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Cosme Rímoli - Blogs

Torcida implorou. Mas Endrick e Estêvão ficaram no banco contra a Colômbia. Por quê? São baixos. E Dorival vai se complicando

Cúpula da CBF levou jogo para Brasília, apostando no apoio total à Seleção. Mas o futebol confuso, sem rumo, fez a torcida vaiar e xingar o time durante vários momentos. E pedir Endrick e Estêvão. Dorival preferiu a altura e ineficiência de João Pedro e Matheus Cunha

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Estêvão e Endrick. Torcida implorou a entrada dos dois, contra a Colômbia. Dorival disse que precisava da altura de João Pedro Cesar Greco/Palmeiras

Nas décadas de 60 e 70, quando prevalecia a ideia de ‘futebol força’, os treinadores tinham uma fixação.

Usar jogadores altos, corpulentos, prontos para se impor aos pontapés, às disputas mais duras.

A inspiração era a Inglaterra, de Alf Ramsey, que venceu a Copa do Mundo de 1966.

Até porque as regras eram mais permissivas.


Só que 59 anos depois tudo mudou.

Menos em alguns conceitos de Dorival Júnior.


O Brasil sofria muito com falta de criatividade, Raphinha estava recolhido, na meia.

Longe dos lados do campo, onde é um dos melhores do mundo.


Vinicius Júnior, de novo, travado, mais parecendo um cover do confiante e talentoso jogador do Real Madrid.

Rodrygo preocupado em não sobrecarregar Gerson e Bruno Guimarães, abria mão do seu potencial ofensivo.

João Pedro, imobilizado, entre os zagueiros.

Travado, intimidado, improdutivo.

A torcida de Brasília, que pagou entre R$ 90,00 e R$ 280,00, estava irritadíssima.

O futebol da Seleção não convencida, diante do ótimo toque de bola e movimentação coordenada da Colômbia.

Das arquibancadas, mais de 70 mil vozes pediam por Endrick e também Estêvão.

Muito mais habilidosos, ágeis e com explosão muscular que João Pedro, que fazia sua estreia como titular.

Eles tinham um pecado mortal para Dorival Júnior.

A altura.

Mas o jogador tem 1,82 m.

Matheus Cunha, que entrou no seu lugar, 1,84 m.

Endrick tem a coragem de só ter 1,73 m.

E Estêvão, 1,76 m...

Como poderiam sonhar em acreditar que só o talento especial da dupla serviria?

E por isso não jogaram um minuto sequer, mesmo com o Brasil muito mal, vaiado contra a Colômbia.

Dorival Júnior admira a altura de João Pedro. Recurso pobre para escalar uma equipe gigante como a Seleção Brasileira CBF

“Eu entendo [o pedido do torcedor], mas não podia abrir mão de mais um jogador na área por causa do jogo aéreo. No fim, optamos por um terceiro homem, nunca fazemos isso. Porque a jogada fluiria assim no fim, com a bola alçada. Apenas isso.”

Essa foi a resposta de Dorival Júnior.

Mas o surreal é que nem João Pedro e Matheus Cunha conseguiram cabecear uma bola sequer para o gol colombiano.

Nem ajeitar aos companheiros.

De que adiantou essa altura a mais?

A declaração de Dorival Júnior repercutiu em todas as mídias brasileiras.

Apesar da vitória diante da Colômbia, por 2 a 1, em um gol ‘do acaso’, chute de Vinicius Júnior desviou em Lerma, aos 53 minutos do segundo tempo, o clima no vestiário para o treinador era quase de derrota.

Ele teve de enfrentar muita cobrança, pelo fraco futebol coletivo.

E a dependência de jogadas individuais.

Mas sua fala sobre a altura de João Pedro e Matheus Cunha causou espanto generalizado.

Até porque eles nunca foram exímios cabeceadores.

Endrick tem se aprimorado nas mãos de Carlo Ancelotti.

A ponto de quebrar outra promessa de Dorival, de não convocar reservas, situação do ex-jogador palmeirense no Real Madrid.

Além de ter muito mais recurso técnico que João Pedro e Matheus Cunha juntos, o jovem atacante nasceu em Taquatinga, 17 quilômetros de Brasília, onde acontecia a partida.

Mas ele era baixo, para Dorival.

Assim como Estêvão, que vive a sua melhor fase da carreira, no Palmeiras.

Apesar de apenas 17 anos, é a maior esperança do time de Abel Ferreira até ir embora para o Chelsea, depois do Super Mundial.

Se Dorival não quisesse os dois, por quê não começar com Savinho?

O atacante do Manchester City tem apenas 1m76.

Ele entrou apenas aos 32 minutos do segundo tempo.

No lugar de outro baixinho, Rodrygo, de 1m74.

Com a escalação sendo definida por altura, o Brasil volta quase 60 anos atrás.

Exemplos de seleções vencedoras?

A do Brasil, de 1970.

A da Espanha, de 2010.

Sim, havia jogadores fabulosos.

Mas a movimentação dos ‘baixinhos’ é que importa.

A maneira de o time atuar.

Sem depender de cruzamentos aleatórios.

Seleção da Espanha. Talentosa e a bola corria no gramado. Não dependia de cruzamentos aleatórios Reprodução/Instagram

Mas tinham esquemas táticos definidos, revolucionários até.

Isso depende do treinador.

Colocar um ‘gigante’ esperando cabecear uma bola é fácil.

E recurso muito pobre...

É ótimo ter jogadores altos, cabeceadores.

Mas que desempenhem em campo, sejam úteis ao time.

Dorival, em nome da altura, desperdiça o potencial de Endrick e Estêvão.

João Pedro e Matheus Cunha atuam em duas equipes pequenas inglesas.

Wolverhampton e Brighton.

Real Madrid e Chelsea investiram em Endrick e Estêvão.

Por que será?

Estes gigantes europeus não têm fitas métricas?

A situação de Dorival Júnior se complica.

Ele vai perdendo cada vez mais apoio na CBF...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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