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Gol Delas

Até quando o futebol feminino vai pagar o preço pela irresponsabilidade do masculino?

Fim do time feminino do Athletico-PR causou indignação e revolta, mas história se repete, e é um ciclo que parece não ter fim

Gol Delas|Camila JuliottiOpens in new window

Modalidade feminina do Athletico-PR vai ser descontinuada Reprodução/Instagram @ capfutfeminino - Duda Matoso/athletico.com.br

A notícia da descontinuidade do time feminino do Athletico-PR repercutiu mal nas redes sociais e gerou revolta. Com o forte e corajoso desabafo da meio-campista Ellen Nogueira, o anúncio do fim das Gurias do Furacão, após a queda do elenco masculino para a Série B do Brasileirão, fez ainda mais barulho.

Apesar do assunto ter causado indignação das atletas, dos torcedores e dos amantes da modalidade, a história se repete, e é um ciclo que parece não ter fim.

Em 2022, quando o Ceará amargou as últimas posições no Campeonato Brasileiro masculino, sem conseguir somar pontos suficientes para continuar na elite do futebol nacional, foi o time feminino atingido com as consequências. A diretoria abriu mão de disputar a Série A2 do Brasileirão.

Por conta da decisão, seguindo o regulamento, as Meninas do Vozão foram automaticamente rebaixadas para a Série A3. Na ocasião, os dirigentes alegaram que a desistência era necessária, já que o foco era a volta do time masculino à Série A da competição nacional.


O Santos, um dos precursores do futebol feminino no país, passou por uma situação parecida. O primeiro rebaixamento da história do clube, em 2023, mexeu, é claro, com as contas, inclusive na modalidade feminina. A proposta orçamentária de 2024 teve uma queda de 12,76% de investimento nas Sereias da Vila, uma redução de mais de R$ 1 milhão. As consequências vieram em campo.

O investimento mais baixo, devido à queda do time masculino para a Série B, somado a outras questões de má gestão — como a contratação do técnico Kleiton Lima, denunciado por assédio — acabou contribuindo para que as Sereias da Vila caíssem para na Série A2 do Brasileirão nesta temporada.


É claro que se sabe que, atualmente, a maior parte da receita dos clubes brasileiros está condicionada ao futebol masculino. Porém, é raso usar isso como justificativa para a descontinuidade da modalidade feminina — ou para diminuir o investimento. Isso porque, na maioria dos times, o repasse para o futebol feminino é mínimo, representando apenas cerca de 2% da folha.

Vale pontuar que somente os times da Série A do Brasileirão masculino são obrigados a ter um elenco feminino e, consequentemente, participar do campeonato nacional na modalidade feminina. A regra foi estipulada pela CBF em 2019 e existe a promessa de que até 2027 a obrigatoriedade será estendida para divisões B, C e D do Brasileirão.

A carta aberta de Ellen nos ajuda a refletir e levanta o debate: até quando o futebol feminino vai pagar o preço da irresponsabilidade do elenco masculino?

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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