Defesa de Bruno reconhece. Futebol do Brasil não perdoa um feminicida
Se a legislação no país é frouxa, a sociedade é mais rígida. Não aceita que o assassino confesso de Eliza Samudio volte ao futebol profissional
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Bruno estava tentando de tudo.
Colocou gorro de Papai Noel.
Sorteou luvas para seguidores.
Postou fotos com sua esposa e filha.
Homenagens como goleiro do Flamengo.
Vídeo malhando com a filha no colo.
Ao lado de fãs.
Imagens de treinos pesados.
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Bruno usou e abusou do seu instagram na tentativa de mudar sua imagem.
Convencer a todos que o perdoassem do crime bárbaro que arquitetou, o sequestro, assassinato e a ocultação do corpo de Eliza Samudio, em 2010, mãe do seu filho Bruno.
Mas como o blog vem relatando há anos, não há perdão no futebol para Bruno.
O país não aceita que retorne aos holofotes. Sirva de exemplo para crianças e adolescentes.
Alguns dirigentes, gananciosos de clubes pequenos, esquecidos da mídia, tentaram buscar a atenção contratando o jogador que ainda cumpre pena por assassinato.
Sem se importar com a pressão popular, com os protestos pelo feminicídio, eles só recuaram por dinheiro. Quando os patrocinadores ameaçaram deixar de pagar para terem suas marcas expostas. Não queriam seus logotipos na mesma camisa de Bruno.
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Não poder jogar futebol pelo assassinato de Eliza Samudio não é maldição. É um castigo até que leve, diante das frouxas leis brasileiras.
Fosse em outros países, como os Estados Unidos, Bruno cumpriria prisão perpétua, trancado na cadeia, ou até correria o risco de pena de morte.
A advogada de defesa, Mariana Migliorini, admitiu à Record News. Não há como Bruno voltar a jogar futebol profissionalmente, como quer.
A negativa da direção do Operário de Mato Grosso, depois de jatinho reservado, camisa separada, coletiva organizada, foi a gota d'água. O clube recuou porque três patrocinadores iriam embora assim que Bruno assinasse contrato.
O mesmo aconteceu no Poços de Caldas, no Fluminense de Feira de Santana, no Tupi.
Esses clubes pequenos viraram as costas para o jogador.
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O que não deixa de ser irônico.
Em 2010, quando arquitetou a morte de Eliza Samudio, Bruno era um dos jogadores mais cobiçados do país. Seria testado na Seleção Brasileira, depois do fracasso na África do Sul. Estava encaminhada sua negociação do Flamengo para o Milan.
Ele recebia R$ 150 mil mensais na Gávea.
Mas ele não tolerava o fato de ser cobrado publicamente pela pensão que deveria pagar pelo filho.
E tomou a absurda decisão.
Foi preso, condenado a 20 anos e nove meses.
Ficou na cadeia por nove anos.
E agora, está no regime semiaberto.
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Tem a obrigação de trabalhar.
Além disso, pagar 17,5% do que receber para seu filho Bruno, que jamais viu. E nem quer ver.
O menino tem medo dele. Seu receio é ser assassinado como foi a mãe. Bruninho já garantiu que, quando puder, vai mudar seu nome. Deseja se chamar Gabriel.
Não quer mais ser homônimo do assassino de usa mãe.
“Acredito que Bruno deve trabalhar fora de holofote.
"Essa é a percepção da defesa", assume a advogada de Bruno.
Ele também parou de postar fotos 'simpáticas, alegres', no seu Instagram.
O futebol deu uma lição para o Poder Judiciário deste país, com sua legislação tão frouxa.
Fechou as portas para Bruno.
Não aceita de volta uma pessoa que arquitetou, a sangue frio, assassinato, sequestro e ocultação do corpo da mulher com quem teve um filho.
Ele que reconstrua sua vida.
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Trabalhe do que for.
Mas não na profissão que é fábrica de ídolos.
Como vibrar, torcer, seguir o exemplo de um confesso feminicida?
Só dirigentes gananciosos podem acredita neste absurdo.
O futebol brasileiro não o quer de volta.
Este é o exemplo que fica.
Pelo menos, Bruno deveria pensar.
Ao menos está vivo.
Tem mulher e filha ao seu lado.
E Eliza?
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