O Brasil não foi Alemanha ou Espanha. Neymar, espetacular
Neymar brilhou. Jogou para ele e para o time. Mostrou todo o seu talento. E Tite conseguiu se impor com personalidade diante de Osório
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Samara, Rússia
O Brasil venceu o calor, a correria e os pontapés dos mexicanos. E se impôs nas quartas-de-final da Copa do Mundo da Rússia.
Vitória por 2 a 0, justa, merecida, nascida da estratégia.
O primeiro gol foi de oportunismo puro de Neymar, que não se intimidou com as ameaças e entradas desleais dos rivais.
E no segundo, ele invadiu a área e tocou na saída de Ochoa. O goleiro desviou a bola que achou o pé do artilheiro Firmino.
A partida também marcou o renascimento de Willian. O jogador que foi muito mal na fase de classificação, foi um dos melhores no tinhoso jogo aqui na sufocante Samara.
O Brasil vai enfrentar o vencedor de Bélgica e Japão, sexta-feira em Kazan, pelo direito de ser semifinalista do Mundial. Terá, no entanto, um desfalque importante, Casemiro tomou o segundo amarelo e não jogará. Fernandinho deverá entrar no seu lugar.
Osório e Tite começaram o duelo tático logo nos primeiros minutos. Estava evidente que o plano dos mexicanos era aproveitar ao máximo o calor asfixiante de Samara. A partida começou com 34 graus. E não haveria espaço na intermediária brasileira para a saída de bola rápida. A intenção era atrapalhar, deixar lenta a bola que chegaria em Neymar e Philippe Coutinho, principalmente.
Os mexicanos chegavam a ter seis atletas nas intermediárias. A marcação era fortíssima. O sonho, marcar um gol logo no início do jogo.
O Brasil, a princípio, não reagiu bem à essa pressão asteca. Casemiro não é um distribuidor de bola por natureza. Paulinho atuava muito adiantado, ficava de costas para o gol mexicano. Cada bola roubada pelos mexicanos tinha como alvo as laterais. Fagner e Feilipe Luís apostavam corridas com Guardado e Lozano.
A pressão durou quinze minutos. Mas foi completamente improdutiva. A marcação brasileira seguia firme, travando os cruzamentos e as tentativas de chutes de fora da área. Faltam talento e imaginação aos mexicanos.
Tite tratou de pedir para que o time rodasse mais a bola. Recuou Phelippe Coutinho para dar início às jogadas. Isso mudou o ritmo do jogo. O Brasil começou a ser mais consciente, efetivo nos contragolpes. O jogo começou a fluir.
Foi assim que, em um contragolpe em velocidade, Neymar, que atuava aberto como um ponta esquerda do passado, desceu com a bola dominada. Invadiu a área e bateu em cima de Ochoa, que saiu muito bem, fechando o ângulo e abafando a bola.
O lance, aos 24 minutos, assustou os mexicanos. A ousadia dos primeiros minutos sumiu. O Brasil seguia tendo de se virar com a forte marcação. Mas começava a encontrar espaços. Principalmente pelas laterais. Os dribles, as tabelas e as inversões de bola começavam a perturbar os zagueirs. Neymar jogava outra vez para o time.
O Brasil seguia mais recuado, atraindo os mexicanos. Eles corriam muito, mas encontravam a barreira bem montada por Tite, na entrada da grande área. Os gritos de olé eram para trocas de passes improdutivos, que não levavam a nada.
A segunda grande chance caiu nos pés do ansioso Gabriel Jesus. O chute saiu forte, Ochoa defendeu. A bola passou lambendo a chuteira de Neymar, aos 33 minutos. O Brasil era muito mais consciente, sabia o que fazia. Marcava em duas linhas na sua intermediária. Obrigava o México a sair para o jogo.
E sem mostrar um futebol exuberante, mas muito tático, o Brasil chegou a 11 arremates para o gol mexicano, contra quatro para as traves de Alisson.
Os mexicanos já demostravam insegurança e frustração no primeiro tempo.
O Brasil voltou ainda mais confiante. Osório teve de tirar Álvarez do jogo. O lateral tinha cartão amarelo por pontapé em Neymar. Tite adiantou a marcação da Seleção.
Neymar e Coutinho fizeram uma jogada ensaiada e um mero escanteio acabou em um chute poderoso. Com grande defesa de Ochoa, aos dois minutos. O Brasil encurralava os mexicanos. E um toque de calcanhar de Neymar desmantelou a defesa mexicana. Abriu espaço para Willian.
O jogador do Chelsea que foi muito mal nos três primeiro jogos estava diferente. Disposto a mostrar que merecia seguir titular de Tite. Ele rasgou a área pela esquerda e bateu cruzado, forte. A bola foi na diagonal, passando ao lado de Ochoa que se esticou todo. Caprichosamente, passou por Gabriel Jesus. Mas não pelo pé direito de Neymar. Gol do Brasil. 1 a 0, aos cinco minutos.
Os mexicanos lutaram, mas não conseguiam criar chances. O sistema defensivo seguia frio, calculista, firme. Thiago Silva teve uma atuação incrível. Miranda também. Defensivamente, Fagner e Felipe Luís cumpriram seus papéis.
Não havia outra saída a Osório, a não ser adiantar suas linhas. E lógico que abriu um espaço precioso. E ele foi explorado pelo maior talento do Brasil. Neymar invadiu outra vez a área mexicana, aos 42 minutos. Obrigou Ochoa a uma defesa excelente, mas a bola caiu no pé direito de Roberto Firmino. O brilho do artilheiro definiu o placar.
2 a 0.
Com personalidade, tática e coração...