'Papo reto' com organizada. Pato, Jardine na guilhotina. É o São Paulo
São Paulo sem rumo, em plena crise. Torcida organizada revelou cobrança aos já tensos jogadores. Conselheiros pressionam pela saída de Jardine
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
André Jardine tem mínimas chances de sobreviver no São Paulo, em caso de eliminação na Libertadores, quarta-feira, contra o Talleres.
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O inseguro Leco e Raí estão assustados com as cobranças. Não esperavam tanta pressão de conselheiros, companheiros de diretoria e membros de organizadas.
Ninguém aceita uma eliminação precoce, na 'pré-pré Libertadores'. Perder o principal objetivo de 2019 ainda em fevereiro. A sucessão de péssimos resultados, desde que o inexperiente Jardine assumiu é pesada demais.
O inseguro Leco havia garantido, no final do Brasileiro de 2018, que Jardine seria o técnico para essa temporada. Raí fez questão de garantir o técnico logo após a vexatória derrota para o Talleres, em Córdoba, por 2 a 0.
Mesmo sabendo que Jardine colocaria reservas importantes em Campinas, no jogo contra a Ponte Preta, a derrota de sábado foi mais um motivo de críticas, reclamações, queixas.
Não só as derrotas se acumulam.
Mas é assustadora a falta de rumo do time.
Nao há um sistema tático definido.
O time não é 'reativo', optando pelos contragolpes.
Muito menos tem a proposta de jogo, o domínio da bola, como Jardine prometia.
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Os jogadores se mostram 'perdidos' durante as últimas partidas.
Não sabem se atacam, se fecham as intermediárias, se marcam sob pressão.
Há vários atletas que se desgastam precocemente, correndo errado, e terminam cansados. Trazendo o velho espectro da 'apatia', que tanto atormenta o São Paulo nos últimos anos.
Na verdade é a pressão de um tricampeão mundial não conseguir um título sequer há sete anos.
Jardine está agindo exatamente como fez Rogério Ceni, quando começou a trabalhar como técnico. Diante da pressão, os dois inexperientes escolheram negar a realidade.
André vê evolução na equipe, mesmo acumulando fracassos.
O clube tem como coordenador Vager Mancini, técnico que foi até campeão da Copa do Brasil.
É uma sombra interna.
Embora o sonho de companheiros do inseguro Leco segue sendo Cuca, recuperado de cirurgia cardíaca.
Para diminuir a tensão e desviar o foco, há a séria intenção do clube fazer uma grande contratação.
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Alexandre Pato.
Os contatos com o empresário Gilmar Veloz já aconteceram. O clube do Morumbi tem a preferência em relação ao Santos, apesar do convite de Jorge Sampaoli.
Mas tanto Pato quanto Veloz querem é cumprir o último ano de contrato com o Tianjin Quanjian. O brasileiro recebe a fábula de 10 milhões de euros, R$ 42 milhões, por ano.
Os chineses estão sem pagar o jogador há mais de dois meses, Veloz já tentou a rescisão amigável. Mas os chineses pagaram 18 milhões de euros, cerca de R$ 75 milhões. Não querem a simples dispensa.
Muito menos aceitam emprestar o atacante ao São Paulo, pagando metade do salário de R$ 3,5 milhões mensais. De jeito algum.
O inseguro Leco está encurralado.
Ele seguiu o conselho de Raí, bancou André Jardine, mesmo com os rivais apostando em técnicos experientes, vividos, como Felipão, Sampaoli. E mesmo Fábio Carille, que passou sete anos como auxiliar do Corinthians, antes de assumir como treinador.
Para piorar a situação, o presidente do São Paulo e seu executivo seguem em um erro primário.
Seguem pressionando, cobrando asperamente os jogadores.
E poupam o técnico que escolheram.
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Os atletas já estão tensos, ficaram irritados.
Não gostaram do encontro autorizado pela diretoria.
Na sexta-feira, ainda sob o efeito frustrante da derrota para o Talleres, a reunião com chefes da principal organizada, a Independente.
"O fechamento foi feito. Prometeram raça, se comprometeram com luta e tradição. Chegamos de Córdoba e fomos direto ao CT. Papo reto com Raí, Hernanes, Nenê, Arboleda, Diego Souza e Everton. Eles já sabem que cantaremos por eles. Falta saber se jogarão por nós", publicou a torcida nas suas redes sociais.
O clima no São Paulo está péssimo.
Na quarta-feira, o time precisa vencer por três gols o Talleres, para chegar à 'pré-Libertadores'.
Jardine promete uma equipe ofensiva, vibrante.
Aliás, ele prometeu muita coisa desde que assumiu, no final do Brasileiro passado.
E não cumpriu.
Frustrando Raí e, principalmente, o inseguro Leco.
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O dirigente já levou até conselheiros da oposição no voo para Córdoba, no avião fretado pelo São Paulo.
Está distribuindo cargo para seus adversários políticos.
Quer apoio em caso de eliminação na Libertadores, quarta-feira.
Demitir Jardine não significa muita coisa.
O inseguro Leco já demitiu Ricardo Gomes, Dorival Júnior, Rogério Ceni, Diego Aguirre.
Mandar embora um técnico inexperiente, que nunca disputou uma Libertadores, não é algo díficil.
O que o dirigente não abre mão é de seguir presidente.
Raí e Lugano precisam estar atentos.
Em caso de fracasso na 'pré-pré Libertadores', nem eles estão seguros.
O São Paulo está como o time.
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