Vinicius Júnior salvou. Sofrimento do Brasil, vaiado, contra a Colômbia tem explicação. ‘Levamos um nó tático’, resume Bruno Guimarães
A Seleção foi vaiada no intervalo e em vários momentos do jogo em Brasília. O time de Dorival mostrou insegurança, falta de convicção tática. Estava 1 a 1 quando, aos 53 do segundo tempo, Vinicius Júnior chutou e a bola desviou em Lerma. 2 a 1 importante. E ilusório

“Ninguém está satisfeito ou aliviado com nada.
“Nossa preocupação é constante.
“E continuará sendo, se Deus quiser, até a Copa do Mundo.”
Dorival Júnior era o retrato da insegurança.
Apesar da vitória que colocou o Brasil na segunda colocação das Eliminatórias.
Se empatasse, como acontecia até os 52 minutos do segundo tempo, a Seleção seria sexta na classificação.
O treinador sentiu a pressão da torcida brasileira vaiando seu time no intervalo.
E em vários momentos da partida contra a Colômbia.
Principalmente quando Alisson tinha a bola sob seu controle.
Não sabia o que fazer: se deveria chutar, lançar, sair jogando.
Perdia tempo e foi muito vaiado.
Assim como a zaga, quando tinha o domínio da bola.
A saída da defesa para o meio era de enorme lentidão, falta de convicção.
Tudo ainda ficou pior quando Gerson saiu contundido e entrou Joelinton.
“Tivemos que mexer no meio do jogo, em uma partida de velocidade absurda, até que o jogador se adapte, você tem que ter um tempo. É óbvio que não tivemos esse momento. Mas na realidade acho que a vantagem que a equipe colombiana teve a partir dessa substituição é que eles mudaram a forma de marcação, porque nós estávamos encontrando vários espaços. Eles buscaram uma alteração, tentamos nos corrigir, às vezes isso é difícil, você não consegue passar uma informação com clareza. Os nossos dois jogadores da saída de bola viraram alvo fácil da marcação. Praticamente com o volante adversário ficando livre.
“O Alisson passava muito tempo com a bola nos pés porque não tínhamos opções. Foi isso que aconteceu. No intervalo, fizemos uma alteração importante, nos posicionamos novamente e tivemos um volume suficiente que merecemos o resultado”, dizia, sem ouvir eco, por parte dos repórteres, Dorival Júnior.
Os apupos no estádio Mané Garrincha eram a resposta pelo fraco futebol coletivo.
A Seleção dependia de jogadas individuais.
Coletivamente, e regida por James Rodríguez, a equipe de Néstor Lorenzo foi muito melhor.
Mais consciente, trocando bola, marcando o Brasil sob pressão.
Falhou nos arremates e cansou no final da partida, pela intensidade que impôs ao jogo.
Foi quando Vinicius Júnior decidiu.
Ele, que já havia sofrido um pênalti infantil, aos três minutos, de Muñoz, cobrado por Raphinha, foi iluminado.
Quando o sofrimento era imenso do time, já que o jogo estava empatado, em um belo gol de Luis Díaz, o melhor jogador do mundo em 2024 viu sua estrela brilhar.
Deu um chute forte de fora da área.
Vargas estava na bola.
Mas ela tocou na cabeça do seu volante Lerma e desviou.
Foi para o fundo do gol colombiano.
Os torcedores que vaiavam, xingavam, comemoraram euforicamente.
Quem assistiu ao jogo sabe que 2 a 1 para o Brasil foi um resultado injusto, pela instabilidade da Seleção.
“Acredito que quando estávamos conseguindo jogar, botamos eles na roda. Tivemos duas ou três chances, foi um começo muito animador. Estávamos muito confiantes. Eu cansei de achar o Raphinha e o Rodrygo nas entrelinhas.
Estávamos tendo muita facilidade.
“Depois que eles mudaram o sistema, não tínhamos percebido que eles haviam mudado.
“Então, deram um nó tático, sendo bem sincero.”
Bruno Guimarães deu o resumo do que sentiu em campo.

Percebendo a perplexidade dos repórteres, ele tentou consertar.
“Mas no segundo tempo conversamos no vestiário. Conseguimos fazer muito mais com bola ainda, principalmente na saída de bola, acho que deixamos a desejar. Na parte final acho que fomos muito bem. Tivemos três ou quatro chances de fazer gol no segundo tempo.”
Dorival Júnior foi encurralado após a partida.
Teve de explicar a partida que foi uma ‘montanha-russa’ para a Seleção.
Terminando com a vitória, com muito sofrimento, depois de momentos de sufoco.
O Brasil realmente começou bem, marcando a saída de bola.
Mostrava personalidade, diante da importância do jogo.
Com a estrutura tática bem simples, mas definida.
Com Raphinha executando a função que Dorival havia reservado a Neymar.
Rodrygo aberto pela direita.
Vinicius Júnior pela esquerda.
O jovem atacante João Pedro, intimidado pela estreia como titular, pelo meio.
Bruno Guimarães e Gerson buscando começar as jogadas, com uma saída de bola mais consciente.
O lance tolo de Muñoz, derrubando Vinicius Júnior, aos três minutos, desequilibrou psicologicamente a partida.
Raphinha marcou.
E por 15 minutos houve a expectativa de goleada, com a torcida jogando com o time e os colombianos em pane.
Mas, aos poucos, a equipe de Néstor Lorenzo melhorou.

Recuperou a consciência, principalmente, com James Rodríguez, que parecia um cover do jogador que atuou pelo São Paulo.
Assumindo o controle das intermediárias, lutando, dando opções, com inteligência e técnica, para os atacantes.
Arias e Luis Díaz mostravam velocidade, habilidade pelos lados do campo.
Córdoba era um ‘tanque de guerra’ como referência, com força e não habilidade.
Tudo ficou ruim de vez para o Brasil aos 30 minutos.
Quando Gerson deixou o campo contundido.
Joelinton entrou fora de ritmo.
Não marcava, mostrava lentidão e assumia o risco ao sair jogando pelo meio, diante da traiçoeira marcação colombiana.
Aturdido, perdeu a bola, aos 40 minutos do primeiro tempo, na entrada da área.
Luiz Díaz foi cruel e empatou o jogo.
Vaias e palavrões da torcida ao time de Dorival, indo para o vestiário.
No segundo tempo, a Colômbia tratou de trocar passes.
Foi ficando relaxada no jogo.
O Brasil lutava, mas sem consciência, lutando de forma individual.
Não havia movimentação coletiva.
Os colombianos falhavam em não finalizar.
As intermediárias era de domínio tático do time de James Rodríguez.
A tensão era nítida e muito audível no Mané Garrincha.
O time brasileiro adiantou sua marcação e se aproveitou nos minutos finais.
Quando os colombianos mostravam cansaço.
E Vinicius Júnior decidiu chutar da entrada da área, aos 53 minutos do segundo tempo.
Bola desviada em Lerma, 2 a 1 Brasil.
“O gol de hoje é um pouco de alívio e felicidade.
“Que possa ser a mudança de chave”, dizia, forçado pela pergunta do repórter da transmissão para o Brasil.
Resultado importante e obrigatório.

Na terça-feira, o time de Dorival enfrentará a Argentina, em Buenos Aires.
A equipe não terá Bruno Guimarães e Gabriel Magalhães, suspensos.
E Gerson, que deixou a partida chorando, alegando uma contusão muscular, não deverá atuar também.
Na tabela de classificação, o resultado de ontem foi excelente.
Mas o futebol do Brasil, de maneira coletiva, foi inconsistente, perdido.
E absolutamente dependente das jogadas individuais.
Segue pouco demais para a Seleção Brasileira, que Dorival prometeu que vai ganhar a Copa do Mundo de 2026.
Muito pelo contrário.
Traz muita insegurança para o futuro...