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Cosme Rímoli - Blogs

Ódio e inveja no indecente coro no Maracanã. "Time de assassino"

Torcida do Fluminense chama o Flamengo de time 'time de assassinos', ontem à noite. 'Culpa' os jogadores pelo trágico incêndio que matou dez meninos

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Da arquibancada do Maracanã, o mais cruel coro. "Time de assassino"
Da arquibancada do Maracanã, o mais cruel coro. "Time de assassino"

São Paulo, Brasil

O Flamengo está em outro patamar.

É verdade.

A frase solta, raivosa de Bruno Henrique, após o clássico contra o Vasco, no Brasileiro de 2019, tinha a intenção de mostrar o poderio técnico e, principalmente, econômico do clube da Gávea.


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O campeão do Carioca, do Brasileiro e Libertadores do ano passado faturou R$ 857 milhões em 2019. O Vasco, bateu nos R$ 230 milhões. O Fluminense mal chegou em R$ 200 milhões. O Botafogo estagnou nos R$ 170 milhões.

A distância fica abismal em relação às dívidas.


O Flamengo tem R$ 410 milhões.

O Vasco acumula R$ 650 milhões.


O Fluminense já bateu nos R$ 730 milhões.

O Botafogo está com R$ 780 milhões negativos.

E a previsão é que essa diferença aumente ainda, em 2020.

Os torcedores rivais do Flamengo não podem estar contentes.

Sabem que será um período de sofrimento, pela diferença financeira que reflete no potencial técnico dos elencos.

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Mas ontem o golpe dado no Maracanã foi vil, baixo demais.

O coro nasceu nas organizadas do Fluminense.

E logo recebeu colaboração de torcedores tricolores 'comuns'.

Eles gritavam a todo pulmão, com ódio.

"Ooooooo, time de assassino...

"Ooooooo, time de assassino..."

Como os jovens jogadores do sub-20 do Flamengo tivessem culpa pelo terrível incêndio no Ninho do Urubu, no ano passado, onde morreram dez meninos, que foram dormir na concentração.

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A responsabilidade toda pela situação foi da diretoria do Flamengo. Ela colocou os meninos em um dormitório improvisado, formado na junção de contêineres, adaptados. Sem alarme de incêndio. Só com uma saída.

Até mesmo o time profissional já havia dormido naquela armadilha.

Os dirigentes deveriam ser punidos, se a legislação não fosse tão frouxa. Evidente que ninguém queria aquela tragédia, mas a direção do Flamengo expôs aquelas vidas de forma irresponsável e escondida. No registro da prefeitura do Rio deveria haver um estacionamento e nunca uma concentração adaptada.

Flamengo domina o futebol do Rio de Janeiro. Ódio dos rivais precisa ter limite
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A postura da direção do Flamengo segue revoltante em relação às indenizações às famílias das vítimas. Recursos e mais recursos legais contra pessoas pobres, que apostavam o futuro financeiro em dez meninos que morreram. 

O clube deveria pagar o que o Ministério Público declarou ser justo e sair desse processo de maneira digna. Não seguir nesta postura mesquinha, tentando diminiur o valor de vidas humanas.

Essa é uma situação.

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Outra é a do time de futebol.

Chamar os jogadores do Flamengo de assassinos é algo deplorável.

Inaceitável.

A diretoria vai protestar junto à Federação Carioca.

O presidente Rubens Lopes vai analisar o que fazer.

Mas a rivalidade tem limites.

Usar a morte dos dez meninos no incêndio do Ninho do Urubu é revoltante
Usar a morte dos dez meninos no incêndio do Ninho do Urubu é revoltante

A inveja do momento do adversário tem de ser controlada.

Otrágico incêndio no Ninho do Urubu merece respeito.

Dignidade.

Assim como os jogadores do Flamengo.

Não são um 'time de assassinos'...

(A resposta do Fluminense foi digna.

Criticou o nojento coro.

Publicou um pedido de desculpas oficial.

Melhor assim...

"O Fluminense Football Club manifestou desde o primeiro momento sua solidariedade com as vítimas da tragédia ocorrida no Ninho do Urubu. Portanto, não pode deixar de registrar a inadequação da manifestação de parte de sua torcida ontem, no Fla-Flu, pois soou excessiva ao chamar o Flamengo de time de assassinos.

"O fato do clube da Gávea ainda não ter resolvido a questão com todas as famílias, o que não deve ser avaliado por nós, mas sim pelos órgãos competentes, não nos dá o direito de manifestações ofensivas neste sentido, até mesmo porque temos a certeza de que independentemente da responsabilização da instituição na esfera legal, não houve qualquer conduta intencional no triste incidente ocorrido.

"Aliás temos a certeza de que não só as famílias sofrem com o que ocorreu. O clube sofre, os funcionários sofrem e os dirigentes também. Seremos sempre solidários.

"O fortalecimento do futebol brasileiro passa pelo entendimento de que a paixão verdadeira, embora inevitavelmente distanciada da estrita racionalidade, não pode naturalizar a ofensa como forma de manifestação.

"Mas, sem abrir mão do pedido de desculpas em nome de sua torcida, o Fluminense aproveita o fato para fazer um apelo de que cessem atitudes semelhantes por parte de todas as torcidas.

"Sem nos estendermos, devemos lembrar casos passados e que não envolveram o Fluminense. Lembrar também de casos atuais.

"Em jogo recente contra o Flamengo, parte da torcida do Vasco entoou o mesmo cântico repetido ontem por parte da nossa torcida e não vimos qualquer repercussão ou cobrança da opinião pública e das mídias esportivas sobre o fato. Em síntese, não aceitamos que o Fluminense seja mais uma vez rotulado num caso onde todas as torcidas, sem exceção, estão envolvidas.

"Sem falar no racismo, na homofobia ou no insulto à honra que são costumeiros nos estádios por todo o mundo.

"O futebol vive da paixão, mas assim como na vida, não pode se deixar capturar por ela de forma a justificar todo o tipo de atitude inadequada.

"Por fim, após relembrar que casos como o de ontem são corriqueiros em todas a torcidas, rogamos para que os olhos e ouvidos da opinião pública e especialmente da imprensa esportiva, estejam sempre abertos e atentos a este tipo de conduta que envolva todo e qualquer clube de futebol.")

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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