Clima tenso no Qatar obriga FIFA a recuar. Copa com 32 seleções
Arrogância de Infantino, que acreditou que os conflitos árabes parariam por Copa do Mundo, custou caro. Nada de 48 seleções no Qatar
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Gianni Infantini pagou pela arrogância.
Sim, o presidente da Fifa, tão esperto, com 19 anos de bastidores de futebol. Advogado ousado e muito influente, conseguiu ser braço direito de Michel Platini, presidente da Uefa.
Se tornou secretário-geral.
E, em 2015, a criatura foi além do criador.
Se tornou presidente da FIFA.
Sua plataforma lembra a de João Havelange: a de tornar o futebol mais rentável possível. E arrigimentar apoio do máximo de países.
Por isso queria a Copa de 2022 com 48 seleções.
Rodou o mundo, conseguiu apoio suficiente para inchar o Mundial, desprezando o fato de o nível técnico ficar muito pior, com seleções insignificantes disputando a principal competição de seleções.
Ele já sonhava com as primeiras etapas do Mundial dividido com outros países.
Sua ambição é desmedida.
Pagou caro por sua rasa visão das questões árabes.
Beirando a inaceitável ignorância política.
Arábia Saudita, Egito, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Iêmen e Libia têm sérias restrições ao Qatar.
Por posturas dúbias dos governantes em relação aos grupos terroristas Al Qaeda e o Estado Islâmico. Há a séria desconfiança destes empresários qatarianos estariam financiando estas facções para influenciar politicamente países vizinhos.
Além de promover a instabilidade ao Norte da África.
Fora a ligação profunda com os Estados Unidos.
O clima é de rejeição, ódio, desconfiança naquele pedaço do mundo.
Não seria a Copa do Mundo que iria promover a paz.
Ou seja, Infantino percebeu que mexeu em barril de pólvora.
O relacionamento do Qatar com quase todos os países limítrofes é péssimo.
O ítalo-suíço decidiu pela saída óbvia.

Mesmo com apoio suficiente para ver sua proposta de 48 seleções aprovada.
O presidente da Fifa fará a Copa com 32 seleções.
E só com partidas no Qatar.
48 países ficam para o Mundial de 2026, nos Estados Unidos, Canadá e México.
O que será ótimo para as Eliminatórias no Mundo todo.
O nível de disputa será mantido, não enfraquecido.
A América do Sul, por exemplo, voltará a ter dez seleções disputando quatro vagas para o mundial. E o quinto colocado terá direito à repescagem.
Se fossem 48 seleções, seriam seis vagas diretas para o Mundial. E ainda o sétimo colocado disputado iria para a repescagem.
A decisão de hoje é ótima para o futebol.
Preocupante para Tite.
E seu complicado time.
As Eliminatórias ficarão mais difíceis...