Está na hora dos clubes retornarem aos treinos?
Dirigentes e jogadores estão longe de consenso sobre uma data para voltar
Lucas Pereira|Do R7 e Lucas Pereira
O Brasil é um país de dimensão continental e cheio de desigualdades entre seus vários estados e regiões.
Não é diferente na contagem de contaminados e óbitos da covid-19.
Os números são bem destoantes. Bem como as condições para enfrentar a doença.
Evidentemente que no campo esportivo, essas diferenças ficam ainda mais evidentes.
A grande verdade é que ninguém se atreve a afirmar em que época o número de casos vai entrar na descendente e aí sim, poderemos pensar na volta das atividades esportivas.
Cada semana um especialista diz uma coisa.
O fato é que o número de infectados não para de crescer.
Ainda não podemos imaginar quando os jogadores estarão realmente seguros para o reinício dos campeonatos.
Voltar aos treinos no meio da pior fase da pandemia, sem saber quando a bola vai voltar a rolar, soa precipitado.
Por isso mesmo, Grêmio e Inter quiseram se antecipar na volta aos treinos, mas tiveram que ouvir do Governo do Rio Grande do Sul, que os clubes não tinham a premissão para voltar a funcionar.
Mesmo assim, a expectativa é de que eles voltem aos poucos.
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No Rio de Janeiro, dirigentes de Fluminense e Botafogo se recusaram a assinar um documento proposto pela Federação, para que as atividades retornem.
Estranhamente, Flamengo e Vasco assinaram e já pensam na volta.
Eu acho esquisito no caso do Flamengo, por ser um clube que está com as suas finanças em dia e não precisa antecipar um retorno.
Ao contrário dos outros cariocas.
Além disso, o rubro-negro resolveu fazer quase 300 testes de covid-19 nos seus atletas, funcionários, familiares e pessoas mais próximas deles.
E chegou ao resultado de 38 pessoas contaminadas, entre eles, três jogadores.
Mais de 10% do total de examinados.
Um número ainda muito alto para se pensar em retorno.
O que nos dá uma amostra de como os casos da doença estão subnotificados no país.
Muitos estavam assintomáticos e nem sabiam que estavam com o vírus.
Ainda não se tem uma ideia de qual seria o melhor período para o retorno das competições, mesmo que sejam disputadas com portões fechados.
Muitos clubes não tem sequer a condição financeira para realizar tantos testes e mapear os seus elencos.
Um jogador ou funcionário infectado, pode contaminar muita gente. E sem nem saber disso.
Enquanto não houver segurança para que os jogadores possam conviver e interagir com os companheiros, o negócio é continuar em casa, se protegendo.
O pior de tudo, é que muitos deles estão vivendo uma vida normal, confundindo o isolamento com férias.
Não se importam em receber visitas, nem jogar peladas com os amigos.
Nessas horas, eles se esquecem que precisam cuidar da saúde deles e dos familiares.
Claro que é uma minoria que não tem consciência.
Mas que pode prejudicar muitos companheiros e comprometer todo um planejamento.
Enquanto isso, cartolas, jogadores e treinadores não se entendem sobre o assunto.
Os poucos que se posicionam divergem se já está na hora de voltar.
Seria o caso da CBF tomar a frente e bancar uma data nacional para o reinício das atividades. Acabando com as especulações.
Assim, ninguém levaria vantagem de um período mais extenso de treinamento e preparação.
Mas, diante da já conhecida desorganização do nosso futebol, acho impossível isso acontecer.
Até a próxima.
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