Dançando, beijando, festejando. O luto de Neymar durou 13 dias

São Paulo, Brasil

São duas situações diferentes.

A primeira. Neymar usar seu poder midiático e atrair celebridades que se submetem a dividir um dia de suas vidas com desconhecidos, a troco de dinheiro para ajudar crianças e famílias carentes, é nobre.

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O Instituto Neymar, fundado em 2004, tem capacidade de ajudar até 90 mil pessoas. Com cursos profissionalizantes, palestras sobre nutrição, saúde, finanças. Além de atividades físicas.

O bilionário jogador atua na cidade que morou. E faz o papel onde o Estado brasileiro fracassou. Dá estudo e práticas esportivas a jovens entre 7 a 14 anos. E que estudem nas quatro escolas estaduais de Praia Grande, com comprovação de baixa renda.

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Glória Maria, Sabrina Sato, Serginho Groisman, Pedro Bial e Patricia Abravanel foram os apresentadores dos itens leiloados. Passar o dia com Gisele Bündchen, com direito a selfie com a modelo, acompanhar um dia de gravação ao lado de Silvio Santos, ir ao camarote no Carnaval do Rio de Janeiro e se encontrar com Sabrina Sato, jogar futebol ao lado de Neymar, viajar e ficar na pousada de Bruno Gagliasso, em Fernando de Noronha. Mais bolas e camisas autografadas por Pelé e Neymar.

No leilão de 2017, as 700 pessoas que foram ao hotel proporcionaram R$ 2,7 mihões ao Instituto Neymar. A previsão era que o deste ano, o valor seria ainda mais alto.

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Até pela vinda do bilionário dono e presidente do Paris Saint-Germain, Nasser Al-Khelaifi. Um dos membros da família real catariana, que tem em Neymar garoto-propaganda da Copa de 2022.

A segunda situação envolvendo o atacante merece avaliação. Cercado de celebridades amigas, seguranças, parentes, parças, namorada, Neymar decidiu dar sua primeira entrevista depois da eliminação do Brasil.

Exatamente 13 dias de silêncio, depois da queda contra a Bélgica. De novo fracasso na Copa do Mundo. Ser ironizado, motivo de piada no mundo todo por suas simulações. E ter acompanhado o desmentido oficial do Real Madrid, de interesse no seu futebol.

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De fraque, gravata borboleta, ele mudou. Mesmo terminando a Copa criticado pelo fraco futebol, motivo de piada internacional pelas simulações, descartado publicamente pelo Real Madrid, haver decepcionado milhões de brasileirios com o fracasso da Seleção, Neymar tentou se mostrar forte.

E outra vez mal orientado, passou do tom.

"O luto passou, a gente tem que escolher ser feliz. A gente tem motivos para estar triste, mas eu prefiro escolher ser feliz. Muitas pessoas pediram um Neymar que jogasse para o time e foi o que eu tentei fazer. E depois falaram que eu sou individualista. Então a gente não sabe. Quando perde, tem que perder todo mundo, perdeu o Brasil não só o Neymar.

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"E quando ganha também. Não tem problema. Sei que as coisas caem nas minhas costas, mas minhas costas são bem largas e estou acostumado com isso.

"Mas eu fico muito triste, óbvio, não têm pessoas mais tristes do que eu, meus companheiros, nosso treinador e nossas famílias. A gente fica com aquele gostinho, porque a gente sabia que poderia vencer, porque tinha time para isso

"Meu futebol é de drible, meu futebol é de encarar o adversário. Eu não posso chegar para o adversário e dizer assim: 'meu amor, licença que eu quero fazer um gol'. Não posso. Eu tenho que tentar driblar e ele não vai me deixar passar, vai fazer a falta. Muitas vezes eu sou mais rápido que os jogadores, acabo sofrendo a falta e o juiz está ali para isso.

"Você acha que eu quero ficar sofrendo falta toda hora? Não. Dói. Machuca. Depois dos jogos eu fico fazendo gelo quatro, cinco horas. É complicado. Mas quem não entende disso e quem não viveu isso, de verdade, nunca vai saber.

"Eu fico no PSG. Não vou para o Real Madrid. É especulação. Especulam até demais. É um bom chato isso. Todo mundo sabe o carinho que tenho pelo presidente, pelo Paris, pela torcida. Tenho contrato no Paris. Fui por um desafio, coisas novas, objetivos. Isso não mudou na minha cabeça. Espero que essa temporada que comece seja de sucesso, onde vamos buscar títulos, título inédito também (em referência à Champions League).

"O Mbappé é um fenômeno, um grande jogador. A gente que está com ele no dia a dia já sabia disso faz tempo. E eu fico muito feliz, muito contente, de ele ter feito um grande Mundial. Eu falo com ele quase todos os dias, a gente se fala bastante. A gente vai ficar feliz de recebê-lo (no PSG) como campeão do mundo.

"Nosso time tem um elenco muito bom, a gente fica feliz de ter jogadores de muita qualiadde no elenco. É uma honra dividir o vestiário com um grande goleiro como o Buffon, tem muito a nos passar pela sua experiência."

Não quis interpretar a vítima, como costumava fazer.

Mostrou um pouco do que só que conviveu na Copa percebeu.

A sua preocupação segue sendo com ele.

"Se eu estou desvalorizado depois da Copa? Lógico que não. Não param de falar meu nome. Ninguém me esquece", ironizou.

O luto durou 13 dias.

Já sabe que o clube no qual sonhava jogar fechou as portas, depois de sua péssima Copa do Mundo, após a reação irritada dos seus torcedores às simulações.

"Do PSG ele não sai", avisou Pina Zahavi, empresário de futebol que o tirou do Barcelona e que estava no hotel Unique. O agente israelense é parceiro antigo de Kia Zoorabchian, administrador da extinta MSI.

Neymar pai fez questão de avisar aos jornalistas.

Seu filho não vai mudar, seguirá dentro do campo da mesma maneira. Não serão as críticas, as ironias sobre as simulações que o farão alterar a atitude. De jeito nenhum.

"O Neymar é o mesmo desde a época do Santos, não mudou, sempre foi o mesmo jogador, jogando da mesma forma. E conquistou tudo que conquistou dessa forma. Por que mudar se está dando certo?"

Em resumo, as crianças carentes da Praia Grande seguirão tendo um refúgio para amenizar suas agruras. E podendo até revolucionar suas vidas. O que é excelente.

Já o bilionário Neymar, a grande esperança do Brasil desde 2014, se sente livre, leve e solto. Tanto que ontem fez questão de brincar, dançar, beijar a namorada, se divertir a valer.

Apesar de ter fracassado na Copa do Mundo apenas 13 dias antes.

Ele realmente não é o líder que a Seleção precisa.

Seu luto passou.

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