Principais estádios do País fecham o Mundial com mais virtudes que defeitos
R7 acompanhou de perto todos os jogos em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro
Copa do Mundo 2014|André Avelar, Enzo Menezes, Mariana Londres e Paulo Amaral, do R7
A Copa do Mundo de 2014 terminou de forma triste para a seleção brasileira, mas não para o futebol do País. Apesar dos gastos exorbitantes e de todos os problemas enfrentados na construção e reforma de estádios, a desconfiança ficou para trás e, ao menos os quatro principais centros brasileiros têm motivos de sobra para se orgulhar de seus palcos.
A reportagem do R7 acompanhou de perto todos os jogos disputados no Itaquerão (São Paulo), no Mané Garrincha (Brasília), no Mineirão (Belo Horizonte) e no Maracanã (Rio de Janeiro), e mostrará a seguir que os pontos positivos foram muito mais ressaltados do que os negativos por boa parte dos torcedores que coloriram as arquibancadas.
Ao todo, incluindo as 12 sedes da Copa, foram 3.429.873 pessoas presentes aos 64 jogos da competição, da abertura entre Brasil e Croácia à decisão entre Argentina e Alemanha, das quais 1.432.463 eram estrangeiras.
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O número de público nos estádios é o segundo maior da história das Copas, superior ao da África do Sul, que levou 3,18 milhões de pessoas aos jogos, mas menor que o registrado no Mundial dos Estados Unidos, em 1994, que registrou 3,59 milhões de audiência presencial nos palcos dos 64 duelos do torneio.
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Veja abaixo uma análise do que foi encontrado de melhor e pior em cada um dos quatro estádios visitados pela reportagem do R7:
ITAQUERÃO:
Penúltimo estádio da Copa a ficar pronto e alvo de críticas pelo preço ter superado muito o orçamento inicial, o Itaquerão fez bonito.
Palco de seis jogos da Copa, o último válido pela semifinal, o estádio corintiano provou que o famoso "jeitinho brasileiro", desta vez, deu certo e saiu da competição com saldo positivo.
Os principais problemas detectados na arena se resumiram às filas enormes nos banheiros e nas lanchonetes, aceitáveis por se tratar de um evento que reuniu aproximadamente 70 mil pessoas por partida.
Confusões entre torcedores foram raras, e atos de vandalismo, também. Cadeiras quebradas foram muitas, mas, segundo o próprio Corinthians, tal fato "não é exclusividade do estádio"
MINEIRÂO:
Segundo estádio a ser entregue para a Copa do Mundo, com o custo total de R$ 695 milhões, o Mineirão já estava pronto o Mundial no fim de 2012. Com a operação para receber dezenas de milhares de torcedores testada, esperava-se que a logística durante o evento não fosse problema. No entanto, muitos torcedores reclamaram logo na entrada, principalmente na estreia do estádio na Copa, no dia 14 de junho, na partida entre Colômbia e Grécia, já que não havia placas suficientes para indicar os portões.
Assim como no Itaquerão, as filas da cerveja no intervalo dos seis jogos de BH fizeram muita gente perder minutos de jogo. Os sanduíches, que custavam exorbitantes R$ 13 - em geral acabavam no intervalo. Nota positiva para o feijão tropeiro: R$ 10 e muitas barracas para servir. Não tinha a qualidade do tradicional tropeiro do estádio, mas deu para o gasto. Os banheiros não alagaram nem faltou água, como em outras sedes.
Sem áreas de estacionamento por perto, a maior parte da torcida optou por ônibus e pelo BRT, o que reduziu congestionamentos na avenida Antônio Carlos - a Carlos Luz e a Pedro II continuaram engarrafadas como sempre. O transporte desde o centro foi eficiente, mas é inexplicável que a passagem custe R$ 2,85 a qualquer hora do dia e R$ 5,70 somente no fim da partida.
Não houve falha no som para tocar hinos, como aconteceu no Beira-Rio, em Porto Alegre, ou alagamento que deixou torcedores ilhados na Arena das Dunas, em Natal. Mas o Gigante da Pampulha se despediu da Copa como palco da maior tragédia brasileira em um Mundial.
MANÉ GARRINCHA:
Apesar da polêmica dos gastos durante a construção, o Estádio Nacional Mané Garrincha foi aprovado pelos torcedores da Copa do Mundo do Brasil. Palco de sete disputas, a arena da capital federal passou nos testes de acessibilidade e conforto, com registros pontuais de filas e brigas.
O argentino Jorge Veliz, de Córdoba, chegou em Brasília para as quartas de final com a Bélgica após passar pelo Rio de Janeiro e Porto Alegre e elegeu o Mané Garrincha como o seu preferido.
— Brasília não tive oportunidade de conhecer direito, mas o estádio é sensacional, o melhor até agora.
As grandes manifestações que tomaram conta da capital federal às vésperas da Copa das Confederações de 2013 e transformaram a entrada do primeiro jogo entre Brasil e Japão em campo de guerra, não se repetiram na Copa do Mundo 2014. As mobilizações tiveram pouca adesão e ficaram restritas à Rodoviária do Plano Piloto, a dois quilômetros dos portões.
O único problema enfrentado pelos torcedores no Mané Garrincha foram as filas na entrada e nos intervalos. O sufoco foi maior nos dois primeiros jogos e de acordo com torcedores as filas eram grandes, mas andavam. Torcedores também relataram problemas maiores bem perto do horário da partida.
O brasiliense Eduardo Dias Ramalho perdeu o início da partida no primeiro jogo realizado em Brasília e, por isso, chegou mais cedo no segundo:
— Ficamos duas horas na fila do primeiro jogo e agora [quartas de final entre Argentina e Bélgica] chegamos bem mais cedo e a entrada foi ótima.
Dentro do estádio, mais filas para áreas vips e para comprar bebida e comida. Mas nada que tirasse a paciência dos torcedores, que viam o movimento como normal para eventos desse porte. Nos jogos da Copa em Brasília, o Mané Garrincha estava sempre perto de sua lotação máxima, entre 67 mil e 69 mil torcedores (a arena tem capacidade para 72.800 torcedores).
Localização
Beneficiado pela sua localização privilegiada, no Eixo Monumental, coração de Brasília, o Mané Garrincha teve como ponto alto a acessibilidade. Para os torcedores que usaram o carro para chegar aos jogos, o Parque da Cidade (Parque da Cidade Sarah Kubistchek) se transformou em um grande bolsão de estacionamento – são 13 áreas com ônibus circulares levando os torcedores até área próxima ao estádio. Na saída, o estacionamento de um hotel próximo virou pátio para táxis.
Os torcedores que chegavam de ônibus ou metrô também não tinham dificuldades, apesar de ter que percorrer distâncias maiores a pé, de até 3 km. Os cadeirantes também aprovaram o acesso ao local, mas reclamaram das áreas perto dos estacionamentos, que ainda não estão finalizadas.
— O acesso é bom para cadeirante, mas ainda há áreas difíceis perto dos estacionamentos, disse Carla Maia.
A localização do Mané também ajudou os turistas. Os dois maiores setores hoteleiros de Brasília, Norte e Sul, ficam na região do estádio, o que possibilitou muitos deslocamentos a pé.
MARACANÃ:
Apesar de pelo menos duas falhas relativas à segurança, o Maracanã provou ser o melhor estádio em infraestrutura tanto para torcedores, quanto para a imprensa. Rodeado por estações de trem e metrô, o transporte público é de longe a melhor opção para curtir um jogo de futebol. Neste ponto também entra o lado bom do tão falado padrão Fifa, que promove um cordão de isolamento e só quem tem ingresso ou credencial é autorizado a passar em dias de jogos.
Torcedores chegaram a enfrentar filas para comprar comida e bebida, mas o abastecimento foi se aperfeiçoando com o passar dos jogos e difícil encontrar um que saísse insatisfeito com os serviços oferecidos no estádio – exceto quando não conseguia o “copo dos copos”, colecionáveis em cada uma das partidas. Falta ainda uma grande loja com artigos esportivos dos clubes ou das seleções.
A imprensa também tem facilidades para trabalhar. Ao contrário de estádios sem internet wi-fi, salas de entrevistas ou mesmo tomadas, o Maracanã dá exemplo de como a comunicação com o público deve ser facilitada. A conexão por cabo deu um ligeiro susto nos jornalistas horas antes da final, mas a situação foi normalizada antes do final do jogo.
No primeiro jogo no Maracanã, torcedores argentinos forçaram um portão para assistir à Argentina e Bósnia-Herzegovina. Três dias depois, o episódio mais grave. Mais de 150 chilenos invadiram o estádio e alguns conseguiram chegar às arquibancadas. Depois disso, a segurança foi exageradamente reforçada e os episódios mais graves foram provocados por brigas entre torcedores.