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Cosme Rímoli - Blogs

Vitor Belfort deixará saudades. Ele foi um Fenômeno. De verdade

A última luta de Belfort no UFC foi dramática. Mas apoteótica. Como sua trajetória. Foi um grande embaixador do MMA no mundo

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

O chute frontal de Lyoto Machida foi perfeito. Acabou com a carreira de Belfort
O chute frontal de Lyoto Machida foi perfeito. Acabou com a carreira de Belfort

A ginga de corpo, a mexida do tronco fez todos esperarem um soco.

Pelo ângulo, um cruzado de direita.

Os dois braços se dobraram, para evitar o golpe.

O pescoço endureceu, a cabeça se abaixou para suportar a pancada.


Mas o pé esquerdo de Lyoto Machida subiu.

Veloz, inclemente.


Acertou o queixo de Victor Belfort com uma violência brutal.

Os movimentos do carioca, instintivos para um boxer, facilitaram o ângulo do karateca. 


Fãs vibraram com o espetacular nocaute. 

Os remeteu à vitória de Machida contra outra lenda, Randy Couture, no Canadá, em abril de 2011. O mesmo chute frontal, surgido do nada. Com a pose parecida do coreografado dado no filme Karatê Kid, de 1984, e ficou conhecido como o 'golpe da garça'.

E também à fulminante pancada dada por Anderson Silva, nos seus bons tempos, quando ele lutava a sério e estava afastado das suspensões por doping. Vitor caiu na mesma armadilha, em Las Vegas, também em 2011, em fevereiro.

O golpe repetido pode ter nascido de Vinicio Antony, que foi treinador de Vitor por oito anos. E que ontem estava ao lado de Machida. Sabia bem que o chute frontal seguia sendo uma grave falha defensiva. 

Nada é por acaso nos mundos das lutas.

Mas o corpo inerte de Belfort no octógono carioca, na sua despedida do UFC, estava longe de ser uma derrota, uma humilhação. Nada disso. 

Aos 41 anos, ele sabe que venceu.

Estará no Hall da Fama, com todo mérito.

Ele foi o principal brasileiro a consolidar o UFC no mundo.

Fez mais pela divulgação do evento do que Anderson Silva.

Mereceu, com todo o mérito, o apelido de Fenômeno.

O respeito que Belfort merece. Machida foi perfeito
O respeito que Belfort merece. Machida foi perfeito

Amante das artes marciais, foi o lutador mais jovem a receber a faixa preta de Carlson Gracie. Também o mais novo campeão do torneio de pesados do UFC 12, em 1996.

Canhoto, boxer por natureza, juntou o karatê shotokan ao seu estilo explosivo, corajoso, plástico.

Sua carreira daria, e com certeza, dará um filme espetacular. O talento bruto e o dom para a autopromoção trouxe muito dinheiro, confusões públicas com mulheres, decadência, briga com os organizadores do UFC, ida para o Pride, Cage Rage, Affliction e retorno vitorioso, fulminante a ponto de se tornar embaixador do UFC no mundo.

Enfrenta com coragem o terrível drama da irmã Priscila, sequestrada e desaparecida, em 2004. Denúncias que ela teria sido morta por dívidas com drogas chegaram até a Polícia do Rio de Janeiro. Só que o crime nunca foi realmente desvendado.

Casou com um dos maiores símbolos sexuais do Brasil, Joana Prado, a Feiticeira. O casal se formou no reality show Casa dos Artistas, no SBT. 

Mas foi dentro do octógono que ele se impôs.

Teve confrontos históricos. Foi campeão dos meio pesados, derrotando Randy Couture, ganhou o cinturão no UFC 46.

Massacrou os mais variados adversários, como Rich Franklin, Heath Herring, Michael Bisping, Luke Rockhold, Gilbert Yvel, Tank Abbott, Dan Henderson,Wanderlei Silva e Anthony Johnson.

Assim como sofreu derrotas inesquecíveis, em combates impressionantes. Contra Anderson Silva, Dan Henderson, Jon Jones, Chuck Lidell, Alistair Overeem, Kazushi Sakuraba. 

Mesmo caminhando para o final de carreira, aceitou desafios como Jon Jones
Mesmo caminhando para o final de carreira, aceitou desafios como Jon Jones

Mas também pecou, sendo suspenso por nove meses, em 2006, pelo uso de esteróides. O fim da tolerância com o tratamento de testosterona apressou o encerramento de carreira. A reposição do hormônio masculino foi aceita por muito tempo, até 2014. A reposição é até recomendada em pessoas comuns, mas em lutadores ficou comprovada que aumenta a força muscular. E foi vetada. 

Vitor era um dos lutadores que assumidamente a usava.

Suas lutas foram fundamentais para o UFC se estabelecer no mundo. Ele soube como capitalizar sua fluência nas entrevistas para valorizar o evento.

Foi o primeiro a tentar enfrentar um lutador de boxe de renome. Queria ter pela frente James Toney, campeão em cinco categorias. Isso, em 2010. Seria uma superluta. Dana White vetou.

O cartel de Vitor chegou a 41 lutas. 26 vitórias, 14 derrotas. E uma sem resultado.

O cinturão veio da histórica luta com Randy Couture. Perderia na revanche
O cinturão veio da histórica luta com Randy Couture. Perderia na revanche

Por três categorias. Pesado, meio pesado e médio.

Se transformou em uma lenda do MMA.

O respeito de Lyoto Machida, após acertar o pontapé certeiro, foi tão espetacular quanto o golpe.

A reverência, de joelhos, diante do adversário caído, emocionante.

O orgulhoso Vitor não queria uma despedida dessas.

Nocauteado, diante dos seus mais ardorosos fãs, os cariocas.

Mas foi aplaudido de pé.

Quem tem um mínimo conhecimento de MMA sabe.

Ele cumpriu sua espetadular missão.

Foi peça fundamental na popularização do esporte.

Vinte e dois anos de combates.

Seu estilo, carisma, talento foram marcantes.

Eu tive a sorte de estar cobrindo para o Jornal da Tarde, a primeira vinda do UFC ao Brasil, no acanhado ginásio da Portuguesa. Estava naquele 16 de outubro de 1988. Há vinte anos.

Foram os 44 segundos mais vibrantes da minha vida.

O nocaute espetacular de Vitor no lendário Wanderlei Silva.

No primeiro assalto, a rivalidade estava acabada.

Na saída do improvisado vestiário, no banheiro do ginásio, o cheiro de cânfora impregnava a roupa de quem chegasse perto. De um lado, estava Wanderlei Silva abatido, com o rosto inchado, consolado pelos seus treinadores.

Do outro, Vitor Belfort cercado por repórteres e fãs enlouquecidos.

Ele sorria e jurava.

"O UFC veio para ficar.

"Mas o mais importante, eu vim para ficar."

Os 40 segundos fabulosos contra Wanderlei Silva. Luta inesquecível
Os 40 segundos fabulosos contra Wanderlei Silva. Luta inesquecível

Inesquecível.

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Arrogante, confiante, talentoso.

Aos 21 anos, nascia a estrela.

Depois de vinte anos, a certeza.

Vitor Belfort cumpriu sua missão.

Merece todos os aplausos.

Pelas vitórias, pelas derrotas.

Foi um dos grandes pilares da historia do UFC no mundo.

Merece a alcunha de Fenômeno...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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