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O jogador que fez o país chorar a morte da namorada que não existia

Linebacker Manti Te’o foi um dos melhores jogadores dos EUA em 2012, mas foi sua história extracampo que o deixou marcado

Jarda por Jarda|Lucas FerreiraOpens in new window

Manti Te'o defendeu as cores de Notre Dame na faculdade Reprodução Instagram/@mantiteo

Estamos a um mês da abertura da temporada regular do futebol americano universitário e esta é uma ótima oportunidade do Jarda por Jarda te contar uma das histórias mais bizarras deste universo. Em 2012, os Estados Unidos acompanharam emocionados a sequência de tragédias na vida de Manti Te’o, que viu a namorada morrer logo após a avó. Mas há um detalhe: esta namorada nunca existiu.

Antes de entrarmos de fato nessa história bizarra, é necessário um contexto. Te’o era linebacker de Notre Dame, uma das universidades mais tradicionais do país. Ou seja, qualquer história, por mais medíocre que possa ser, ganha um grande destaque por simplesmente ser Notre Dame.

Te’o chegou à universidade em 2009 como uma das maiores promessas do país. À época, a mídia especializada apontava o defensor como um recruta cinco estrelas — avaliação máxima nestes veículos.

Apesar de todo burburinho ao redor dele, apenas em 2011 Te’o recebeu seu primeiro prêmio universitário, quando foi eleito para o segundo time de melhores jogadores do futebol americano universitário.


Após esta introdução, vamos ao ano de 2012, que é quando nossa história se passa. Logo no início da temporada, em setembro, Te’o anunciou que a sua vó havia morrido e, em seguida, sua namorada, chamada Lennay Kekua. A jovem, que supostamente estudava na Universidade de Stanford, teria sofrido um acidente de carro, a partir do qual descobriu que tinha leucemia e, de repente, falecido.

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Te’o, por sua vez, não deixou de honrar as cores de Notre Dame e não perdeu sequer um jogo, apesar do luto de duas perdas tão próximas. Obviamente, essa história de superação, aliada a boa temporada do linebacker, fizeram os Estados Unidos aclamar o jovem atleta, que foi indicado ao Troféu Heisman — entregue ao melhor jogador do futebol americano universitário dos Estados Unidos.


A história de filme de Te’o ganhou mais um episódio, e mais uma vez o tema era terror. Em janeiro de 2013, jornalistas do blog Deadspin receberam um e-mail no qual uma fonte anônima afirmava que a história sobre Lennay Kekua era uma farsa, já que ela não existia. A publicação caiu como uma bomba no noticiário esportivo norte-americano.

Logo após a reviravolta vazar, Notre Dame saiu em defesa do atleta para dizer que Te’o havia sido vítima de um catfishing — quando uma pessoa se relaciona com alguém que fingia ser outra pessoa. A universidade também revelou que o linebacker, apesar de trocar mensagens com a suposta Kekua, nunca havia visto a jovem.


A revelação no pronunciamento de Notre Dame fez com que diversos relatos de Te’o caíssem por terra, como a história que eles haviam se conhecido em um jogo de futebol americano. Kekua, na verdade, era um homem chamado Ronaiah Tuiasosopo, uma pessoa próxima à família do jogador. Tuiasosopo, inclusive, ligou como Kekua para Te’o em dezembro de 2012 revelando, que, na verdade, estava viva.

Com a pressão crescendo no entorno do jogador, Te’o aceitou dar uma entrevista para a ESPN norte-americana poucos dias após o vazamento da história. O linebacker se defendeu, disse que foi vítima de um catfishing e que não havia comentado sobre o relacionamento ser virtual por medo de ser ridicularizado.

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Em seguida, foi a vez de Tuiasosopo aparecer na TV norte-americana para confessar o catfishing. À época, o rapaz explicou que criou o personagem Lennay Kekua porque estava apaixonado pelo linebacker.

A história toda foi revelada um mês após a cerimônia do Troféu Heisman, oportunidade na qual Te’o ficou na segunda posição. A verdade é que ele não tinha os números necessários para ser indicado ao prêmio, sendo essa trama toda a grande motivação para a presença dele entre os destaques da temporada.

O Draft da NFL, por sua vez, aconteceu depois da revelação do catfishing. Ainda assim, Te’o foi selecionado na segunda rodada pelo San Diego Chargers, onde permaneceu por quatro temporadas. Em 2017, o linebacker assinou com o New Orleans Saints e defendeu a equipe da Louisiana até 2019. A sua última temporada na NFL foi em 2020, quando jogou pelo Chicago Bears.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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