foi pressionado por Havelange e pela Ditadura Militar para disputar a Taça Independência, em 1972, torneio que festejava o sesquicentenário, 150 anos da declaração de independência do Brasil de Portugal.

E, principalmente, a Copa de 1974.

Ele foi firme, não queria desmanchar sua imagem de tricampeão mundial, conquistada no México. Sabia que o auge como atleta havia passado.

Mas não para jogar nos Estados Unidos. Assinou contrato com o New York Cosmos, equipe de futebol que pertencia à bilionária Time Warner. Pelé sabia que ganharia muito dinheiro atuando ao lado de grandes estrelas, veteranas como ele. E os adversários seriam fáceis. 

O plano da Time Warner era ajudar a difundir o futebol nos Estados Unidos. Como fonte de renda, como diversão para os latinos, cada vez mais presentes na economia norte-americana.

Pelé ficou entre 1975 e 1977.

O terceiro trauma de Pelé, relacionado a dinheiro, foi com seu sócio Hélio Viana. Depois que ele havia parado de jogar futebol decidiu formar a Pelé Spor­­ts&Mar­­keting. 

A empresa cuidaria dos vários contratos usando sua imagem e também da administração e direitos de transmissão, publicidade de campeonatos no Brasil.

O rompimento com Viana foi escandaloso.

Pelé se veste de rei para vender. Virou exímio garoto-propaganda
Pelé se veste de rei para vender. Virou exímio garoto-propaganda

Com sérias acusações.

Depois de quase duas décadas de relacionamento, Pelé instruiu advogados para expulsar Viana da sociedade.

Foi o que aconteceu em 2001. Este é um trecho do pedido do fim de sociedade na Junta Comercial do Rio de Janeiro.

'Ele não precisava fazer o que fez. Fui traído.'

"Com fundamento no disposto na Cláusula 9 - Exclusão - itens (a) e (c) do contrato social, é excluído da sociedade o sócio Hélio Viana de Freitas (...) por grave violação dos direitos associativos, notadamente abuso, prevaricação e incontinência de conduta e infração e falta de cumprimento com os deveres de sócio"

A gota d'água foi a acusação de Pelé de Helio Viana aceitar US$ 700 mil para a participação do ex-jogador em um evento da Unicef. Receber o dinheiro, o transferir para uma conta nas Ilhas Virgens, paraíso fiscal, e nem avisar Pelé.

"Ele não precisava fazer o que fez. Fui traído", disse o ex-atleta.

Desde então, Pelé tem um cuidado absoluto com seu dinheiro. É protegido por um escritório internacional de advocacia. Em última instância ele é quem decide o que fazer, onde investir. 

E, sabe, melhor do que ninguém, quanto vale sua imagem.

O patrimônio de Pelé é calculado em R$ 80 milhões.

Pelé segue tentando compensar o que não ganhou em campo com publicidade
Pelé segue tentando compensar o que não ganhou em campo com publicidade

Apesar disso, não vive em paz.

Ele segue obcecado em não voltar a ser pobre.

E nem enganado por sócios.

Há uma pessoa que estudou todos os altos e baixos financeiros de Pelé.

Ela se chama Neymar da Silva Santos. O pai do melhor jogador brasileiro desde 2010. 

'Neymar pai' soube de todo o sufoco que Pelé viveu. E jurou a si mesmo que o mesmo não aconteceria com seu filho. Por isso, decidiu se tornar seu empresário, apesar da inúmeras críticas pelas escolhas que fez. Como trocar o Barcelona pelo PSG.

O filho só quer saber de jogar futebol e o segue cegamente.

Tem valido a pena.

Ao sair do Barcelona, em agosto de 2017, ele já havia acumulado R$ 566 milhões.

O patrimônio de Neymar passou dos R$ 800 milhões.

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Aos 27 anos tem mais do que dez vezes o que Pelé acumulou a vida toda.

E tem tudo para ganhar ainda mais. 

Deve chegar ao seu primeiro bilhão de reais, no máximo, em 2020.

Jamais o Brasil teve um jogador de futebol bilionário.

A France Football revelou que o camisa 10 de Tite recebe 48,9 milhões de euros (R$ 211,9 milhões) anuais. Sem os bônus e prêmios especiais do PSG. E, principalmente, publicidade.

Acrescidos, o valor chega a inacreditáveis 91,5 milhões de euros (R$ 395 milhões).

Mais de R$ 1 milhão por dia.

Neymar nunca foi o melhor do mundo.

Nem sequer chegou à final de uma Copa.

Foi deixado de lado, em 2010.

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Em campo, chegou apenas às oitavas, em 2014.

Parou nas quartas, em 2018.

Com 27 anos, Pelé já havia conquistado duas Copas.

Mas financeiramente estava sendo enganado por sócios.

Nunca teve paz com seu dinheiro.

Só a partir dos 60 anos.

Ao contrário do quase bilionário Neymar.

A relação de Pelé e seu patrimônio está amarrada aos três traumas.

A pobreza da família e as duas vezes em que foi enganado por sócios.

Em 2010, o professor de Economia da Universidade Católica de Santos, José Pascoal Vaz, fez um exercício sobre o salário de Pelé para a revista Placar.

O camisa 10 do Santos ganhava NCr 5.000,00 (5 mil cruzeiros novos) mensais, entre outubro de 1969 e 1970. Era o maior salário de jogadores no Brasil.

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Corresponde a R$ 5,5 mil.

Pelé viveu preso ao Santos por conta da Lei do Passe. Por isso não jogou na Europa, além da pressão dos governos militares que o impediram de sair.

A possibilidade só veio depois de 1974, quando 'encerrou' sua carreira.

Dinheiro de verdade, só no Cosmos.

Troféu da Copa do Mundo para Neymar só no Museu da CBF
Troféu da Copa do Mundo para Neymar só no Museu da CBF

Em 1975, Pelé fez um contrato de US$ 2,5 milhões por ano.

R$ 9,6 milhões.

A festa financeira se encerrou em 1977.

Pelo menos na conta bancária, Neymar pode ter certeza.

Ele já foi muito além de Pelé.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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