"Neymar não chegou onde se esperava", diz biógrafo do craque
Luca Caioli preferiu não opinar sobre as acusações contra o jogador, mas disse que, de uma maneira geral, os ídolos do futebol se acham acima da lei
Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7
As recentes acusações de estupro das quais foram alvos dois craques mundiais, Neymar e Cristano Ronaldo, fizeram o jornalista italiano, Luca Caioli, se tornar uma fonte de perguntas sobre os dois jogadores, que foram biografados por ele.
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Caioli, que vive na Espanha e também fez a biografia de Messi, compreendeu de perto como as coisas mudam na vida e no futebol. Os três craques tiveram suas biografias lançadas no Brasil em 2014.
Ele mesmo diz que, se fosse biografar Neymar hoje, iria com outras expectativas, bem diferentes daquelas que, na época em que escreveu o livro, pairavam sobre o brasileiro.
"Muitas coisas mudaram. Desde que Neymar deixou o Barcelona e foi para o PSG, ele sofreu vários infortúnios, se machucou, não fez boas temporadas, teve polêmicas extra-campo, decepcionou no Mundial. Baixaram as expectativas sobre ele, antes visto como sucessor de Messi e Cristiano Ronaldo. Mas sua história ainda é interessante, apenas, como muitos dizem, não chegou onde se esperava."
Sobre as acusações de que ele estuprou uma moça em Paris, no último dia 15, Caioli preferiu falar de uma maneira geral, sobre a atual condição dos ídolos do futebol.
"Não há como se fazer julgamento específico da situação do Neymar. Para ele, é mais um revés neste momento em que situações desfavoráveis vêm acontecendo: contusão, suspensões e agora essa acusação."
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Para o jornalista, casos como o de Neymar, e o de Cristiano Ronaldo, que, após suposto acordo, viu a queixa contra ele ser retirada, não são novidades.
"São acusações muito graves. Há muitos casos no futebol em que jogadores foram condenados por isso. No geral, independentemente desta questão da violação em si, no futebol atual, os craques se sentem acima da lei, estrelas, celebridades, achando que podem tudo."
Caioli afirma que essa postura, em parte, é motivada por uma aceitação da sociedade.
"O futebol é um reflexo da sociedade. Há um machismo impressionante ainda pairando na sociedade. O mundo do futebol, em geral, considera a mulher um objeto. Pouquíssimos jogadores se declaram gays."
Ele não poupa nem os seus biografados, além do brasileiro.
"E em relação às leis, há a sensação de que os super-craques podem tudo. Quantos jogadores não declararam seus reais ganhos? Muitíssimos. Messi e Cristiano Ronaldo tiveram de fazer acordos de devolução."