Fim das categorias de base do Flamengo causa indignação: ‘Com a grandeza do clube, é uma questão social’
O projeto do futebol feminino, que existia há três anos, foi encerrado sem qualquer aviso aos familiares das jogadoras
O Flamengo decidiu encerrar as atividades das categorias de base do futebol feminino, deixando os familiares das atletas indignados. A informação foi inicialmente divulgada pelo perfil do Instagram Arquibancada Feminina, e o blog Gol Delas apurou que o fim do time sub-13 aconteceu em maio deste ano e, meses depois, o clube optou por não dar continuidade também ao sub-15 e sub-17 — a equipe sub-20 é a única que permanece.
O projeto existe há três anos e, segundo o familiar de uma jogadora, a estrutura nunca foi um problema, pois os treinos aconteciam no CEFAN (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes), na Marinha, e seguiam muito bem até o fim do ano passado. No começo de 2024, foi quando os treinos pararam.
“Em nenhum momento eles falaram com a gente [que tinha acabado]. Tem meninas que vieram até de São Paulo e de outros clubes para poder participar do projeto. Eles acabaram com o sub-13 e juntaram com o sub-15 e sub-17. Minha filha até foi selecionada, mas não participaria de nenhuma competição, só treinaria. E a força física é totalmente diferente, como uma menina de 13 anos pode jogar com uma de 17,18 anos? Ela poderia até se machucar”, argumentou.
“Teve até um pai que infartou. Além do sonho, são três anos que a gente leva elas para o CEFAN, tem o custo de passagem, nutricionista, performance... Tudo tem um custo. E, aí, meninas que eram até da seleção brasileira descobrem que o projeto acabou e que vão ser dispensadas?”, acrescentou.
Vale lembrar que o Flamengo é o clube que mais arrecada no Brasil. Para 2024, inclusive, o Conselho Administrativo aprovou um orçamento bilionário, superior a R$ 1 bilhão de receitas recorrentes — sem incluir a transferências de jogadores, com previsão de 20 milhões de euros, cerca de R$ 107 milhões.
“Com a grandeza do Flamengo, a questão não é só esportiva, é um problema social. Muitas meninas vão voltar a jogar bola na comunidade. E não é um problema de falta de dinheiro”, argumento o pai de uma das atletas.
“O Flamengo vai fazer um estádio, para dizer que está fazendo alguma coisa para o Rio de Janeiro, e vai ser muito bom ter aquela área preenchida, pensando na questão social. Mas as meninas não têm vez, ficam por último. O feminino não é valorizado que nem o masculino. Vai vir a Copa do Mundo no Brasil em 2027, como a gente vai ter uma seleção boa se não cuidar da base? O Flamengo poderia ter essa força de levantar o assunto, mas não corre atrás”, finalizou.
O blog procurou a assessoria do Flamengo para comentar o assunto, mas não obteve retorno até o fechamento desta nota. O espaço segue aberto e o conteúdo será atualizado caso haja manifestações.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.