Nesta guerra, Neymar nas mãos do PSG. Não há multa rescisória
O jogador quer ir para o Barcelona. Não se reapresentou ao PSG. Faz parte de estratégia para pressionar a venda. A Catalunha dividida pelo brasileiro
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Leonardo é um ex-jogador importante.
Atuou no Flamengo, São Paulo, Valencia, Kashima Antlers, PSG, Milan, São Paulo, Flamengo, Milan.
Presença constante na Seleção Brasileira.
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Foi técnico do Milan, da Inter, do Antalyaspor.
E dirigente também do Milan e volta a ser do PSG.
Ele sabe bem a maneira de agir do jogador.
Na ríspida entrevista sobre Neymar, deixa claro que entende o que tem todas as característica de uma velha estratégia.
Não se reapresentar ao clube para tornar o clima insuportável.
Forçar sua venda, embora tenha mais três anos de contrato.
"Todo mundo sabe (o que ele quer: voltar para o Barcelona). A posição dele está clara para todos os envolvidos. Mas uma coisa é concreta hoje: ele ainda tem três anos de contrato conosco. E já que não recebemos nenhuma proposta, não podemos discutir isso.
"Ele não apareceu na reapresentação. Ele deveria ter chegado, mas não chegou. Mas ele sabia que deveria estar aqui. Nós vamos estudar as medidas que podem ser tomadas como faríamos com qualquer empregado.
"Quando um jogador quer deixar o clube, e eu não estou falando do caso do Neymar em particular, é o normal do futebol. Por que isso deve ter tratado como uma desgraça? Como se o clube tivesse falhado em convencer o jogador a ficar. Como se fosse culpa do clube.
"E no caso do Neymar, que não compareceu à reapresentação, ainda vai ser responsabilidade do clube se o problema não for resolvido? Não. Se o jogador chega atrasado, a culpa é dele.
"O PSG quer confiar em jogadores que desejam ficar e construir algo grande. Nós não precisamos de jogadores que acreditam estar fazendo um favor ficando no clube."
As palavras de Leonardo foram para o jornal Le Parisien.
Ele assumiu o que Neymar não fala publicamente, mas que todos que estão ao seu redor sabem. O desejo obsessivo de voltar ao Barcelona.
Com direito a infantilidades, como o seu amigo e surfista Gabriel Medina escrever um comentário na página "Instaplaysss" do Instagram. Ele sabia: seria lido por milhões do seu seguidores.
Nela, há a foto de Neymar e Messi juntos, pelo Barcelona.
O comentário de Medina: "não vejo a hora".
Ou seja, para o surfista, escrever há três semanas que não via a hora de Neymar estar de volta ao Barcelona, é porque sabe muito bem o que seu amigo quer.
Só que Neymar está descobrindo que o mundo não age como ele gostaria.
O Barcelona tem uma cartilha rígida, um código de conduta.
Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho foram negociados no auge de sua forma pelo clube catalão. O motivo foi o mesmo. Os dirigentes não toleraram suas farras. Preferiram abrir mão do futebol dos brasileiros, em nome da disciplina, às regras dos jogadores.
E mais do que tudo: o dano à imagem do clube.
O Barcelona representa a Catalunha, região que pretende se separar da Espanha e virar um país independente. O futebol serve como propaganda à causa.
Neymar era outra pessoa quando atuava no Barcelona.
As festas eram contidas. As farras não eram escancaradas. Não havia socos na cara de torcedor. Escândalo sexual, acusação de estupro. Nem provocações a jogadores adversários. Nem o direito de bater todos os pênaltis e faltas. Muito menos privilégios táticos.
Por tudo isso, a torcida do Barcelona está dividida em relação à volta do jogador. Assim como a própria diretoria do clube.
O vice-presidente Jordi Mestre pediu demissão por conta da vontade do presidente Josep Maria Bartomeu de recontratar o atleta.
O presidente da Liga Espanhola, Javier Tebas, foi direto.
"Prefiro outros tipos de jogadores. Neymar é um grande jogador, mas, se não dá exemplo fora de campo, prefiro que não volte à La Liga."
Bartolomeu tem dois jogadores fundamentais que pediram o retorno de Neymar: Messi e Suárez.
Só que o dirigente não está disposto a pagar os 222 milhões de euros, atuais R$ 949 milhões, que recebeu em 2017. Está disposto a investir muito menos. E colocar Phillipe Coutinho para amortizar o preço.
Mas o dirigente catalão não foi bem recebido por Leonardo, na primeira investida.
Nasser Al-Khelaïfi, dono do clube francês, está profundamente decepcionado com Neymar. E está disposto a dificultar a negociação.
Ele suportou as farras do jogador, os tratamentos de suas duas fraturas na mansão de Mangaratiba, no Rio de Janeiro.
As fotos tomando cerveja.
As dancinhas, as festas, com o pé imobilizado, fraturado.
As muletas para o alto.
Nasser acreditava que Neymar seria o garoto-propaganda perfeito para a Copa no Qatar, levaria o PSG à conquista da Champions e ainda ganharia a Bola de Ouro como o melhor do mundo pelo clube.
Nada disso aconteceu.
O clube francês virou motivo de chacota pela permissividade, privilégios dados a Neymar.
E há um ingrediente explosivo nesta situação.
Na França, os clubes não são obrigados a fixar o valor do passe de seus jogadores.
Ou seja, Nasser Al-Khelaïfi pode cobrar o quanto quiser por Neymar.
E ele ficar preso ao clube até 2022.
Está no contrato do jogador brasileiro.
A primeira providência do qatariano foi mandar multá-lo por não se reapresentar ontem, com o time.
Além dessa enorme dificuldade, o Barcelona analisa o quanto vale a pena contratar um jogador tão problemático, dois anos mais velho e com duas fraturas no quinto metatarso do pé direito.
No planejamento do clube, o atacante midiático a chegar seria Griezmann, atacante francês campeão do mundo. Está tudo certo entre ele e o clube catalão.
Mas surgiu Neymar.
Em dezembro de 2018, o jornal Mundo Deportivo, da Catalunha, fez uma pesquisa e 67,66% dos torcedores não queriam Neymar de volta.
A percepção da mídia espanhola é que ainda a rejeição da torcida é grande, principalmente pela maneira que ele saiu em 2017, com o PSG pagando a multa rescisória e ele sem dar grandes satisfações.
Neymar falou por telefone com Leonardo e disse, com todas as letras, que quer jogar no Barcelona.
Só que a negociação é complicada.
E, como em todos os clubes que saiu, o brasileiro já criou muito ressentimento contra ele no PSG.
Nasser Al-Khelaïfi é conhecido por seus bilhões de euros e pelo gênio forte.
Se não quiser vender Neymar, não vai vender.
O dinheiro não fará falta.
Ele está irritadíssimo pela não reapresentação de Neymar.
O clube voltou aos treinos ontem.
Nasser e Leonardo sabem o que brasileiro está fazendo.
Pressionando para que o vendam.
A diretoria do Barcelona e a imprensa espanhola também estão vendo como Neymar está agindo.
E sabem que não é a maneira correta.
Ele está conseguindo piorar sua imagem na Europa
Zidane vetou seu nome no Real Madrid.
Não queria um jogador problemático.
Muito triste e mal conduzida a carreira.
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