Tite terá pouco tempo para comemorar conquista
Nayra Halm/Agência Estado/07-07-19Muito se fala a respeito do baixo nível técnico da Copa América. Mas, se for levada em conta a qualidade das seleções sul-americanas nos anos 60, 70 e 80, pode-se constatar que houve uma ascensão técnica que provocou um equilíbrio de forças.
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E é dentro deste equilíbrio de forças que o Brasil entrará para, muito mais do que confirmar o título da Copa América, garantir a classificação para a próxima Copa do Mundo, em 2022, no Qatar.
Pesa contra o treinador Tite o fato dele não ter mais aquele "efeito surpresa" que deu uma áurea de imbatível à seleção brasileira, assim que ele assumiu.
Estimulados, os jogadores aproveitaram o embalo e a seleção saiu da sexta colocação para se classificar para a Copa de 2018 com a melhor campanha das Eliminatórias.
Na Copa do Mundo, no entanto, o futebol do time murchou e o Brasil acabou eliminado pela Bélgica, nas quartas.
Agora, mesmo com o título da Copa América e uma defesa estruturada, o time deixou a desejar em alguns momentos, no que se refere à criação e finalização de jogadas.
Maior equilíbrio
Em comparação com o futebol europeu, o sul-americano teve uma evolução menor. Mesmo assim, houve uma diminuição da defasagem entre as seleções tradicionais e as consideradas mais fracas.
Na Europa, a evolução do futebol foi mais intensa, mas a defasagem entre equipes mais fortes e as de pouca tradição se manteve mais ou menos estável. Assim como nos anos 60, por exemplo, dificilmente a seleção de Liechenstein vai tirar pontos de uma Itália ou Inglaterra.
Já no território sul-americano, a Colômbia, por exemplo, que já perdeu por 6 a 0 em Eliminatórias contra o Brasil, nos anos 70, venceu a Argentina na última Copa América e há tempos se consolidou como seleção que joga de igual para igual com seus adversários.
Assim como o Chile e o Peru, que salvo exceções nas décadas de 60 e 70, nunca eram favoritos diante de Brasil, Uruguai e Argentina.
Isso sem contar a Venezuela que, no início dos anos 2000, ainda era um país incipiente no futebol e hoje já dificulta e muito o jogo para os seus adversários, seja ele quem for.
As disputas começarão um pouco mais tarde. Se fosse mantido o calendário dos últimos mundiais, elas teriam início em setembro próximo, mas, como a Copa do Qatar ocorrerá entre novembro e dezembro, em função do calor local, os jogos eliminatórios no continente só ocorrerão a partir de março próximo.
Até lá, Tite terá tempo para testar novas formações, em amistosos. O primeiro será contra a Colômbia, no dia 6 de setembro, em Miami. Em seguida, a seleção brasileira terá uma espécie de revanche contra o Peru, em Los Angeles, no dia 10 de setembro.
Já serão dois testes difíceis, que servirão como um outro termômetro dos perigos que o Brasil terá pela frente nas Eliminatórias.
O treinador brasileiro, neste sentido, terá se deixar para trás a emplogação com a conquista da Copa América e pensar em como encaixar nomes como Lucas Paquetá, Vinícius Júnior, Rodrygo, para dar versatilidade à equipe. Além de contar com o retorno de Neymar.
É importante que o time apresente soluções criativas que, muitas vezes, não encontrou na última Copa América, para não ser supreendido nas Eliminatórias.
Classificam-se as quatro primeiras seleções, entre 18, em uma disputa por pontos corridos. A quinta colocada irá disputar uma repescagem com uma seleção da Oceania.
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