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Lucas Pereira - Blogs

Quem precisa das torcidas organizadas?

Banidas há muito tempo, duas das principais torcidas do Flamengo tentam aproveitar o bom momento do clube para voltar

Lucas Pereira|Do R7 e Lucas Pereira

Nove dos dez maiores públicos do futebol brasileiro em 2019 são do Flamengo.
Nove dos dez maiores públicos do futebol brasileiro em 2019 são do Flamengo.

Eles querem voltar.

Representantes das duas maiores torcidas organizadas do Flamengo, Raça Rubro-Negra e Torcida Jovem, se reuniram com o Governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, para buscar um acordo.

Vale lembrar, que pelo estatuto do torcedor, as duas associações estão banidas dos estádios pela justiça.

O encontro foi muito proveitoso. Witzel se mostrou a favor dessa volta.


Ele inclusive posou para foto, junto com integrantes das organizadas, vestindo a camisa da Torcida Jovem e estendendo a camisa da Raça.

A expectativa é de que essa liberação aconteça até o dia 23 de outubro, data do jogo da volta da semifinal da Libertadores contra o Grêmio, no Maracanã.


Liberação que não é tão simples assim.

Acredito que outras pessoas tem que ser ouvidas sobre o assunto, como o Batalhão especializado em policiamento nos estádios (Bepe) e o Ministério Público.


A punição das duas torcidas é antiga.

O da Raça Rubro-Negra é de dezembro de 2018, por causa de brigas ocorridas nos jogos Palmeiras x Flamengo, em outubro do ano passado, e São Paulo x Flamengo, em novembro, no Morumbi.

A suspenção da Torcida Jovem é mais antiga, cerca de um ano antes.

Foi motivada pela briga generalizada e envolvimento na morte de um torcedor do Botafogo, nos arredores do Estádio Nilton Santos, em 2017.

Mas aí vem a pergunta: por que foi iniciada uma campanha forte pedindo para acabar com a punição, logo agora?

Bom, penso que os membros das organizadas do Flamengo querem surfar a boa onda rubro-negra, com uma grande campanha tanto no brasileirão como na Libertadores.

Eles não querem ficar de fora de um momento histórico para o clube, que está voltando a uma semfinal de Libertadores e embalado no campeonato brasileiro, com grandes chances de disparar na ponta.

Para isso, vale até apelar para o coração assumidamente rubro-negro do Governador, para que a situação seja solucionada.

O argumento das organizadas, é que apenas cinco por cento dos seus integrantes se envolvem em brigas e violência.

Só que, não dá pra deixar de mencionar, que praticamente cem por cento dos brigões, são membros dessas mesmas organizadas que querem voltar.

Daí podemos fazer algumas reflexões.

Será que se o momento do Flamengo não fosse tão bom, eles tentariam forçar a barra pra voltar?

Será que o futebol carioca, ou ampliando a discussão para o Brasil inteiro, precisa desse tipo de torcida?

Muitos vão defender esses torcedores, por fazerem uma festa bonita nos estádios, com bandeiras, faixas, shows pirotécnicos e coreografias.

Mas acho que a maioria deseja que a situação permaneça desse jeito.

É bom destacar que o público (digo torcedor comum) está comparecendo em grande número nos estádios, principalmente no Maracanã.

Os ingressos já estão esgotados para o compromisso contra o Santos neste sábado. Serão 61.120 rubro-negros empurrando o time.

Além disso, o clube tem a melhor média de pagantes do brasileirão (49.216) e a maior taxa de ocupação do estádio (77%).

Mesmo com o gigantismo do Maracanã.

Claro que esse grande apoio se deve ao timaço que o Flamengo tem, e das grandes campanhas que ele vem fazendo.

Mas aí vem a questão: pra que, nesse momento, é necessária a volta das organizadas?

A festa já não está bonita o bastante sem eles?

Tenho certeza que sim. A festa mais legal é desse torcedor "desorganizado".

Podemos argumentar inclusive que a volta das crianças e das famílias aos estádios, se deve à diminuição das cenas de violência. 

Sem falar, que geralmente os protestos na porta da casa de dirigentes e jogadores, com lamentáveis cenas de violência e intimidação, tem o comando dessas organizadas, que combinam tudo pelas redes sociais.

Na contramão dessa anistia, veio a condenação da torcida organizada Young Flu, do Fluminense, que aconteceu essa semana.

Ela está banida dos estádios pelo período de um ano, por violência registrada em jogo contra o Vasco, em 2015.

A decisão foi do Juizado especial do torcedor e dos grandes eventos.

A pergunta que fica é a seguinte: vale correr o risco da volta das organizadas?

Até a próxima.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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