O prazer de voltar a ser Corinthians. O depressivo Carille não deixava
Muito mais do que a goleada por 4 a 1 no Botafogo, a personalidade do time encantou a torcida. Tiago Nunes sabe. Medo não combina com Corinthians
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Assim que acabou a estreia do Corinthians, contra o Botafogo, Andrés Sanchez estava mais contente do que qualquer jogador.
Até mesmo do que o técnico Tiago Nunes.
Mesmo com a dificuldade pela liberação dos 6 milhões de euros, cerca de R$ 27, 7milhões para dar ao Athletico por Rony.
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E a possibilidade real de o jogador ser anunciado pelo Palmeiras.
A euforia de Andrés, demonstrada para seus parceiros mais íntimos, estava na maneira com que o Corinthians goleou o Botafogo por 4 a 1.
Nunes fez o time pressionar, buscar o gol o tempo todo.
Transformou o Itaquerão em uma réplica do que fazia com o Athletico na Arena da Baixada.
E os três gols de Boselli deixaram escancarado o que Andrés dizia no ano passado, mesmo com a conquista do Paulista.
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Fábio Carille não era treinador para o Corinthians.
Andrés lembrou que o argentino já tinha deixado claro que, se Carille seguisse, ele não estaria no clube em 2020.
Havia se cansado do esquema defensivo, acovardado que o então técnico havia escolhido, e não abria mão, de usar no Corinthians.
"Por que temos poucas chances de gol? Tem que perguntar ao treinador. Os atacantes dos outros times têm três ou quatro chances.
"Aqui não tenho.
"Não passa pelo nome, eu, Love, ou Gustavo, mas pelo esquema e funcionamento, passa pelo time ser mais ofensivo", disse, sem medo, Boselli, em outubro do ano passado.
Com a troca de Carille por Tiago, não só Boselli, mas como os jogadores corintianos se transformaram.
O clima no Parque São Jorge é muito diferente.
A ambição por vencer não sacrifica a vontade de buscar gols. O time não aceita a superioridade tática ou técnica do adversário. De forma compacta, intensa, vibrante, luta pelo controle do jogo. Busca a meta adversária.
Lógico que, a fragilidade do adversário colaborou ontem. O Botafogo de Ribeirão Preto perdeu a força financeira, não tem como competir de igual para igual com os grandes de São Paulo. É um clube da Série B no Brasileiro.
Mas, descontando a desigualdade técnica, o Corinthians venceu porque redescobriu a felicidade de atacar. O trabalho de Tiago Nunes ainda está muito no início.
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Só que é possível perceber as triangulações pelos lados, a troca de posição do meio para a frente, a volúpia quando o time perde a posse de bola. A intensidade na marcação. Não para apenas se defender.
Não há mais medo de ter a bola nos pés.
A mudança é de filosofia.
Boselli, Vagner Love, Gustagol.
Não são primores de atacantes. Longe disso. Mas se o time construir chances de gols, eles têm condições de marcar. A bola precisava chegar nos jogadores. Os meias tinham de procurá-los, como os volantes, os laterais. E eles se movimentarem, preocupados em atacar, não em marcar zagueiros.
Carille tem 46 anos. É jovem para a profissão. Em pouco mais de três anos de profissão, como comandante, foi tricampeão paulista e campeão brasileiro.
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Ele se acomodou com a fórmula defensiva que descobriu para superar a fragilidade técnica dos jogadores que Andrés ofereceu em 2019.
E, importante, caiu na tentação de se achar mais importante do que o time. Os atletas, que já não estavam satisfeitos em só defender, aproveitaram para criar um ambiente insuportável.
Andrés o despachou sem dó.
Carille está desempregado, deprimido, se sentindo injustiçados, revelam seus poucos amigos no futebol.
Mas ele tem a chance de estudar, se reinventar. Aprimorar a sua competente visão de preenchimento de espaços, que aprendeu com Tite e Mano. E descobrir o prazer de atacar, brigar para ter o comando do jogo. Não ser apenas 'reativo'. Garantir o salário com contragolpes.
Tiago Nunes percebeu o que todos no Parque São Jorge queriam, precisavam.
Pode ser que não conquiste nada na sua passagem pelo clube.
Mas os torcedores redescobriram a identidade.
Perceberam o clube que nasceu para atacar.
Tenha Boselli, Gustagol, Love, Roni.
Ou Geraldão Manteiga.
A palavra medo não combina com o Corinthians...
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