O comandante da arbitragem no Brasil poupa o juiz de Brasil e Suíça
Para o coronel Marcos Marinho, o lance entre Miranda e Zuber foi interpretativo. E que o empurrão no brasileiro não se caracterizou como falta
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Rostov, Rússia
O chefe da arbitragem brasileira, coronel Marcos Marinho estava no aeroporto de Rostov. Estava pronto para embarcar para Moscou. Ele está acompanhando a Copa da Rússia para observações.
E em conversa exclusiva com o blog, deixou claro. Não havia como a Seleção Brasileira exigir que o árbitro mexicano César Ramos utilizasse o VAR, no gol de empate da Suíça. Zuber empurrou claramente Miranda, antes de cabecear.
"O que acontece é o seguinte. Lance interpretativo não cabe árbitro de vídeo, simples assim. O juiz mexicano não quis ver porque teve a convicção que o empurrão do suíço não foi suficiente para desequilibrar o Miranda. Ou seja, lance completamente interpretativo.
"E aqueles que estavam acompanhando os lances pela televisão não ficaram com a convicção que houve falta. Ou teriam avisado o juiz. A polêmica vai continuar. Mas está absolutamente dentro das regras. O Brasil não tem como reclamar de lance interpretativo", disse.
Marinho já fez inúmeras reuniões na CBF sobre o VAR. E deixou claro que se a Seleção Brasileira resolvesse criar uma confusão e, por exemplo, não desse a saída de bola, por terem visto no telão da arena Rostov, que o gol foi irregular, seria pior. Muito pior.
"Os jogadores iriam tomar cartão amarelo se sinalizassem, exigindo que o juiz olhasse o lance no vídeo. A ordem é para dar cartão mesmo. Amarelo e até vermelho. Os brasileiros não tinham o que fazer. Tudo ainda depende do árbitro. Se ele está convicto do que viu, ninguém pode convencê-lo do contrário", explicou.
O coronel Marinho disse que a CBF já tinha orientado Tite e a Seleção Brasileira sobre os lances que envolviam o VAR. Daí a postura firme de Tite de não pedir para seus jogadores pressionarem o juiz mexicano.
"O lance que todos no Brasil estão garantindo ser falta, não se caracteriza de forma absoluta. O Miranda ficou em pé depois do empurrão do suíço. O juiz tem todo o direito de achar que foi um contato de jogo. Talvez se o Miranda tivesse caído, a situação seria diferente. Mas como ficou em pé, não se caracterizou a falta. Pelo menos pelo ângulo do árbitro. E ninguém pode contestar a sua interpretação. Foi a sua visão. E ponto final", acrescentou.
Marcos Marinho revela que justo hoje começará um curso de aperfeiçoamento de árbitros de vídeo no Brasil. Ele será usado na fase decisiva da Copa do Brasil. E não no Brasileiro.
"É muito caro. Custa entre R$ 30 mil e R$ 40 mil por partida. Imagine no Brasileiro. Há dez jogos por rodadas. Ninguém aguenta gastar tanto. Ainda mais quando o árbitro de vídeo não é a solução definitiva, como muitos sonhavam. Está aí a confusão do jogo do Brasil e Suíça. A Fifa tem o que há de mais moderno. Mas a decisão ainda está nas mãos do juiz", crava o comandante do Comitê de Arbitragem da CBF.