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O Brasil e as arbitragens na Libertadores; confira as opiniões

Atletas e dirigentes têm posições diferentes sobre atuação de árbitros em jogos de brasileiros diante de estrangeiros. Conmebol é questionada

Futebol|Cesar Sacheto, do R7

Paraguaio Eber Aquino expulsa Dedé e causa polêmica na Copa Libertadores
Paraguaio Eber Aquino expulsa Dedé e causa polêmica na Copa Libertadores Paraguaio Eber Aquino expulsa Dedé e causa polêmica na Copa Libertadores

Falta de experiência, fator casa, aspectos políticos. São alguns dos motivos apontados por jogadores e dirigentes para explicar falhas de arbitragem em jogos de clubes brasileiros na Copa Libertadores. As reclamações são antigas, mas ganharam força após a edição deste ano do principal torneio de futebol sul-americano, cuja final entre os grandes rivais argentinos Boca Juniors e River Plate — a primeira da história do evento — está envolta em polêmicas.

Em 2018, três times brasileiros foram desclassificados nas fases eliminatórias da competição após decisões contestáveis da equipe de arbitragem e da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), entidade que comanda o futebol no continente. Santos, Cruzeiro e Grêmio creditaram as eliminações a decisões equivocadas de árbitros e cartolas estrangeiros.

"Historicamente%2C os brasileiros têm problemas com arbitragens"

(Fernando Prass, goleiro do Palmeiras)

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O comentarista de arbitragem do canal ESPN Brasil, Sálvio Spinola, rejeita a hipótese de haver má fé em relação aos clubes brasileiros. Na avaliação do especialista, alguns equívocos ocorrem devido à escolha de árbitros sem perfil para determinados jogos. 

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"Você tem árbitros que mostram mais cartões, outros menos. Há árbitros novos, ainda verdes. Há um perfil para os árbitros quando se joga fora ou em casa. Lógico que há jogos mais quentes e é importante ter um árbitro mais rígido. Um árbitro em formação não deve apitar jogo em ambiente hostil e que possa fazê-lo mudar as decisões. Não acredito que um árbitro vá a campo e marque um pênalti de propósito contra uma equipe brasileira", destacou.

Sálvio lembra que o país obteve avanços nos bastidores da Conmebol e, atualmente, detém o comando da comitê de arbitragem da entidade.

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"No passado, não tinha brasileiros com tanta força. Hoje tem. Sempre foi uma briga da CBF para colocar um brasileiro no comando da arbitragem. E já tem alguns anos que o [Wilson] Seneme trabalhou como membro e, há dois anos, ele preside o comitê de arbitragem".

O ex-árbitro também cita as diferenças de estrutura para a realização dos jogos — em quesitos como qualidade dos gramados e segurança dos estádios, por exemplo — entre o Brasil e os demais países que integram a Conmebol como ponto que afeta a qualidade das arbitragens.

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"O Brasil criou, em 2003, o Estatuto do Torcedor, que trouxe uma rigidez muito grande em relação a campos, comportamento do torcedor. E nos outros nove países não temos isso. É preciso ter uma regulamentação uniforme, em alto nível, não no nível argentino, colombiano, equatoriano ou boliviano. Falta padronização de perfis de locais de jogo nos dez países do continente", finaliza Sálvio Spinola.

Prass vê problemas entre brasileiros e árbitros

Por outro lado, o goleiro Fernando Prass, decampeão de 2018 com o Palmeiras, acredita que os clubes brasileiros são prejudicados pelos árbitros em jogos da Libertadores. Para o atleta, o idioma e a falta de representatividade do futebol nacional na Conmebol são fatores que explicam tal falha.

"Os jogadores não ajudam. Não há muita ética"

(Marco Aurélio Cunha, dirigente da CBF)

"Historicamente, os brasileiros têm problemas com arbitragens. E as comissões de julgamento também. Uma das dificuldades que os atletas encontram é a comunicação. A gente nota que outros países, por falar o idioma, têm muito mais facilidade para se comunicar com os árbitros. Qualquer reclamação do brasileiro é rechaçada. Argentinos, uruguaios, colombianos e paraguaios são muito mais agressivos nas reclamações e não têm [mesma] a resposta dos brasileiros", analisou o goleiro.

Fernando Prass, do Palmeiras
Fernando Prass, do Palmeiras Fernando Prass, do Palmeiras

Fernando Prass cita a força comercial dos grandes clubes brasilerios e cobra união por parte dos cartolas diante dos líderes da Conmebol.

"Os clubes brasileiros deveriam se unir para pleitear algumas mudanças e exigências para que a Libertadores melhorasse em ternos de organização, segurança e qualidade dos estádios. Os clubes brasileiros comercialmente têm uma força muito grande. Precisamos rever essa representatividade do Brasil em relação à Conmebol", afirmou Prass.

Marco Aurélio Cunha, ex-dirigente de São Paulo, Santos e Bragantino

Marco Aurélio Cunha, que carrega vasta experiência como dirigente de clubes e ocupa o cargo de coordenador de seleções femininas da CBF, também exime as arbitragens de certas críticas. 

"Os árbitros não são infalíveis, mesmo com o VAR. Haverá sempre discussões. O futebol é muito interpretativo. A arbitragem está evoluindo. No meu tempo, havia impedimento de três metros. Hoje, discutimos se o pé do cara estava na frente ou não e ainda com o uso do replay", ponderou.

O dirigente também questiona a postura de muitos jogadores em lances duvidosos. Segundo Marco Aurélio Cunha, as simulações induzem os árbitros ao erro.

"Precisamos parar de ver fantasmas e mostrar nossa força dentro de campo"

(Paulo Pelaipe, gerente do Coritiba)

"Os jogadores não ajudam. Não há muita ética. Falta compromisso de honestidade dos jogadores. Por isso, os árbitros não confiam. A simulação é o mal do futebol", afirmou Marco Aurélio, que estendeu as críticas aos dirigentes dos clubes brasileiros.

"Acho que os dirigentes têm que ser mais atuantes, saber exigir os seus direitos na medida certa. Hoje, há reclamações sem qualidade, muita satisfação para a torcida e menos orientação técnica. Eles precisam se qualificar melhor. Hoje, só aparecem na hora de reclamar. Não adianta bater em árbitro. O melhor caminho é o da clareza", finalizou.

Paulo Pelaipe, executivo de futebol

Opinião semelhante em relação à posição dos executivos de futebol tem Paulo Pelaipe, gerente de futebol do Coritiba, com passagens por gestões no Vasco, Flamengo e Grêmio entre outros clubes.

"Acredito que precisamos mudar de atitude nos enfrentamentos, parar de ver fantasmas e mostrar nossa força dentro de campo, jogando futebol. Não podemos entrar em campo sempre achando que seremos prejudicados. Temos que nos preocupar em fazer nossa parte e os erros diminuirão", pontuou.

Para o cartola, é preciso minimizar a expectativa em relação às arbitragens. "Influências políticas existem. Por isso, é importante a presença dos nossos dirigentes nas reuniões da Conmebol para ocupar espaços e defender nossos direitos na competição, como todos os países que têm representantes na Libertadores ou na Sul-Americana", finalizou Pelaipe.

Rodrygo, do Santos, no jogo contra o Independiente
Rodrygo, do Santos, no jogo contra o Independiente Rodrygo, do Santos, no jogo contra o Independiente

Casos recentes de eliminações polêmicas de brasileiros

O Grêmio se despediu da Libertadores na fase semifinal devido a uma virada por 2 a 1, sofrida em casa e nos minutos finais da partida, diante do River Plate, depois de ter vencido os argentinos fora por 1 a 0.

No entanto, um lance específico irritou os gremistas: o toque de mão de um jogador do River no primeiro gol dos argentinos no duelo não revisado pelo VAR (Árbitro Assistente de Vídeo, na sigla em inglês).

Irritadíssimo, o técnico Renato Gaúcho não segurou a língua nas declarações que deu após a partida. O treinador disse que o time gaúcho foi "roubado" e afirmou estar "p* da vida" com o VAR.

"O Grêmio só não está classificado por causa do VAR. Se funciona, eu estaria sorrindo, a torcida feliz, e o Grêmio na final da Libertadores. Estaria tudo certo. O Grêmio foi roubado. Acho que o lance não tem dúvida. Será que era o Stevie Wonder [cantor norte-americano que é cego] não veria? Vendo o jogo naquela cabine, como o cara não vê, com aquele monte de câmeras, que o jogador faz o gol com o braço?", reclamou Renato Gaúcho.

"Acho que o culpado disso é apenas um, em relação à Libertadores: a Conmebol, que acaba priorizando os times argentinos. O exemplo disso foi o nosso", afirmou o atacante Everton, durante entrevista na premiação da Bola de Prata, na última segunda-feira (3), em São Paulo.

"A gente fica muito chateado por tudo como aconteceu na Libertadores", complementou o zagueiro Pedro Geromel, após ser escolhido o melhor zagueiro do Brasileirão no mesmo evento.

Cruzeiro

O Cruzeiro teve o zagueiro Dedé expulso após um choque com o goleiro Rossi, do Boca Juniors, na partida de ida, em Buenos Aires, vencida pelo time argentino por 2 a 0. Os cruzeirenses reclamaram da interpretação do árbitro no lance. Mais tarde, a Conmebol reverteu a suspensão automática e o defensor pode entrar em campo no segundo jogo — Dedé foi expulso novamente.

empate em 1 a 1 na segunda partida eliminou a equipe celeste nas quartas de final da Libertadores, mas o prejuízo em campo por atuar sem um jogador no primeiro duelo — a partida estava 0 a 0 até a expulsão do zagueiro — causou revolta entre os brasileiros. O técnico Mano Menezes fez duras críticas à arbitragem e à Conmebol

"Não preciso falar sobre a expulsão. O mundo inteiro está falando sobre a expulsão. Não gostaria de falar mais sobre isso porque não tem sentido fazer nenhum tipo de análise. Achei que as cosas iriam mudar na Conmebol. Em 2007, tomei um gol aqui com três jogadores impedidos. Três. Mudaram as direções, o comando da Confederação, agora viemos com o VAR, que seria usado para que não tivéssemos grandes injustiças no futebol, e hoje vimos uma grande injustiça", declarou o técnico Mano Menezes em entrevista coletiva.

O presidente do clube mineiro, Wagner Pires de Sá, foi além. O dirigente atacou a postura da equipe de arbitragem naquela noite,comandada pelo uruguaio Andres Cunha, classificada pelo dirigente como venal.

Temos todos, no futebol brasileiro, que ficar indignados. Enquanto nós não nos fortalecermos, vamos ficar nas mãos de venais. O que adianta o VAR, se quem resolve é um juiz venal. A vagabundagem que existe nesses caras é impressionante. Vocês viram a performance desse. Nem sei quem é, um vagabundo. Até o sobrenome é de ladrão", disparou Wagner Pires de Sá, também em entrevista coletiva.

Santos

O Santos havia sido o primeiro brasileiro a cair, nas oitavas de final, diante do Independiente-ARG, devido à escalação considerada irregular do volante uruguaio Carlos Sánchez na primeira partida entre os rivais, em Buenos Aires, que terminou empatada em 0 a 0.

O atleta havia sido punido com três jogos de suspensão pela expulsão em uma partida da Copa Sul-Americana de 2015, quando defendia o River Plate. Sánchez tinha cumprido apenas dois jogos. A diretoria do Santos disse que consultou a Conmebol antes do segundo duelo e não havia impedimento para a escalação do jogador.

Entretanto, o Independiente entrou com uma denúncia na entidade, que decretou vitória dos argentinos por 3 a 0 naquela partida. Assim, os brasileiros precisariam golear os adversários para avançar, resultado que não foi alcançado — a partida terminou antes do fim devido a protestos de torcedores no Pacaembu quando estava empatada em 0 a 0.

Procurada pela reportagem do R7 para comentar as críticas em relação às arbitragens em jogos que envolvem times brasileiros na Libertadores, a Conmebol não respondeu até a publicação desta matéria.

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