Vingança. Palmeiras, com prazer, afunda o Corinthians na crise
Deyverson provocou, ironizou e ainda fez o gol decisivo. O time de Felipão se vingou da final do Paulista. E ainda não teve dois pênaltis marcados
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Vingança.
Esse foi o sentimento que dominou o Palmeiras na vitória sobre o Corinthians.
Não bastasse os dois clubes serem os grandes rivais do futebol de São Paulo, há a final do Campeonato Paulista de 2018, que segue sendo disputada na justiça.
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Os dirigentes palmeirenses querem a anulação do jogo de qualquer maneira.
E Felipão sabe como ninguém ler o sentimento dos palmeirenses.
E tratou de montar seu time para derrotar o rival, usá-lo como trampolim na tabela do Brasileiro, saltar para 46 pontos, terceiro na tabela. Mesmo com só três titulares absolutos: Weverton, Felipe Melo e Dudu. Poupou os oito demais jogadores para a Copa do Brasil.
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Fazer o Corinthians afundar ainda mais na crise que mergulhou. A chegada de Jair Ventura não teve efeito diante do desmanche promovido por Andrés Sanchez, que sabotou o próprio clube. O time despenca, já é o nono no Brasileiro. E vê ameaçados seus caminhos para a Libertadores de 2019. Por conta da venda de seus jogadores para que os salários não atrasem, efeito colateral da dívida de R$ 2 bilhões com o Itaquerão.
A vontade de vencer foi tão grande que acabou até com a expulsão de Luiz Felipe Scolari.
E o Palmeiras ganhou. Por 1 a 0, gol de Deyverson, o personagem do clássico. Além de definir o placar, o atacante provocou os corintianos o 77 minutos que ficou em campo. E quase conseguiu começar uma briga piscando, ironizando o banco de reservas de Jair Ventura, ao ser substituído. Roger comprou a provocação e se não fosse seguro, quem pagou para ver o clássico teria direito a confrontos de MMA.
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Deyverson incendiou a arena palmeirense.
Conseguiu ter todo tipo de emoção de uma vez só. Chorou de alegria com o gol que marcou. Raiva ao chamar os corintianos para a briga. E novamente choro de nervosismo ao tomar diversas broncas dos companheiros de time, do auxiliar Paulo Turra. Para que parasse com a bobagem de querer briga.
Seu descontrole foi tão grande que acabou proibido de dar entrevista após o jogo. A assessoria de imprensa palmeirense tinha muito medo do que ele poderia dizer aos jornalistas.
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E time de Felipão foi prejudicado pela arbitragem. Jean Pierre Gonçalves Lima não marcou dois pênaltis. Em Marcos Rocha, de Henrique e no onipresente Deyverson, de Douglas. Mas não foram necessários. Tamanho o domínio sobre o eterno rival.
O Palmeiras ainda sai fortalecido para o confronto contra o Cruzeiro, quarta-feira, o primeiro jogo pela semifinal da Copa do Brasil. Em compensação, o Corinthians fica ainda mais desanimado para o confronto contra o Flamengo, também pela semifinal da Copa do Brasil.
Resultado da vingança verde.
Felipão fará 70 anos em novembro. Jair Ventura tem 39 anos. O treinador palmeirense poderia ser avô do técnico que fez sua estreia no Corinthians. E usou seus 32 anos de carreira contra os dois do rival. Tratou de fazer com que sua equipe montada principalmente com reservas tratasse de sufocar o rival. Usar todo o clima hostil, de sede de vingança pela decisão do Paulista. E decidiu tratar o grande rival como se fosse uma equipe pequena.
O Palmeiras, com a marcação adiantada, não deixava os corintianos respirarem. Scolari queria 'matar' o jogo logo no princípio. Só que Ventura, apesar de inexperiente perto de Felipão, se especializou em colocar elencos limitados na retranca. Foi assim com o Botafogo e com o Santos.
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Colocou o Corinthians no 4-5-1, superpovoando as intermediárias. E foi por lá que se travou uma batalha incessante no primeiro tempo. Sem grandes chances de gol, mas com o Palmeiras sempre dono da iniciativa. Se a partida terminasse empatada em 0 a 0 seria um resultado sensacional para o estreante.
A única chance real foi verde. Com Deyverson roubando a bola do desatento Douglas e chutando para fora do gol de Cássio. Ou seja, muitas divididas e quase nenhuma emoção.
O Palmeiras se ressentia de maior consciência no meio de campo e jogadas pelas laterais do campo, para destravar a retranca corintiana.
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Felipão mostrou o quanto queria ganhar a partida. Fez uma substituição que não é comum na sua trajetória de vida. No maior clássico de São Paulo trocou um volante defensivo por um com características de meia. Tirou Thiago Santos e fez entrar Moisés.
Jair Ventura não sabia o que fazer. Pedrinho se mostrou imaturo para a importância do jogo e foi engolido pela volúpia palmeirense. Romero era apenas um marcado de laterais. Atuou pela esquerda no primeiro tempo e na direita, no segundo. Roger estava completamente isolado, fora do jogo. Jadson não tinha vitalidade para o jogo de confronto físico proposto por Felipão.
O Palmeiras passou a criar chances efetivas, pressionar com mais objetividade o Corinthians. E teve dois pênaltis não assinalados em sequência. Lances fáceis que o árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima fingiu não perceber. Em duas divididas na área corintiana, Henrique e Douglas chegaram atrasados na bola. E chutaram Deyverson e Marcos Rocha. Penalidades claras e que de forma inacreditável não foram marcadas. Os lances aconteceram aos oito minutos do segundo tempo.
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Mas a justiça chegaria três minutos depois. Marcos Rocha visualizou a movimentação dos ataque palmeirense. Viu Deyverson se deslocar entre a zaga corintiana. E o lateral deu um passe sensacional ao atacante bater forte, de primeira, indefensável para Cássio.
Palmeiras 1 a 0.
A arena verde estremeceu, parecia gol de decisão de campeonato. Tamanho era o ressentimento com o tradicional rival. A tensão ficou perto do insuportável. Felipão se deixou levar e passou a reclamar de cada lance, cobrar, xingar a arbitragem. Ele sabia que dois pênaltis não foram marcados para o seu time. E acabou sendo, merecidamente, expulso.
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Jair tinha a obrigação de mandar o Corinthians para a frente. Mesmo sabendo que tinha um time inferior. Era a força da tradição que o impulsionava, avançando seus jogadores para tentar o empate. Arriscar a sorte em bolas paradas: escanteios e faltas.
Mas ao abrir sua equipe, se expôs ao Palmeiras.
Só não tomou mais gols por sorte.
O lance mais agudo foi um chute de Dudu no travessão.
Deyverson quase provocou briga generalizada entre os dois times.
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Mas foi substituído aos 32 minutos.
E a temperatura diminuiu, mas o Palmeiras seguiu melhor.
Mais organizado, com jogadores melhores e com mais empenho.
Ao final, a desejava vitória.
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Injusta no placar magro de 1 a 0.
Com gosto de vingança.
Inútil, mas é sempre bom derrotar o Corinthians.
E afundá-lo na crise.
Ainda completar nove partidas sem perder, conseguindo arrancada impressionante no Brasileiro.
Desta vez, não valeu a tradição.
O clube que estava pior não usou o clássico para se reabilitar.
Pelo contrário, perdeu e se afundou ainda mais na crise.
Confusão provacada pela incompetência de sua diretoria...
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