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Copa 2018

Folga em dia de jogo do Brasil vira festa em "quebrada" de SP

Mulheres, homens, crianças e adolescentes encheram as ruas e comércios da Favela da Ilha na partida entre Brasil e Sérvia, nesta quarta-feira (27)

Copa 2018|Kaique Dalapola, do R7

Bar da Favela da Ilha cheio em jogo da seleção contra Sérvia
Bar da Favela da Ilha cheio em jogo da seleção contra Sérvia

Copa nos Extremos: o R7 vai acompanhar todos os jogos do Brasil em extremos de São Paulo e trazer as histórias das festas preparadas pelos moradores da periferia.

O terceiro jogo do Brasil, que garantiu a classificação para as oitavas de final da Copa do Mundo, fez a região conhecida como Favela da Ilha, em Sapopemba (zona leste de São Paulo), ficar em festa.

Desde o começo da Copa, a favela mudou de cor: o marrom dos barracos de madeira, tijolos à vista e terra das ruas, dividem espaço com o verde e amarelo das fitas atrevessando as vias.

Rua de terra foi enfeitada com cores do Brasil
Rua de terra foi enfeitada com cores do Brasil

Em cerca de 150 metros da principal rua do bairro, três bares estavam cheios e animados para assistir a seleção brasileira contra a Sérvia, na tarde desta quarta-feira (27). Crianças, adolescentes, homens e mulheres ocupavam as ruas e todos os espaços para conversar e fazer a festa, muitos sem sequer prestar atenção no jogo.


Num dos bares, a caixa de som com a narração da partida informava as casas vizinhas. As crianças sentadas na mesa de sinuca e, em pé, homens e mulheres acompanhavam atentos e vibravam a cada lance de ataque do Brasil. Nos momentos mornos do jogo, o pessoal colocava a conversa em dia — aproveitando a folga na tarde de dia da semana.

Um dos bares, mulheres pronominavam durante jogo da seleção
Um dos bares, mulheres pronominavam durante jogo da seleção

O dono do bar, Rogério Sousa, conhecido como Sardinha, 34 anos, disse que abriu o comércio há dois meses já se programando para os jogos da seleção na Copa do Mundo.


“Antes de cada jogo a gente já combina com os moradores aqui da região. Todo mundo quer festa, aí já junta aqui, assistimos juntos, fazemos um churrasco. Todo mundo fica feliz e me ajuda no movimento do bar também”, disse o comerciante.

A cem metros do bar, um outro reunia mulheres e crianças com a camisa do Brasil. Neste era mais evidente que o jogo estava em segundo plano, passando na TV ao fundo, enquanto as pessoas conversavam na porta do bar — de costas para a partida.


“Não gosto de futebol, mas gosto da Copa do Mundo por causa da festa”, disse a dona do bar, Rafaela de Lima Pereira, 23 anos. Ela mora em um bairro vizinho e tem o comércio na favela há 10 anos. “Todo vez que tem Copa a gente assiste aqui, melhora bastante o movimento”, disse.

A 50 metros, logo depois da ponte que atravessa o córrego que margeia a favela — levando do asfalto para rua de terra, jovens acompanhavam o jogo na televisão antiga de 14 polegadas enquanto andavam de bicicleta e preparavam rabiolas para os pipas. O comércio improvisado em um barraco de madeira fica bem na 'entrada da favela.

No intervalo da partida, forró e funk era o som que tomava conta do bairro. Um carro com som potente animava os torcedores que ocupavam a rua dançando e comemorando a vitória da seleção.

Pouco interessados com o jogo, mas aproveitando a festa em plena quarta-feira, familiares e amigos de Alessandro Viana, o Gigante, 28 anos, fizeram churrasco no quintal, enquanto o jogo passava na TV da sala de casa.

Gigante, Rute e os filhos assistindo jogo em casa
Gigante, Rute e os filhos assistindo jogo em casa

Gigante trabalha como organizador de material de um ferro velho e perdeu o primeiro tempo da partida por causa do serviço. “Queria ter trabalhado mais, para ver se conseguia mais dinheiro, mas o patrão mandou vir embora na hora do jogo”, explica.

Como ele leva 30 minutos a pé no trajeto para casa e demorou um pouco para sair do ferro velho, acabou perdendo o primeiro tempo. “Eu quero que o Brasil ganhe, seja campeão, mas não me importo muito de não conseguir assistir. O mais legal é ir ganhando para ter festa”, conta.

Na família de Gigante, quem gosta mesmo de futebol é a esposa Rute Franciele, 24 anos. "Sou são-paulina, mas gosto mesmo é do Brasil", conta. "Essa Copa não começou muito bem, mas estou confiante que o hexa vem".

Classificado em primeiro lugar no grupo E, o próximo jogo do Brasil é contra o México, pelas oitavas de final da Copa do Mundo, na próxima segunda-feira (2), às 11h, no estádio de Samara. O adversário da seleção brasileira perdeu de 3 a 0 para Suécia, na manhã desta quarta-feira, e terminou na segunda colocação do grupo F.

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