Neymar quer ser amado como ídolo no Brasil. Mas a rejeição impera

São Paulo, Brasil

Francisco David dos Santos é um pernambucano que sonhava em viver no Rio de Janeiro, cercado de celebridades.

Muito pobre, trabalhava como 'empregado doméstico' para ajudar a família.

Quando soube que a família à qual servia ia de férias para o Rio, insistiu e acabou indo também.

Decidiu ficar.

Era caixa de churrascaria,mas falava tanto com os clientes, que seu patrão lhe deu uma missão mais importante.

Abrir e fechar a porta para os clientes.

Se tornou 'promoter'.

Além de ser engraçado, usando a gagueira como marca registrada, ele também conhece inúmeras atrizes e as mais belas mulheres do Rio de Janeiro. Grande atributo para se aproximar dos jogadores mais importantes do país.

Renato Gaúcho, Romário, Ronaldo.

Mas é com o camisa 10 do PSG que David Brazil tem seu maior desafio.

Não ajudar a ser escolhido o melhor jogador do mundo.

Nem a vencer a Champions com o PSG.

Muito menos conquistar a Copa com a Seleção.

Dar sua parcela para que seja ídolo no Brasil.

Neymar não suporta mais a rejeição no seu próprio país, apesar de ser o melhor jogador disparado de sua geração.

Aos 27 anos, sua popularidade está nas alturas. Tem mais de 210 milhões de seguidores nas redes sociais.

Mas suas páginas têm censura maior do que os veículos de comunicação da Coréia do Norte.

Há anos seu staff bloqueia comentários negativos sobre o jogador. 

Ficam visíveis apenas os elogios.

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O mesmo acontece nas redes sociais de seu pai, da sua mãe e, até pouco tempo, de Bruna Marquezine. Ao deixar de ser sua namorada, ela se reencontrou com a realidade.

Basta sair uma notícia ou matéria sobre Neymar nos portais brasileiros, que liberam comentários, e é sempre a mesma coisa. Crítica atrás de crítica. Na proporção de oito reprovações para dois elogios exagerados.

A imagem ruim foi ele mesmo quem construiu.

Mimado desde menino no Santos, ele acreditou que seria tratado como um rei o resto da vida. Não importando o que fizesse. 

Foram dez anos de excelente futebol, fracasso em duas Copas e péssimas atitudes.

A carreira de Dorival Júnior nunca mais foi a mesma depois que o enfrentou.

Avisou que todos 'teriam de engoli-lo" depois da conquista da medalha de ouro, no torneio mais fraco de futebol da história das Olimpíadas. Com direito à final com o time B da Alemanha.

Parou a volta olímpica para xingar e desafiar dois torcedores que o cobraram no Maracanã.

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Neymar estava acompanhado de seguranças da Seleção, lógico.

Fez pose ao lado do troféu da Copa do Mundo de 2002.

E avisou que iria buscar a taça da Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

O fracasso foi completo, terminando em virar chacota do mundo todo por simular faltas.

Sendo tendo em Tite uma figura dependente do seu futebol.

Como foram Mano Menezes, Dunga, Luiz Felipe Scolari.

Ele tem tudo que quis.

A camisa 10, que era de Oscar.

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O direito de cobrar todos os pênaltis e faltas na entrada da área.

Até escanteios, quando estiver disposto. 

Fez o favor de aceitar a tarja de capitão.

Tite garantiu que ele merecia por estar mais 'maduro' depois da Copa.

O treinador não explicou de onde veio a prova de maturidade.

O vexame ficou maior depois do pedido de 'desculpas', escrito por um publicitário para a Gillette.

Neymar leu, e muito mal, deixou mais artificial possível o que deveria ser espontâno.

"Trava de chuteira na panturrilha, joelhada na coluna, pisão no pé. Você pode achar que eu exagero, e às vezes eu exagero mesmo. Mas a real é que eu sofro dentro de campo. Agora, na boa, você não imagina o que eu passo fora dele. Quando eu saio sem dar entrevista, não é porque eu só quero os louros da vitória, mas porque eu ainda não aprendi a te decepcionar. Quando eu pareço malcriado, não é porque eu sou um moleque mimado, mas é porque eu não ainda não aprendi a me frustrar. Dentro de mim ainda existe um menino. Às vezes ele encanta o mundo, e às vezes ele irrita todo mundo.

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E minha luta é para manter esse menino vivo, mas dentro de mim, e não dentro de campo. Você pode achar que que eu caí demais, mas a verdade é que eu não caí. Eu desmoronei. Isso dói muito mais do que qualquer pisão ou tornozelo operado. Eu demorei para aceitar as suas críticas, eu demorei para me olhar no espelho e me transformar em um novo homem, mas hoje eu estou aqui, de cara limpa e de peito aberto. Eu caí, mas só quem cai pode se levantar.

Você pode continuar jogando pedra, ou pode jogar essas pedras fora e me ajudar a ficar de pé. E quando eu fico de pé, parça, o Brasil inteiro levanta comigo."

A repercussão foi tão ruim que a propaganda passou uma vez só.

O Santos, clube onde nasceu para o futebol, o processou por conta de sua transferência para o Barcelona.

O grupo DIS que o apoiou no início do profissionalismo também buscou a Justiça contra ele.

O ex-árbitro Sandro Meira Ricci o processou e ganhou.

Seu staff fez um vídeo ironizando críticas de Galvão Bueno, Casagrande, Milton Neves depois da conquista da medalha de ouro olímpica.

Não houve vídeo depois de seu fracasso na Copa, quando foi criticado por inúmeros jornalistas e ex-jogadores, como o trio que ironizou após a Olímpiada.

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Já foi vaiado com a camisa da Seleção em São Paulo, em Brasília, em Porto Alegre, em Salvador.

Posou no seu iate, nas suas mansões, no seu helicóptero, nos seus carros de luxo.

Ostentação desnecessária e gratuita.

Menosprezou a imprensa do mundo todo, principalmente a brasileira, no vexame da Seleção na Copa da Rússia.

Na mais recente pesquisa séria sobre Neymar, o Ibope apontou em julho de 2018, há nove meses, que sua rejeição na população do Brasil chegava a 68%.

Ídolo detestado.

Neymar percebeu.

Ele pode estar milionário, encantar Tite, fazer os jogadores da Seleção correrem e pensarem duas vezes e procurá-lo antes de chutar ao gol.

Mas segue rejeitado no Brasil.

Seu pai e empresário decidiu ajudá-lo.

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E enfrentou Casagrande, cujo grande pecado, foi chamar o filho de 'mimado'.

Após o programa de entrevistas no Sportv, os dois se aproximaram.

Neymar também fez a sua parte.

Depois de virar as costas para a imprensa nacional durante a Copa, aceitou a Globo para uma entrevista intimista. Com a repórter que ganhou não só a sua confiança como a de sua mãe, Nadine. 

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Glenda Kozlowski.

E Neymar aproveitou para mostrar o seu lado 'humano'.

Chorou ao falar de Messi.

Disse que iria avaliar se simulava ou não.

Apesar da segunda fratura no metatarso direito, Neymar está no Brasil.

Viajou da Europa para cá com o pé imobilizado.

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E enfrentará a viagem de volta.

Motivo nobre.

Passar o Carnaval.

David Brazil está ajudando o amigo.

E no Instagram mostra que o jogador mais caro do mundo já sabe o samba enredo da Grande Rio.

Mas ele já prometeu que não esticará a farra.

Estará na quarta-feira, dia 6, em Paris, para torcer pelo seu time contra o Manchester United, pela Champions League.

Ele lembra como pegou muito mal, no ano passado, ter assistido a partida que valia o título do francês ao PSG, enquanto jogava pôquer.

Enquanto ele tenta se acertar com a torcida francesa, sua preocupação por aqui, do outro lado do Atlântico é outra.

Faltam 104 dias para a Copa América.

Ele quer ser amado como um ídolo com a Seleção.

Não deseja mais vaias.

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Só que a reconstrução de sua imagem não será fácil.

Basta escrever seu nome em qualquer rede social.

Desde que os comentários sejam livres.

A rejeição estará clara e cruel.

Não será chorando para a Globo.

E nem decorando o samba enredo da Grande Rio, que tudo vai mudar.

Muito menos ganhando a fraca Copa América.

Até o empolgado David Brazil sabe...

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