Time não quer vexames, como em 2014. Chega de lágrimas
Marcelo evitou que houvesse uma comoção ao redor de Neymar e sua crise de choro. Evitou mostrar a Seleção descontrolada como na Copa passada
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Moscou, Rússia
Na chegada da Seleção Brasileira ao hotel Renaissence Monarch, em Moscou, Neymar era o centro das atenções. Torcedores e o Canarinho Pistola esperavam pelo time de Tite, mas principalmente, pelo grande talento brasileiro. Até música exaltando o atacante, eles criaram.
Veja a tabela completa e atualizada da Copa do Mundo 2018
O jogador se aproximou dos torcedores, separado por uma grade. A Seleção toda chegou perto para agradecer. Eles seguiu, sem tirar as mãos dos bolsos e nem os fones do ouvido. Sorriu, sem graça, levantou a mão direita, deu um 'tchau' e foi embora.
Havia motivo para o atacante estar sem ânimo.
A cena que protagonizou ao final do jogo contra a Costa Rica, chorando no meio de campo, não foi bem recebida pelo grupo de jogadores. Muito pelo contrário. Quando Gabriel Jesus e Roberto Firmino se aproximaram do camisa dez e já esboçaram abraçá-lo, ajoelhados, Marcelo se aproximou.
"Vamos levantando, vamos embora para o vestiário", ordenou, ríspido.
O motivo era claro.
O lateral do Real Madrid não queria, de jeito nenhum, que o mundo visse jogadores da Seleção chorando, descontrolados, depois de uma vitória em uma Copa do Mundo.
A lembrança é amarga, 2014.
Depois do Chile, Thiago Silva desabou no choro, na vitória pelas oitavas, nos pênaltis, que se recusou a cobrar, por sinal, mesmo sendo capitão do time. E o choro mais compulsivo foi de David Luiz, pedindo desculpas, pelos 7 a 1, diante da Alemanha.
Curta a página R7 Esportes no Facebook
Marcelo não quis saber das justficativas de Neymar, que o jogador esteve contundido por três meses, que Galvão Bueno e Casagrande ousaram questioná-lo na tevê. A postura do lateral foi seguida por Thiago Silva e o restante dos jogadores. O grupo não quer ficar marcado como ficou o da Copa passada, como desequilibrado psicologicamente.
Tudo o que aconteceu em São Petersburgo foi longamente discutido na concentração brasileira em Sochi. E Neymar não teve a solidariedade que acreditava que receberia. Pelo contrário. Ele foi cobrado para que não repetisse o gesto.
Thiago Silva tem verdadeiro pavor de lembrar do sofrimento que passou, com sua crise de choro, nos ombros de Felipão e Murtosa. E foi veemente como Marcelo. Até porque ele havia sido xingado por Neymar na partida contra Costa Rica, por demonstrar fair play.
Tite também ficou do lado dos jogadores.
O treinador se posicionou inúmeras vezes como o psicólogo do time, já que os atletas não aceitam profissionais de verdade na área. E ficou muito ruim, o principal jogador brasileiro desabando em lágrimas logo na segunda partida da Copa, contra um adversário fraquíssimo como a Costa Rica.
Confira tudo sobre Copa 2018 no R7 Esportes
Neymar costuma prevalecer sua vontade, por onde passa. O que já era assim no Santos, diminuiu na Barcelona, piorou demais no Paris Saint Germain. Faz o que quer. É tratado como um rei. E acreditou que a postura se manteria durante esta Copa do Mundo.
Mas o medo da sombra de 2014 é muito maior do que a vontade de ceder aos seus caprichos.
Ou seja, as lágrimas precisam e vão secar.
Se Neymar quiser fazer suas cenas, não terá o apoio do time.
Ele entendeu.
Não tem o direito de ressuscitar 2014 na Rússia...
Fifa apresenta nova bola para fase de mata-mata da Copa do Mundo