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Cosme Rímoli - Blogs

‘Salvei o Marcelinho Carioca. O Rincón o levantou pelo pescoço. Eu só via as perninhas balançando.’ ‘Posei nu e ganhei mais que três salários do Corinthians.’ Vampeta

Entrevista exclusiva com Vampeta. Inúmeras revelações do jogador mais polêmico da história do futebol brasileiro

Cosme Rímoli|Cosme RímoliOpens in new window

'O Marcos me agradeceu por ele ter defendido meu pênalti na Libertadores contra o Palmeiras. Teve o troco', Vampeta Reprodução/Instagram Marcos

Marcos André Batista Santos poucos conhecem.

Mas basta citar o cruel apelido ‘Vampeta’ e a idolatria aparece. Ele chegou mais cedo para a entrevista, foi almoçar ao lado do estúdio. E o dono do restaurante não quis receber seu dinheiro. E ainda agradeceu por ele ter aparecido.

“Sou muito feliz, onde quer que eu vá é assim. Nem sei o que fiz para merecer tanto carinho. É de palmeirense, são-paulino, santista. Nem parece que fui jogador do Corinthians. Aliás, fui feito para o Corinthians!“

Aos 51 anos, o carisma segue o mesmo. O personagem e o homem já nasceram misturados, com o melhor e o pior de cada um.


A mente afiada. E o bom humor inerente transformam até histórias tristes, dificuldades que passou na vida, objetos de riso solto. Choro e lamentações não fazem parte de sua vida. Longe do lado jocoso, que faz questão de cultivar, Vampeta foi um jogador especial, inteligente, com visão tática diferenciada. Não ganhou 14 títulos por acaso. Entre eles, o pentacampeonato mundial, com a Seleção Brasileira. E o Mundial de Clubes, com o Corinthians.

‘Joguei 13 partidas das Eliminatórias como titular. Chega na Copa, o Felipão muda o esquema. E sobra para mim, que acabei no banco. Joguei alguns minutos contra a Turquia. Estava no meu auge, mas o Brasil ganhou, está tudo certo. Sou pentacampeão do mundo.


’’Eu fiz o meu destino. Era filho de um caminhoneiro e de uma dona de casa do interior da Bahia. Vi um anúncio na tevê, em Nazaré das Farinhas, cidade próxima a Salvador. O Vitória estava fazendo uma ‘peneira’. Decidi ir. Fui sozinho, passei. Mudei minha vida.

Como não tinha os dois dentes da frente, os colegas de time o apelidaram de Vampeta, terrível junção de ‘Vampiro’ com ‘Capeta’. Lógico que ele não gostou. Foi aí que o apelido pegou para o resto da vida.


Conviveu com cobras e ratos no alojamento precário dos garotos do Vitória, que ficava ao lado de um gigantesco depósito de lixo.

Foi o primeiro jogador do Nordeste a ser vendido para a Europa, quando a lei do Velho Continente só permitia três atletas.

‘Na Holanda eram só dois. Fui para o lugar do Romário.’

Sua carreira e vida não dariam um filme. Mas uma série com inúmeros capítulos. O documentário sairá, com certeza.

Vampeta é muito requisitado.

Para entrevistá-lo, a insistência de mais de um ano. Porque viveu inúmeras situações que, contadas por ele, lembrando Ariano Suassuna, deixa o real em surreal.

Como descer a rampa do Planalto, bêbado, com a camisa do Corinthians, ‘roubando’ a festa do pentacampeonato, diante do atônito presidente da República, Fernando Henrique.

Também foi o primeiro jogador de futebol a posar nu no Brasil.

’Me deram três salários que recebia no Corinthians, topei na hora. O Luxemburgo ficou louco. Foi a revista que mais vendeu na história. Como a gente seguiu ganhando e eu jogando bem, ninguém pegou no meu pé.’

Revela que a publicação trouxe sucesso com as mulheres. ‘Até hoje colho os frutos.’

Esteve no time histórico que ganhou dois Brasileiros e o título mundial.’

‘Era muito futebol e muita confusão. Rincón, Marcelinho, Edílson, Luizão, Dida, Ricardinho, Vanderlei Luxemburgo. Foi tudo especial. Até as tretas. Nosso vestiário era bravo...’

Ele contou algumas situações inacreditáveis na entrevista. Explicou a famosa frase que cunhou no Flamengo. ‘Eles fingem que me pagam. Eu finjo que jogo.’

Relembra que ficou cinco meses sem receber na Gávea. E depois teve de andar com segurança, com medo dos torcedores flamenguistas.

Vampeta viveu alegrias de conquistas, mas as dores do rebaixamento com o Corinthians e o Brasiliense.

’Cosme, o jogador sente quando está em um time que vai cair. E você pode fazer de tudo, que não tem jeito. É difícil, dói...”

Foi preso no Kwait por desafiar a religião muçulmana, que proíbe bebidas alcoólicas.

‘Fui fabricar vinho na minha casa. Fui pego. Passei mais de 30 horas na cadeia. De raiva, fiz umas 50 garrafas e saí distribuindo.’

Restaurou o único cinema de Nazaré das Farinhas, como retribuição à cidade que nasceu.

‘Com dinheiro meu, sem ajuda de governo nenhum’, enfatiza.

Trabalha há 14 anos na rádio Jovem Pan. Recusou convite da Band para substituir Denilson.

‘Me sinto em casa e tenho liberdade na Pan. Viajo por todo o mundo, convidado para jogos de exibição.’

O futebol mudou completamente minha vida. ’Vivo como quero, cercado de amigos de verdade.

‘Sou feliz. Mas corri atrás. Quem quiser ser também, que acredite também.’

‘Faça sua história.

Eu fiz a minha.’

E como fez...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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