Como Tardelli, a melhor contratação de 2019, foi parar no Grêmio
O Atlético não teve como bancar R$ 1 milhão por mês. Corinthians apostou em Love e o Flamengo no Gabigol. Melhor para o time de Renato Gaúcho
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
32 anos de carreira.
65 anos de vida.
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Ser treinador de futebol trouxe a estabilidade financeira que os 15 anos como jogador não garantiram.
Com várias passagens por clubes grandes brasileiros, uma incursão na Arábia e duas no Japão deram a possibilidade de o treinador resolver financeiramente a sua vida e de sua família.
Por isso, se sente à vontade para falar quase tudo o que pensa.
E não poderia ser mais direto em prático, em relação à perda de Diego Tardelli, seu grande sonho em 2019, para o Grêmio.
"Todos nós gostaríamos de contar com o Tardelli, é um jogador de alto nível técnico e que encaixaria no time. Mas entre escolher um jogador e deixar todos com problemas de pagamento. O pagamento está atrasado.
Você ainda quer trazer um jogador recebendo um milhão (de reais) por mês? Todo mundo gostaria, é um sonho, mas se eu fosse o presidente jamais traria. Tenho outras contas para pagar.
O ambiente pode ficar ruim por uma coisas dessas, a carga nele (Tardelli) também seria ruim. Parabéns para quem conseguiu contratar, é um ótimo jogador. Mas a minha opinião é que a diretoria agiu de forma correta."
Tão dolorida quanto reveladora sua declaração após a vitória do Atlético Mineiro, diante do Danúbio, por 3 a 2. Resultado que classificou o time para o confronto com o Defensor, também uruguaio, por uma vaga na fase de grupos da Libertadores.
Levir lançou o livro "Um burro com sorte", onde conta detalhes de sua carreira.
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E como um dos técnico mais vividos do país, ele sabe que tudo envolvendo uma terceira passagem de Diego Tardelli seria catastrófico para o time.
Não que a equipe não precise das arrancadas, do oportunismo, do posicionamento na área, da confiança que o jogador exala com a camisa atleticana.
Mas ele ponderou com o presidente Sérgio Sette Câmara. O dirigente deixou claro que não haveria como pagar R$ 1 milhão a cada 30 dias para o atacante. E por três anos.
O Atlético chegou a R$ 800 mil. Por duas temporadas. Porque já tem 33 anos.
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Levir teve uma postura sensata.
Deixou claro que era melhor abrir mão do jogador.
Por um motivo muito simples. Não teria como controlar a insatisfação de estrelas como Ricardo Oliveira, Elias, Victor, Cazares, e jogadores importantes e vividos como Fábio Santos e Rever.
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Por melhor índole que todos têm seria chamar o caos. A gritante diferença de salários de um jogador costuma ser o veneno mais letal para qualquer vestiário.
Além disso, a realidade ficou ainda mais dura. O clube de Belo Horizonte está com atraso salarial. Neste cenário, a vinda de uma jogador caríssimo seria pura provocação.
Tardelli cumpriu sua palavra. Deu a prioridade para o Atlético Mineiro. Mas fez seu preço. Quando Sérgio Setter Câmara disse abertamente que era 'caro demais', o Grêmio entrou em ação.
Léo Moura e Renato Gaúcho trabalharam em conjunto para convencer o atacante a jogar pelo Grêmio. E o treinador foi muito esperto com os dirigentes.
Que repassassem Jael para o FC Tokyo. O clube receberia entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões. E deixaria de pagar os salários de R$ 250 mil.
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E o Grêmio conseguiu fechar com o atacante. Entre salários e luvas parceladas, o jogador ganhará R$ 1 milhão que tanto queria. E não haverá problemas de ego no Olímpico. Jeromel e Luan recebem a mesma quantia.
O Corinthians e o Flamengo que sonhavam com o jogador, desde 2018, desistiram de esperar. Ele aguardou o quanto pôde para saber se surgiria um clube chinês para pagar salários excepcionais. Por isso Love foi para o Parque São Jorge e Gabigol para a Gávea. Tardelli só ficou livre para negociar na semana passada.
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Renato Gaúcho está empolgado.
Acredita que conseguiu o melhor reforço do país nesta janela.
Levir Culpi, conformado.
Seu vestiário foi preservado.
Mas sabe: perdeu um ótimo atacante.
O Atlético Mineiro fez o que pôde.
O bom senso decidiu o destino de Tardelli...
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