A proteção de Tite a Neymar é constrangedora. Pior para a Seleção
A reação do principal jogador do Brasil, ao ser driblado no treino, foi vexatória. Tite não o reprimiu. Trocou o menino de time. Para fugir da ira de Neymar
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A felicidade de Weverton Guilherme era imensa.
O garoto de 19 anos, lateral direito da Seleção Brasileira sub-20, foi um dos dez jovens chamados por Tite para completar o time que chamou para a Copa América. Eles atuam nos treinos enquanto os atletas que faltam não se apresentam.
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Weverton atua no Cruzeiro, que é dono de 60% dos seus direitos, comprados por R$ 720 mil. Os 40% restantes são do Santa Cruz de Alagoas.
A primeira coisa que fez ao estar nos vestiários com os atletas consagrados foi pedir para tirar fotos. Postou. no seu instagram, fotos ao lado de Casemiro, Gabriel Jesus.
E a legenda mais caprichada guardou para a imagem com Neymar.
"Vivendo um sonho de criança
"BR. Glória a Deus por tudo..."
A euforia foi no domingo.
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Dois dias depois, em um treinamento tático, veio o confronto previsto. Neymar adora atuar pela esquerda do ataque, justo o setor defendido por Weverton.
A imprensa do Brasil todo estava em Teresópolis, no treino aberto.
A bola, caprichosa, chegou dividida entre os dois jogadores.
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O ídolo, jogador mais caro de todos os tempos, que custou R$ 822 milhões, 1.141666 vezes mais que Weverton. A maior esperança de o Brasil voltar a ser campeão do mundo, depois de 20 anos, no Catar.
O atleta que tem tatuado na perna esquerda a palavra 'ousadia'. E na direita, 'alegria'. Em letras maiúsculas.
Os reflexos de quem tem 19 anos são mais rápidos do quem se encaminha para os 28 anos.
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A explosão muscular de Weverton se impôs e ele colocou a bola no meio das pernas de Neymar.
O jogador que tem na pele e nas chuteiras ousadia e alegria, com raiva, apelou. Agarrou o colete de Weverton e o derrubou no chão. Saiu sem olhar para trás. O menino, assustado, não ousou reclamar.
Cena absurda.
Principalmente feita para quem é o principal jogador do Brasil e deveria ser o capitão da Seleção, se não tivesse socado um torcedor na França.
Só que o pior veio depois.
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Tite não disse uma palavra. Mandou que Weverton tirasse o colete e passasse a atuar no mesmo time de Neymar. Para evitar possíveis confrontos. Que o jogador mais caro do mundo não perdesse de vez a cabeça e desse um pontapé no garoto.
A reação dos jornalistas na granja Comary e no mundo todo foi de enorme decepção com a imaturidade de Neymar.
E, principalmente, com a proteção exagerada, descabida de Tite. O treinador nem disfarça mais o tratamento diferenciado que dispensa ao atacante.
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A cena correu o mundo.
Mais críticas para Neymar.
25 minutos depois do vexame, o principal jogador da Seleção dá um arremate errado. Em seguida coloca a mão sobre o joelho esquerdo. Com raiva, chuta a bola em uma placa de publicidade.
E sai mancando.
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Pronto, o foco estava desviado.
Virou manchete precipitada de portais, tevês e rádios.
Logo se confirmou que ele não tinha nada.
A não ser 'desconforto'.
99% dos jogadores terminam treinos com 'desconforto', com dores pelo corpo.
Neymar provou mais uma vez que segue se negando a amadurecer.
Não ter condições alguma para ser capitão da Seleção.
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Que jogador driblado jogaria um garoto no chão e viraria as costas?
Se tivesse um pouco mais de respeito e maturidade, bateria palmas, cumprimentaria o menino pelo drible que deu.
Afinal, Neymar não dá chilique cada vez que um marcador apela, depois que ele o consegue driblar?
Mas assustadora não é a postura de Neymar.
É a de Tite.
O treinador tem dois pesos e duas medidas na Seleção.
Fosse qualquer outro atleta que tivesse derrubado o menino da sub-20, Tite o teria censurado.
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Tirado do treino.
Menos Neymar.
Se fosse o garoto que, depois de tomar a bola entre as pernas, tivesse agarrado e jogado Neymar no chão, e virado as costas. O que aconteceria? Com certeza estaria dispensado.
Mas o treinador trocou o menino de time, para fugir da ira do seu camisa 10.
É dessa maneira, mimando Neymar, que Tite o sabota psicologicamente.
Nos jogos de verdade, valendo três pontos, ou seguir em frente em um campeonato, ao ser driblado, de maneira humilhante, o camisa 10 do Brasil não sabe o que fazer.
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Age movido pelo ego, como fez ontem.
São pontapés, cartões evitáveis.
"Foi só um lance de treino", se apressam a defender Neymar, os que insistem em bajular o jogador.
Mas não é.
As suspensões na Champions League, no Campeonato Francês e na Copa da França demonstram.
Dentro do gramado age como se tivesse dominado pela Síndrome de Peter Pan.
Se recusa a amadurecer.
Fora do campo, farras e mais farras, que faz questão de registrar. Não há a necessidade de paparazzi.
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Neyma repete o mote "faço da minha vida o que quiser".
Situação que se agravou demais ao trocar o Barcelona com sua cartilha de comportamento pelo vale tudo no PSG.
É o primeiro jogador brasileiro a estar muito próximo do primeiro bilhão de reais.
Seu patrimônio é mais de dez vezes maior do que Pelé conseguiu na vida toda.
Ganha mais de 12 vezes por mês o salário de Tite.
Mas também perde.
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Seu prestígio na Europa despencou.
Não é nem cogitado para a Bola de Ouro.
Está atrás de Mbappé no próprio PSG.
A rejeição de torcedores brasileiros só aumenta.
Mas ele segue no seu mundo à parte.
Tem mais de 30 pessoas no seu staff.
Fora a família e os 'parças', amigos que mantém por perto, por onde for.
Ninguém, cuja opinião realmente leva a sério, tem coragem de cobrá-lo, trazê-lo para a realidade.
Neymar fará 28 anos em fevereiro.
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Mas quer seguir agindo como um menino mimado.
A situação vai além do ridículo.
Prejudica o clube que o paga.
A Seleção que precisa dele.
Porém, mais errado que Neymar, só Tite.
Essa superproteção só sabota o Brasil.
E mancha a sua carreira como treinador.
O comandante pune, cobra.
É democrático, firme.
Como era no Corinthians.
Parece outro técnico com o escudo da CBF.
Neymar e a Seleção fizeram muito mal a Tite...
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Neymar: o camisa 10 é cada vez mais conhecido pela ostentação
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