Dirigentes não gostaram de Ceni indicar Corinthians e Atlético como exemplo. Vão cobrar explicações
Treinador desabafou ontem sua irritação por saber que o São Paulo não tem dinheiro para grandes contratações. Insinuou seguir o caminho do Corinthians e do Atlético. Técnico não está garantido para 2022
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
O presidente do São Paulo, Julio Casares, e o presidente do Conselho Deliberativo, Olten Ayres de Abreu Junior, ficaram profundamente incomodados com as declarações de Rogério Ceni, ontem, após a vitória contra o Juventude.
Se sentiram pressionados publicamente para contratar ou o técnico, o maior ídolo da história do clube, irá embora.
A ameaça foi clara, explícita.
Pior do que ela, só a comparação clara com o trabalho vitorioso da diretoria do Corinthians e do Atlético que, mesmo com o clube profundamente endividado, encontraram soluções para reforçar seus elencos.
Os mineiros foram campeões do Brasil, depois de 50 anos. Mesmo devendo cerca de R$ 1,2 bilhão. O Corinthians, de acordo com o candidato derrotado à presidência, Mario Gobbi, acumula R$ 1 bilhão em dívidas. E mesmo assim se classificou para a Libertadores, na fase de grupos, contratando, durante o Brasileiro, quatro grandes jogadores: Roger Guedes, Renato Augusto, Giuliano e Willian.
"Claro que esbarra nas dificuldades financeiras, como falamos, mas temos outros clubes com as mesmas dificuldades, fizeram grandes contratações e conseguiram levar seus times a lugares inesperados em meio de campeonato", esta resposta na coletiva de ontem incomodou Casares e Olten Ayres, muito mais do que Rogério Ceni dizer que não "tem planos para 2022".
Já houve um primeiro contato, superficial, para esclarecimentos.
Ceni está mesmo incomodado com a perspectiva de não ter grandes reforços para 2022. E ter um ano difícil pela frente. Principalmente sofrendo a concorrência na cidade de São Paulo, com os rivais Palmeiras e Corinthians, com elencos poderosos.
Ceni trabalhou no Flamengo neste ano. Ganhou a Supercopa do Brasil, o Carioca, o Brasileiro. Ele queria voltar ao São Paulo para seguir conquistando títulos. Já percebeu, como publicou o blog, o clube deve R$ 700 milhões. E não quer seguir o exemplo do Corinthians, contratar atletas importantes mesmo assim. Ou buscar mecenas, como fez o Atlético, com o clube mergulhado em dívidas.
O maior ídolo do São Paulo não quer servir de escudo da diretoria, como aconteceu na sua primeira passagem como treinador do clube, quando foi usado pelo ex-presidente Leco até como cabo eleitoral. E despachado sem piedade, depois de o dirigente fazer um profundo desmanche no elenco, vendendo atletas fundamentais à Europa.
O clima entre Ceni e os dirigentes realmente não é bom.
O treinador não quer um time fraco para trabalhar em 2022.
E a diretoria não deseja um técnico insatisfeito.
A reunião de hoje à tarde pode até acomodar as coisas.
Por enquanto...
Mas a situação é mais profunda do que parece...
(O encontro não aconteceu na tarde desta terça-feira.
Por conta do envolvimento do técnico e dos jogadores com a partida diante do América Mineiro, dirigentes deixaram para conversar com Rogério Ceni após o confronto de quinta-feira.
Há a multa de rescisão envolvida.
Se o treinador quiser ir embora, terá de pagar...)