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As peças do quebra-cabeças do perigoso conflito. Entre Tite e a CBF

Sochi e o fracasso das seleções de base foram fatais para Edu Gaspar. Caboclo toma o cargo de coordenador. Tite quer ficar. Mas está incomodado

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Tite está incomodado com a saída de seu braço direito, Edu Gaspar
Tite está incomodado com a saída de seu braço direito, Edu Gaspar

Rio de Janeiro, Brasil

Teresópolis

É preciso detalhar o quebra-cabeça que atinge a Comissão Técnica do Brasil.

Qual a lógica dos boatos de que Tite estaria disposto a abandonar o cargo, depois de, muito provavelmente, vencer a Copa América?


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O Peru, adversário da final de domingo no Maracanã, é muito fraco. 

Foi humilhado por 5 a 0 pela própria seleção, no jogo pela fase de grupos no Itaquerão.


Para entender a crise é preciso voltar a 20 de junho de 2016, o Brasil estava em sexto lugar nas Eliminatórias, despencava nas mãos inábeis do técnico Dunga e do coordenador Gilmar Rinaldi.

O então presidente Marco Polo del Nero estava acossado. 


Tite era unanimidade. 

Ele procurou o treinador do Corinthians. O dirigente estava desesperado. Ofereceu o cargo e o técnico se aconselhou com seu empresário Gilmar Veloz. A recomendação foi que aceitasse, mas não fosse 'sozinho'.

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Foi quando Tite exigiu que Edu Gaspar assumisse a coordenação técnica da seleção brasileira.

Além de Sylvinho como seu auxiliar 'na Europa'.

Del Nero não pensou duas vezes.

Aceitou, com direito a beijo no rosto do técnico e camisa com o nome da mãe de Tite, na posse oficial, diante da imprensa.

Marco Polo fez de conta que esqueceu que Adenor havia assinado, em dezembro de 2015, a petição #OcupaCBF, organizada pela ONG Atletas pelo Brasil e o Bom Senso FC. O pedido era simples: a saída de Del Nero da presidêcia da CBF.

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"Exigimos a renúncia definitiva de Marco Polo Del Nero e sua diretoria, seguida da convocação de eleições livres e democráticas para o comando da CBF", dizia a parte principal da petição.

Marco Polo engoliu em seco, mas não se esqueceu.

Tite classificou o Brasil para o Mundial, Del Nero foi banido. Mas fez seu sucessor Rogério Caboclo. 

O técnico perdeu a unanimidade com a fraca campanha na Copa do Mundo da Rússia e por ceder privilégios a Neymar.

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No Mundial houve um erro terrível no planejamento. A escolha da bela Sochi como base do Brasil na gigantesca Rússia. A cidade simplesmente não tinha jogos da seleção, ao contrário dos locais escolhidos pelos times mais fortes da Copa, que se pouparam pelo menos de um deslocamento, o que era ótimo na desgastante competição.

O responsável por Sochi foi Edu Gaspar.

Edu Gaspar desprezou o fato de o Brasil não jogar em Sochi. Erro fatal
Edu Gaspar desprezou o fato de o Brasil não jogar em Sochi. Erro fatal

O fracasso das seleções de base també foi creditado a ele.

A pressão de Caboclo para que renunciasse era enorme. E assim que surgiu o interesse do Arsenal, Gaspar aceitou para ter uma saída digna depois da Copa América.

Sylvinho percebeu a falta de respaldo. E mesmo nomeado como treinador da seleção olímpica, ele percebeu que o clima mudou radicalmente depois da Copa do Mndo. 

Virou as costas para o time olímpico e foi dirigir o Lyon. Não acreditou na possibilidade de suceder Tite, depois de 2022, como era cogitado antes da Rússia.

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Tite viu seus dois grandes parceiros saindo.

E quis escolher o sucessor de Edu Gaspar, assim como havia feito ao aceitar trabalhar na Seleção.

Foi quando o nome de Duílio Monteiro Alves, diretor do Corinthians, passou a circular na CBF.

Só que a lógica de Caboclo, orientado ou não por Del Nero, foi cruel.

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Tite não escolheria de novo o seu 'chefe imediato'. Na hierarquia da CBF, o coordenador de seleções, é superior a Tite.

Duílio foi vetado.

Caboclo tinha dois nomes em consideração.

O primeiro foi perdido para o Qatar até 2022.

Cafu.

Ele aceitaria trabalhar como coordenador, mas o convite do país promotor da próxima Copa chegou antes. E ele virou embaixador do Mundial.

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O outro nome passou com louvor em um teste público.

Juninho Paulista, diretor de Desenvolvimento de Futebol na CBF, apresentou há seis dias um projeto de integração dos treinadores dos times da Série A. Ele mostrou suas ideias na sede da entidade, no Rio de Janeiro.

Brasil não foi disputar a Copa do Mundo sub-20. Vexame creditado a Edu
Brasil não foi disputar a Copa do Mundo sub-20. Vexame creditado a Edu

Rogério Caboclo e do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, também estavam presentes. 

Caboclo gostou muito da postura do jogador pentacampeão mundial.

Ele tem grande chance de suceder Edu Gaspar.

Mas Juninho não é próximo de Tite.

Esta situação incomoda o técnico.

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É um fato indiscutível.

Situação absolutamente diferente do que é com Edu Gaspar.

O atual coordenador está completamente alijado do atual planejamento da seleção na Copa América. Tanto que, ao contrário do que fez desde 2016, faz questão de ficar longe dos jornalistas. 

Não explica nada porque não sabe.

E porque não quer falar sobre seu futuro no Arsenal.

Sabe que sai sem deixar saudade entre os dirigentes da CBF.

Entre não estar feliz e querer ir embora há um abismo para Tite.

Faz parte do seu projeto de vida disputar o próximo Mundial com o Brasil.

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Acredita que os jogadores e ele chegarão muito mais amadurecidos do que em 2018.

A conquista da Copa América é um bom aval para começar com mais moral a disputa das Eliminatórias.

Tite tem assessor de imprensa pessoal, amigos, aliados no Corinthians, no Grêmio, na imprensa gaúcha, na paulista.

O seu descontentamento com o esvaziamento de sua Comissão Técnica deixou de ser segredo. 

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Tinha de ser exposto.

Mas faz parte dos seus planos seguir na seleção.

Só que ele estava acostumado a ter respaldo total.

Não há a garantia com Juninho Paulista ou quem assumir a coordenação de seleções.

Juninho Paulista tem grande chance de suceder Edu Gaspar. O cargo é de Caboclo
Juninho Paulista tem grande chance de suceder Edu Gaspar. O cargo é de Caboclo

O outro auxiliar, na vaga de Sylvinho, será escolhido por ele. Desta prerrogativa ele não abre mão.

Mas a situação é clara.

Caboclo tirará poder de Tite depois da Copa América.

Ele terá um chefe que deve satisfação primeiro à presidência da CBF.

E não ao técnico.

É uma transformação incômoda.

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Mas superável.

Caboclo está tranquilo.

Ele ofereceu a mão para Tite no pior momento.

Na eliminação da Copa do Mundo.

Tite aceitou e renovou contrato por quatro anos.

O mesmo não foi feito com Edu Gaspar.

E domingo à noite ele não será mais coordenador da seleção.

Caboclo já almoçou ontem com Tite, na Granja Comary.

Adiantou seus planos.

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E o treinador, mesmo incomodado, quer ficar.

O futebol europeu, seu sonho, despreza a Copa América.

O último trabalho de Tite a ser avaliado é o Mundial da Rússia.

Ou seja, ele segueria com campo na China, Japão e Arábia.

Além de times brasileiros.

Ficar até o Mundial de 2022 seria a chance de mostrar estar pronto para ser um dos mais cobiçados técnicos do planeta.

Gilmar Veloz não vê a saída como bom caminho.

Tite e Caboclo. A relação já foi muito mais afetuosa. O incômodo chegou
Tite e Caboclo. A relação já foi muito mais afetuosa. O incômodo chegou

As peças do quebra-cabeça são essas.

Por enquanto, elas se encaixam.

Tite permanece.

Mas mandou seu recado.

Está incomodado.

Só que a CBF mandou seu recado.

Quem comanda o futebol brasileiro é ela.

Ponto final...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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